Por Alexandre Aragão
Novo campo de batalha, território virtual já possui estratégias estabelecidas e apresenta riscos reais; conheça as defesas do Brasil
Setembro de 2007, Síria. Caças de Israel rasgam o céu do deserto, bombardeiam a usina nuclear de Al Kibar e a deixam em ruínas. A bateria antiaérea estava desativada: os computadores que rastreavam a área foram contaminados por um vírus israelense.
A Operação Orchard, como a manobra ficou conhecida, fez uso de um ciberataque e ocorreu graças a uma prova obtida via espionagem cibernética –um comissário sírio teve seu notebook hackeado pelo serviço secreto de Israel.
Esse tipo de invasão, pelo ciberespaço, gerou debate acerca de guerra em um “quinto domínio”, afora terra, mar, ar e espaço sideral.
No mês passado, a Europa realizou seu maior exercício de defesa cibernética. A agência de segurança na rede do continente coordenou 200 órgãos de 29 países, o que dá a dimensão da importância que a ciberdefesa possui hoje.
“Apesar de ter sido criado pelo homem, o ciberespaço se tornou um domínio tão crítico para operações militares quanto terra, mar, ar e espaço sideral”, escreveu William Lynn, então secretário-adjunto de Defesa dos EUA, em artigo na edição de setembro de 2010 da revista “Foreign Affairs”. A partir dali, o Pentágono reconheceu o ciberespaço como área de combate.
Não foi surpresa. Em 2005, os EUA protagonizaram, com a ajuda de Israel, o maior ataque cibernético conhecido.
A partir de uma entrada USB de um notebook conectado ao sistema da usina nuclear de Natanz, no Irã, infectaram centrífugas e fizeram com que os equipamentos funcionassem de maneira errada, mas sem dar sinal do problema aos operadores. Batizado de Operação Jogos Olímpicos, o ataque ficou famoso pelo nome Stuxnet.
VIDA REAL
Com boa parte dos sistemas atrelados a PCs, países inteiros podem ter o fornecimento de energia ou a comunicação cortados por códigos maliciosos. Atualmente, a maior parte dos ataques visa a espionagem e sabotagem, sem vítimas fatais.
A despeito do potencial do combate cibernético, ainda não há definições consensuais sobre termos centrais.
O professor Thomas Rid, do departamento de estudos de guerra do King”s College em Londres, busca uma definição científica para “ciberarma” em seu livro “Cyber War Will Not Take Place” (“A Ciberguerra Não Acontecerá”).
Escreve o autor que toda ciberarma trata-se de “código de computador usado, ou desenvolvido para ser usado, com o objetivo de ameaçar ou causar dano físico, funcional ou mental a estruturas, sistemas ou seres vivos”.
Ele é o principal crítico do termo “ciberguerra”, como aponta o título de seu livro.
ESTRATÉGIA
Mas, afinal, no ciberespaço vale mais a pena atacar ou defender-se de ofensivas? “Os ciberataques que são realmente perigosos requerem muita expertise para serem executados”, escrevem Peter Singer e Allan Friedman, autores de “Cybersecurity and Cyberwar” (“Cibersegurança e Ciberguerra”). Ter uma defesa sólida, argumentam, é muito mais vantajoso. Existem cerca de 20 países trabalhando para isso, estima relatório da empresa de segurança eletrônica McAfee.
O Brasil é um deles, mas a maioria, entretanto, não fala sobre seus programas voltados a defesa no ciberespaço. “É completamente hipócrita”, dispara a pesquisadora Camille François, da Universidade Harvard, que esteve em São Paulo em evento de governança da rede. “[Ciberguerra] é uma realidade no dia a dia do ciberespaço.”
FONTE: Estado de São Paulo
O Stuxnet Israelense teve a capacidade de reprogramar os CLP´s (Controladores Lógico Programáveis) das ultra-centrífugas de enriquecimento de urânio Iranianas para que as máquinas fizessem o seu processo de forma errada, o vírus agia como um by-pass a todos os alarmes de trip, desarmes e intertravamento da máquina para que as mesmas se auto destruíssem, tudo isso sem dar um alerta ao operador !