Órgãos e instituições envolvidos na segurança e saúde durante os Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016 se reuniram entre os dias 25 e 27 de abril, na Base Aérea dos Afonsos (BAAF), no Rio de Janeiro (RJ), para a Reunião da estrutura de atendimento à ameaças ou incidentes de natureza que requeiram algum tipo de Defesa Química, Biológica, Radiológica ou Nuclear (DQBRN).
Exército, Marinha, Aeronáutica, ministérios da Saúde e da Defesa e Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro trataram de temas como plano de contingência para evacuação de feridos, barreira de isolamento para imprensa e civis, envio de notas oficiais à imprensa, locais onde receberão os acidentados e infectados, definição dos responsáveis pela conferência e controle de materiais para as aeronaves, viaturas e Equipamento de Proteção Individual (EPI`s).
As orientações tiveram como finalidade capacitar os envolvidos nas missões de evacuação aeromédica durante os eventos, observando os princípios de segurança de voo e detectando as possíveis alterações fisiológicas a que os pacientes estarão expostos nesse tipo de cenário.
Etapas de atendimento – A parte prática do exercício, realizada na quarta-feira (27/04), contou com a participação de cerca de 40 militares das Forças Armadas. O cenário montado envolveu a possibilidade de ter ocorrido um incidente químico durante uma competição esportiva. As etapas de atendimento do exercício são as mesmas que serão executadas em caso real. A simulação foi realizada com uma vítima na etapa “vermelha” classificada com nível de contaminação alto.
As vítimas serão encaminhadas para as barracas do Batalhão do Exército, que serão montadas próximas aos locais dos jogos. As vítimas são submetidas a uma triagem por meio de um detector químico que identificará se há ou não contaminação. Após a triagem, a vítima recebe aplicação de descontaminante e é transportada pelo Corpo de Bombeiros até a aeronave.
“O indivíduo, sendo detectado com algum tipo de contaminação química, por exemplo, será encaminhado até uma cápsula, o meio adequado para preservar a integridade de toda equipe envolvida no transporte, mesmo a equipe médica estando com as roupas e equipamentos adequados para essa situação”, explica o Major Waldir Eustáquio Gava, representante do Comando de Defesa Aeroespacial Brasileiro (COMDABRA) no treinamento. A cápsula é um dispositivo no qua a vítima pode ser transportada e medicada sem que haja contato com o exterior, mantendo assim todo cuidado para que não seja proliferada nenhuma contaminação.
Unidades especializadas selecionadas – As vítimas serão removidas em aeronaves da Força Aérea Brasileira (helicóptero H-36 Caracal ou aviões C-105 Amazonas e C-130 Hércules) para as unidades de saúde especializadas nesse tipo de atendimento. Os contaminados químicos serão encaminhados ao Hospital de Força Aérea do Galeão (HFAG), que possui uma unidade especializada em queimados.
Em casos de ataques biológicos, a unidade de saúde que atenderá será o Hospital Central do Exército. As vítimas de contaminação radiológica e/ou nucleares serão removidas para o Hospital Naval Marcílio Dias, todos localizados no Rio de Janeiro. As aeronaves ficarão em alerta nas Bases Aéreas do Galeão e de Santa Cruz. Caso necessário, transportarão as vítimas para outros Estados.
Durante a simulação, a vítima foi removida até o HFAG, onde passou por outro processo de descontaminação e monitoramento. Em caso de ainda estiver contaminada, a vítima não poderá ser destinada ao interior do hospital.
“Só encaminharemos para os próximos passos do atendimento a vítima que estiver totalmente descontaminada. Não podemos levá-la para dentro do hospital nessas condições, pois o risco de contaminarmos os demais pacientes e equipes de saúde que já estão sendo atendidos no hospital é grande”, explica o Major Médico Jayme Alberto Mendes, chefe de medicina nuclear do HFAG e membro da Comissão de DQBRN.
A etapa final do treinamento é a pós-evacuação, que consiste em aeronaves e tripulação envolvidas serem descontaminadas.
Cooperação interagências também é legado – Esse tipo de atuação interagências foi testado na prática em novembro do ano passado, quando as Forças Armadas atuaram no transporte de um paciente com suspeita de ebola. A diretora do Instituto de Medicina Aeroespacial (IMAE), Coronel Médica Kátia Mello e Alvim, ressalta que tanto as agências envolvidas quanto a FAB estão preparadas para atuarem nas emergências que poderão acontecer. “Todo esse treinamento serve para alinharmos a atuação de cada um para que, caso aconteça alguma emergência os envolvidos estejam preparados. Estamos trabalhando muito para a segurança de todos os que vierem ao Rio sintam-se protegidos”, afirmou a médica.
Fonte: Agência Foça Aérea, por Ten Raquel Alves