Por João José Oliveira De São Paulo
A Saab mantém conversas com o governo brasileiro para ampliar a venda de caças Gripen, disse o presidente mundial da empresa sueca de defesa e segurança, Hakan Buskhe. “Sabemos o estágio em que se encontra a frota [militar] do Brasil e estamos discutindo possibilidade de ir adiante em nosso contrato. Acreditamos que frotas de um único modelo permitem ganhos de eficiência. Mas primeiro temos de entregar [os primeiros modelos] e provar que nosso modelo é o melhor”, disse Buskhe ao Valor, em entrevista exclusiva em São Paulo, antes de participar da inauguração, em Gavião Peixoto (SP), do centro de desenvolvimento e pesquisa, onde engenheiros da Saab e da Embraer vão trabalhar no projeto Gripen.
O governo brasileiro tem uma encomenda de 36 jatos Gripen, no valor de US$ 4,7 bilhões. A primeira aeronave será entregue em 2019. São 22 aviões de um lugar e oito unidades com dois lugares.
Parte desses caça será construída no Brasil, em um acordo por meio do qual 75% da tecnologia será transferida para a Embraer, parceira líder do programa no Brasil, e mais outras seis fornecedoras. “O Brasil não está comprando caças militares, mas tecnologia”, disse o presidente da Saab, que ganhou uma concorrência do governo brasileiro que durou mais de uma década.
O executivo disse estar ciente da demanda reprimida no Brasil por mais aviões militares. O país tem 53 jatos AMX A-1, de fabricação brasileira pela Embraer, linha que está desativada, e mais 49 americanos F-5. A Saab avalia então um mercado potencial para vender mais 102 caças, mas considera factíveis negociar encomendas para dois novos lotes de 36 unidades.
“Não é algo para decidir nos próximos meses, mas está em discussão”, disse Buskhe.
Perguntado se temia ter o cronograma de investimentos no programa Gripen afetado pela atual crise econômica brasileira e conjuntura fiscal deficitária do governo do presidente Michel Temer, o executivo respondeu com um alto e curto “não!”.
“O cronograma está dentro do programado. Todo o financiamento é feito por bancos suecos”, disse, sobre o pagamento que tem carência até 2024. O presidente da Saab admite que o Brasil vive “um momento difícil”, mas aponta que ciclos são “parte da economia e da democracia”.
Buskhe afirma que a empresa está no Brasil por muitas décadas por vir. “O Brasil é nossa plataforma na América Latina de onde vamos conquistar novos negócios e contratos”, afirmou.
Projeções feitas pela Saab estimam que a América Latina vai necessitar de cerca de 200 jatos nos próximos dez anos, sendo que metade dessas encomendas deverão vir do Brasil, incluindo nessa conta os 36 Gripen já negociados – a maior encomenda individual da Saab atualmente.
Além do potencial mercado de caças, em que disputa encomendas com fabricantes como Boeing Defense, o presidente da Saab diz que a empresa tem outros potenciais clientes no Brasil no segmento de aeroportos.
A empresa assinou este ano com a concessionária do aeroporto do Galeão, no Rio, o fornecimento do sistema de gestão de tráfego terrestre, para controle de aeronaves e veículos em solo. “Estamos negociando com outras concessionárias, mas não temos nada assinado”, disse o presidente da Saab.
Novamente, a conjuntura adversa se torna um elemento de incerteza, uma vez que as concessionárias privadas dos aeroportos, a do Galeão entre elas, enfrentam dificuldade para cumprir o pagamento das parcelas das outorgas da concessão pública.
“Não tivemos problemas até agora”, disse o presidente da Saab sobre o acordo com o Galeão. “O Brasil ainda vai precisar de muito investimento em infraestrutura nos próximos anos, independentemente da conjuntura de crise atual”, afirmou Buskhe.
Já no mundo, a demanda por armamentos, produtos e serviços de Defesa & Segurança vai aumentar nos próximos anos porque as tensões geopolíticas estão crescendo em vez de diminuir. Isso vai sustentar um incremento de pelos menos 5% nas vendas orgânicas da Saab.
“Eu queria um mundo em que os líderes tivessem mais diálogos. Eu preferiria isso a vender mais. Mas infelizmente não é essa a tendência que vemos hoje”, disse Buskhe. O executivo cita como exemplos que sustentam mais compras militares por governos as tensões na Síria, na Ucrânia, no mar da China e na Ásia, além das preocupações levantadas pelo terrorismo no Oriente Médio e África.
O executivo pondera que as tensões na América do Sul são menores se comparadas às existentes em outras partes do mundo. Mas ele admitiu que eventos como a votação contrária da população colombiana ao acordo de paz entre o governo da Colômbia e as Farc servem para sugerir que há pontos de estresse na região, também caracterizada por grandes áreas de fronteiras secas em áreas remotas e de difícil vigilância.
FONTE: Valor Econômico
Sorte nossa ter tal presidente para reformular e substituir o programa FX pelo FX2.
Foi política, simplesmente política. Ele nem nenhum político sabe das necessidades de nossas FFAAs. Como os 3 eram finalistas e a tendência pro França pela “disponibilidade” no PROSUB ele até que tinha razão. Agora outra decisão política iria nos levar aos yanques com Dilma e se não fosse Snowden seria esta a aeronave. Ainda bem que no final, por causalidade foi o Grifo. Qual seria a aeronave se fosse o mordomo a escolher?
R: F18 direto do deserto do Arizona.
HMS,
O Rafale, aquilo foi mais um deslize do governante na época estimulado por algumas garrafas de vinho ou champanhe francês do que de fato uma escolha. rsrsrs
Jarbas,
Sei dessas qualidades do Gripen, porém imagina a logística necessária para isso… Enviar caminhões com armamentos e pessoas para rodovias para fazer tal recarregamento não me parece ser algo tão ágil, bom mesmo seria aproveitar a capacidade de reabastecimento em voo em conjunto com os futuros KC-390 e distribuir algumas unidades de Gripen em bases aéreas que possam cobrir todo território nacional e um pouco além dele. Ficar dependente de um só vetor também não me parece muito coerente, sabemos que grandes forças aéreas possuem um número de vetores tanto de grande, quanto de menor capacidade.
Uma coisa eu posso dizer com a mais absoluta certeza: em termos de benefícios, especialmente tecnológicos e industriais, o Gripen NG é muitíssimo melhor que a escolha “político-etílica” do dia 07/09/2009 (alguém se lembra qual foi?)
Gente não a necessidade alguma de outro tipo de casa bi-turbinas,vcs sabiam que o gripen pode pousar até em uma estrada reabastecer e rearmar em pouco tempo? E um míssil de longo alcance que o Brasil está desenvolvendo resolve o restante do problema,de resto ganga na economia e praticidade.
E respondendo à outra pergunta,nao ah outra empresa se não a Embraer para fazer uma parceria desta envergadura por isso qualquer uma ganhadora sempre teria que ser ela mesmo.
Melhor uma nega Embraer para fazer frente a Europa e USA que empresas pequenas e só ficar com o resto ou contratos pequenas e com pouca tecnologia.
Junior, o Gripen NG era o caça de maior capacidade entre os finalistas. Maior alcance, maior velocidade e capacidade de supercruzeiro. Além disso, a Saab apresentou a melhor proposta. O que você considera “um outro com mais capacidade”? Um caça maior?
Verdade o Brasil deveria alem dos Gripens ter um outro com mais capacidade!!!
Ainda que mais dois lotes sejam contratados – algo que realmente deve se concretizar, pois não faria sentido algum termos aeronaves defasadas, com uma unidade de produção em nosso território, 102 unidades são pouco para repôr a frota de caças, sendo que esse número não deve ser alcançado antes de 2030 de acordo com os prazos já definidos para a entrega do Gripen de nro. 36 (na verdade a assinatura para novos lotes já deveria estar sendo encaminhada antes da primeira entrega para que esse tempo fosse minimizado e tivéssemos mais do que 36 Gripens em 2024). E também lembremos que tal decisão foi tomada com a baixa dos 12 Mirage 2000 em Anápolis que seriam de supremacia aérea, em tese tal base deveria ter os caças mais capazes de todo país, por isso ainda penso um caça bi-turbina com maior alcance fazendo parte da FAB.
Ops! 22 monopostos e 8 bipostos perfazem 30, não são 36 caças?
Há algo que até hoje não entendi sobre o “projeto F-X / F-X2”: Por que na primeira “edição”, o F-X, havia empresas brasileiras fazendo parte da concorrência com seus respectivos parceiros estrangeiros (fabricantes das aeronaves) e no F-X2 a EMBRAER foi definida desde de o início (aparentemente sem licitação entre as brasileiras) como a empresa brasileira participante quem quer que fosse o vencedor da concorrência?
Se alguém souber explicar, agradeço.