A Saab está considerando um plano para desenvolver uma versão não-tripulada de sua próxima geração de caças multimissão, o Gripen E, visando ganhar uma série de encomendas internacionais de cerca de 300 aeronaves da versão tripulada do Gripen E, nos próximos 20 anos.
“Temos a expectativa de produzir um grande número de aeronaves não tripuladas no futuro. No entanto, os militares não podem arcar com as duas versões (tripulados e não tripulados)”, disse o CEO da Saab, Håkan Buskhe. “Trata-se de encontrar soluções de baixo custo para definir se um avião vai voar com ou sem piloto em várias missões. Isto significaboas oportunidades para o desenvolvimento do Gripen no futuro”.
A Saab também está confiante de que pode encontrar lucrativos mercados de exportação da versão terrestre e naval do sistema aéreo não tripulado Skeldar V-200, que está sendo desenvolvido como uma aeronave multimissão com capacidade de incorporar diversos tipos de motores alternativos, com um design modular de carga útil e uma capacidade de utilizar uma gama de sistemas de data link.
Buskhe disse que a Saab continua confiante de que a Suíça vai ratificar a compra de 22 Gripen-E, apesar da oposição ao projeto entre os partidos políticos no país.
A empresa também está otimista, disse Buskhe, de que vai gerar mais vendas de exportação da aeronave multimissão Gripen C nos próximos anos.
“É inteiramente possível que possamos garantir novas encomendas para o Gripen E antes do final desta década”, completou Buskhe. “Esperamos também vender o Gripen C durante este período.”
A compra pela Suíça, avaliada em US$ 3,3 bilhões, é crucial para o bom desenvolvimento do Gripen E, disse Peter Hultqvist, presidente da Comissão Parlamentar de defesa da Suécia.
“Na situação actual, o governo suíço está comprometido com a aquisição do Gripen E, mas há uma falta de consenso político para a compra dentro das duas câmaras do Parlamento suíço. As principais questões em disputa são de custo, tipo de aeronave e de financiamento para a compra. Há ainda as chamadas para um referendo, em 2014, para decidir a questão”, disse Hultqvist.
O governo suíço está trabalhando em um plano para substituir seus antigos caças Northrop F-5E/F Tiger em 2017. As entregas dos novos caças é definida para começar em 2018.
É muito pouco provável que o governo sueco cancele a sua ordem de compra de 60 aeronaves com a Saab, dada a longa tradição e profundo apoio político para a indústria de defesa do país, disse o analista Lucas Peeters.
“O governo sueco tem uma enorme participação no desenvolvimento do Gripen E. Ele já investiu quase US$ 2 bilhões no desenvolvimento de várias etapas até agora e não vai querer ver o projeto fracassar”, disse Peeters. “E nem quer que a Suécia perca o valioso conhecimento do design, tecnologias de produção, habilidades e as oportunidades d geração de empregos na industria que vêm com projetos como esses”.
“A Saab garantiu ao governo que ela pode produzir o Gripen-E por um custo unitário menor do que o do Gripen C. Este compromisso de manter os custos sob controle devem fazer com que a aeronave não tenha apenas custos mais eficientes, mas também melhores condições de exportação quando se está comparando caças com custos muito mais altos”, disse Peeters.
A Direção estratégica da Saab, em relação ao desenvolvimento do Gripen E, bem como o potencial de utilização das tecnologias para produzir uma versão não tripulada, será mapeada por Buskhe durante a Paris Air Show, disse o porta-voz da Saab, Sebastian Carlsson.
“Este é um momento muito interessante para a Saab, e tanto o Gripen E quanto a versão do Gripen não tripulados, são parte do processo de desenvolvimento global”, disse Carlsson.
O apoio do Estado, o sucesso na exportação, tecnologia de ponta e experiência, juntamente com a produção de sistemas militares para reforçar a capacidade de defesa nacional, têm sido os pilares da base de política industrial de defesa da Suécia, disse Allan Widman, porta-voz do Partido Liberal.
“O importante é que a Suécia desenvolve o Gripen E que é exportável, e que não corre o risco de drenagem de recursos para longe das áreas centrais da nossa defesa”, disse Widman. “Nós ainda precisamos de verbas para veículos de combate, navios de guerra, sistemas de artilharia e bases militares. Nós também precisamos ver um maior nível de gastos em defesa. Caso contrário, corremos o risco de ter o foco no financiamento do programa Gripen E”.
O sucesso do programa da Saab Gripen E poderia ser impulsionado de forma significativa, se a empresa conseguir encontrar outros clientes para a aeronave além de Suíça, disse Peeters.
“A Saab está olhando globalmente para os clientes, e tem uma chance real de obter encomendas em países como a Índia e o Brasil. Ela está investindo muito mais recursos na comercialização dos seus produtos na América do Sul e Ásia. Isso poderia levar a um retorno”, disse Peeters.
O financiamento para o programa Gripen E foi reforçado em fevereiro, quando a empresa recebeu verbas de desenvolvimento, totalizando US$ 1,64 bilhões da FMV. O financiamento abrange o desenvolvimento do Gripen E entre 2015-2023, incluindo a adaptação de equipamentos, simuladores e equipamentos de teste e experimentação.
O valor total do acordo de desenvolvimento do Gripen E com a FMV é de US$ 7,3 bilhões, dos quais US$ 2 bilhões já foram recebidos e o restante do acordo deve continuar até o final de 2014.
Outros segmentos do acordo de financiamento da Saab com FMV inclui a possível modificação de 60 Gripen C para a versão E, além é claro, que a confirmação da venda dos 22 novos Gripen E, e equipamentos relacionados, para a Suíça.