Por William Yang
A Força Aérea de Taiwan se esforçou para alertar nove aeronaves militares chinesas que entraram em sua zona de defesa aérea (ADIZ) poucas horas depois que a Rússia invadiu a Ucrânia, com Taipei temendo que a crise pudesse encorajar Pequim a aumentar a pressão ou até mesmo atacar a ilha.
A China, que reivindica o autogoverno de Taiwan como seu próprio território, intensificou uma campanha de intimidação militar contra a ilha nos últimos anos e voa regularmente com caças em ADIZ.
O Ministério da Defesa disse que a última missão envolveu oito caças chineses J-16 e uma aeronave de reconhecimento Y-8 e que, em resposta, caças taiwaneses foram enviados para alertar as aeronaves chinesas e mísseis de defesa aérea foram implantados para “monitorar as atividades”.
As incursões da China geralmente coincidem com visitas estrangeiras de alto nível ou ocasiões importantes em Taiwan, e o incidente de quinta-feira ocorreu após a invasão total da Ucrânia pela Rússia por terra, ar e mar.
O governo criou no mês passado um grupo de trabalho na Ucrânia sob o Conselho de Segurança Nacional, e a presidente Tsai Ing-wen disse na quarta-feira que Taiwan deve aumentar sua vigilância e alerta sobre as atividades militares na região, embora ela não tenha mencionado diretamente a China.
Embora Taiwan tenha dito que a situação da região é “fundamentalmente diferente” da Ucrânia, Tsai expressou “empatia” por Kiev por causa da ameaça militar que Pequim pode representar para Taipei.
Ma Xiaoguang, porta-voz do Escritório de Assuntos de Taiwan da China, disse na quarta-feira que o governo de Taiwan, em conjunto com o Ocidente, está usando a Ucrânia para “animar maliciosamente” ameaças militares e estimular o sentimento anti-China.
Especialistas alertaram anteriormente que, com a frequência das incursões na “zona cinzenta” da China continuando a aumentar, as capacidades da força aérea de Taiwan enfrentam o risco de serem esticadas demais.
Em um relatório divulgado por seu Ministério da Defesa Nacional em setembro passado, Taiwan acusou a China de tentar assumir o controle da ilha desgastando suas capacidades militares e influenciando a opinião pública.
O relatório disse que 554 incursões de diferentes tipos de aeronaves militares chinesas ocorreram no ADIZ de Taiwan entre setembro de 2020 e agosto do ano passado.
Taiwan, que rejeita as reivindicações de soberania de Pequim, vive sob a ameaça de invasão chinesa desde que o governo derrotado da República da China fugiu para a ilha em 1949, depois de perder uma guerra civil para os comunistas. A China não descartou a possibilidade de uma incursão militar em Taiwan.
Falando na Conferência de Segurança de Munique no sábado, o primeiro-ministro britânico Boris Johnson disse que se as nações ocidentais não cumprirem suas promessas de apoiar a independência da Ucrânia, isso terá consequências prejudiciais em todo o mundo, inclusive para Taiwan.
TRADUÇÃO E ADAPTAÇÃO: DAN
FONTE: Independent