Durante o Salão Aeronáutico Hidroaviasalon 2014, realizado na cidade de Gelendjhik, a Rússia mostrou ao público novas aeronaves que possuem capacidade anfíbia e não têm modelos análogos no mundo.
O Hidroaviasalon é bem peculiar: poucos salões aeronáuticos oferecem aos expectadores a oportunidade de assistir enormes hidroaviões saírem de pavilhões e mergulharem diretamente no Mar Negro para alçar um voo eletrizante.
A Rússia é líder inconteste na produção de aviões anfíbios, e a Gazeta Russa escolheu os três melhores exemplares de uma ampla gama de aeronaves apresentadas no evento.
Beriev Be-200
As aparências deste verdadeiro navio voador enganam: o Be-200 é capaz de decolar e pousar tanto na água como em pistas terrestres com a mesma desenvoltura. Isso se deve principalmente à parte inferior de sua fuselagem, que utiliza conceitos hidrodinâmicos iguais aos de embarcações de alto desempenho, e à posição elevada de seus motores, para que a operação aquática não interfira no funcionamento das turbinas.
O projeto do Be-200 remonta a era soviética, quando a Marinha buscava uma aeronave anfíbia de resgate. Hoje, ele é usado principalmente pelos bombeiros para combater vários tipos de incêndios. A aeronave é capaz de captar em alguns segundos, durante a corrida do pouso, 12 mil litros de água para serem despejados em incêndios.
O Be-200 é utilizado principalmente pelo Ministério para Situações de Emergência da Rússia. Sua aquisição se deu durante a administração de Serguêi Shoigu, que agora é ministro da Defesa. Tendo em vista a simpatia do ministro, a empresa KB Beriev, desenvolvedora da aeronave, espera que ela seja também adotada pelas Forças Armadas. Desde o início do projeto, as capacidades militares foram levadas em conta, principalmente a de transporte e antisubmarina.
Ekranoplano Orion -14
Os ekranoplanos são sem dúvida um dos destaques da indústria aeronáutica russa. De definição difícil, são veículos híbridos que possuem características tanto de navios quanto de aviões. Das embarcações navais, os ekranoplanos herdaram a enorme capacidade de transporte e dos aviões herdaram a capacidade de voar.
O voo dos ekranoplanos é baseado nos estudos desenvolvidos há 50 anos pelo acadêmico russo Rotislav Alekséiev. A fuselagem dos ekranoplanos, que parecem com grandes aviões de passageiro, utilizam o “efeito solo” para criar um bolsão de ar debaixo da embarcação, elevando-a a altitudes de três a quatro metros durante o voo. Com isso, um ekranoplano de várias toneladas consegue atingir uma velocidade de centenas de quilômetros por hora. Devido às suas peculiaridades, a utilização dos ekranoplanos é menos danosa ao meio-ambiente. Diferentemente dos navios, os ekranoplanos na maior parte do tempo não tocam na água e, portanto, não criam distúrbios à vida marinha. Além disso, são capazes de voar sobre o gelo ou a tundra.
Os soviéticos usaram tais aeronaves exclusivamente para propósitos militares. O alto comando da marinha russa pretendia quebrar o tempo de reação da utilização dos grandes porta-aviões da marinha norte-americana. Os principais projetos da época eram o Orlenok, desenvolvido para transporte de fuzileiros, e o Lun, para ataque antinavio, capazes de alcançar velocidades de até 500 km/h. Para efeito de comparação, os super porta-aviões americanos são capazes de alcançar picos de velocidades de no máximo 70 km/h. Atualmente, no entanto, os ekranoplanos são usados para finalidades civis.
O Orion-14 foi mostrado ao público pela primeira vez durante o Hidroaviasalon. Seu projeto ocorreu no âmbito do programa de desenvolvimento da construção naval civil, no período 2009-2016. Seu design levou em consideração as mais modernas tecnologias, modernos elementos de transmissão e equipamentos de aviação de última geração. As capacidades de operação do Orion-14 foram ampliadas e agora o ekranoplano pode voar no inverno (com condições de gelo de até 50 cm) e durante o verão, sobre a lama gelada da taiga. Dessa forma, há um mercado promissor nas áreas remotas do Extremo Norte e Extremo Oriente russos.
Veículo aéreo não-tripulado (UAV) Chirok
O Hidroaviasalon também foi destaque no setor de aeronaves não-tripuladas. A maior novidade deste ano foi o UAV anfíbio Chirok, desenvolvido pelo Instituto de Engenharia Radiotécnica de Moscou (MNIRTI). Com capacidades parecidas com as dos ekranoplanos, o UAV russo é capaz de decolar em 25 metros a partir de pistas terrestres e aquáticas.
O diretor do MNIRTI, Iúri Nevzorov, relatou que o avião tem dez metros de envergadura e capacidade de transportar até 750 kg de carga. A elevada capacidade de carga se deve ao formato não convencional do UAV, conhecido como “asa voadora”. O executivo afirmou também que o instituto já está projetando uma variante pilotada para transporte de passageiros, com capacidade para até 12 pessoas ou duas toneladas de carga.
FONTE: Gazeta Russa
Pelo que li, posso estar enganado, jai tivemos hidroavioes e depois de aposentados, nunca mais o brasil teve tal equipamento, mais sou a favor de pelo menos 3 unidades para a amazonia como civil/militar de transporte e 1 unidade somente militar que atenderia tanto a marinha como aeronaltica
Tivemos os valentes Catalinas e o Albatróz, que muito serviram, principalmente na Amazônia, acho que é uma lacuna a ser preenchida
Me fez lembrar do “Monstro do Mar Cáspio” ! O MD-160 (Lun Class) que era impulsionado por oito motores a jato, quatro de cada lado e contava com seis lançadores de mísseis anti navio em cima de sua fuselagem !!!
Sou suspeito apara falar dos hidroaviões como o Beriev Be-200, faça campanha para adquirirmos há tem alguns séculos .
O Brasil necessita de alguns desses ai. Um mercado para Embraer entrar para poder vender esses tipos de aviões para a FAB.. Pois a nossa Amazônia e no Pantanal necessita de aviões desse tipo!!!
Ekranoplanos são basicamente aviões com motores menos potentes, que não consegue imprimir uma velocidade suficiente para que eles alcem voo além do “efeito solo”.
Só como exemplo, o peso máximo de decolagem de um C-130 pode chegar a 80t. Se ele ficasse só sobre o efeito solo poderia decolar com 100 ou mais toneladas.
Tecnicamente qualquer ekranoplano pode voar como um avião se tivesse motores suficientemente potente para voar mais alto, e provavelmente podem fazê-lo com um peso de decolagem bem menor que o peso máximo.
Agora, como não são previstos para voarem alto, são otimizados para voarem só a poucos metros do nível do “mar” (ou de qualquer superfície suficientemente plana) e aproveitar ao máximo o efeito solo, o que os deixam com uma aparência distinta dos aviões convencionais.
A grande vantagem deles será relativa ao transporte de grande quantidade de carga. Vislumbra-se ekranoplanos com capacidade de transportar centenas ou até milhares de toneladas.
Quanto aos aviões anfíbios, como esse Be-200, os russos estão de parabéns e nisso mostram uma expertise impar, sem paralelo no Ocidente.
Acho que esse tipo de transporte poderia ser mais explorado, inclusive no Brasil, com nossa imensa costa. Seria interessante ver o transporte aéreo menos dependente de aeroportos e algumas cidades costeiras poderiam se beneficiar com a utilização de avões anfíbios a jato já que o embarque e desembarque poderia estar ao lado de grandes centros urbanos.
Mas isso provavelmente não vai acontecer tendo em vista que há um outro ramo da tecnologia, o VTOL, que possibilitará no futuro a aviões civis de grande porte pousarem no centro das cidades.
Sonhar não paga imposto (ainda).
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