A proximidade entre o Rio de Janeiro (RJ) e as Forças Armadas remete aos tempos do Império e se mantém forte até hoje: somente a Força Aérea Brasileira (FAB) possui mais de 70 Organizações Militares no Estado, enquanto a Marinha do Brasil sedia por lá todos os seus submarinos e navios de grande porte. Já o Exército Brasileiro marca a presença por um grande número de quartéis e o imponente Palácio Duque de Caxias, no centro da capital, onde está sediado o Comando Militar do Leste (CML).
Fazer funcionar essa estrutura militar, e também atender aos projetos estratégicos para o futuro, significa uma ampla participação da indústria. E é esse o foco da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (FIRJAN).
O empresário Carlos Erane de Aguiar, membro da presidência da entidade, conversa sobre o tema e deixa claro o trabalho a ser feito: “Este mercado é ainda pouco explorado no Brasil”.
Aerovisão – Qual a visão da FIRJAN sobre o mercado de defesa no Brasil?
Carlos Erane – Inicialmente é preciso ressaltar que o Sistema FIRJAN não faz distinção entre os mercados de defesa e segurança, por serem indissociáveis. Este mercado é ainda pouco explorado no Brasil e pelo Brasil, em especial devido à falta de cultura no que se refere à compreensão da importância da indústria de defesa e segurança para o desenvolvimento científico, tecnológico e econômico, para a balança comercial – hoje o País é deficitário, com um grande volume de importações, em especial navios, aeronaves e veículos blindados, e baixo volume de exportações, concentradas em aeronaves – para a inserção do Brasil no mercado global de alta tecnologia e para a afirmação da soberania nacional.
Consideramos que o mercado brasileiro é ainda pouco explorado em comparação com a realidade nacional, um país de grandes dimensões, com enorme diversificação geográfica e que possui grande riqueza natural em terra e no mar. Além disso, o Brasil é a 7ª economia global e possui a 5ª maior população mundial. Essas características precisam ser acompanhadas pelo fortalecimento da segurança interna e da defesa contra ameaças externas, que são reais, pois estamos em uma região de grandes conflitos de governos contra grupos paramilitares, com grandes cartéis de drogas e outras ameaças às nossas fronteiras e à nossa população.
Apesar da grande dicotomia entre o que o Brasil precisa – uma estrutura forte de defesa e segurança, considerando as características apresentadas – e o mercado pouco consolidado e explorado, as companhias que atuam no setor geram cerca de 30 mil empregos diretos e outros 120 mil indiretos, segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Materiais de Defesa e Segurança. Esses números podem dobrar nas próximas duas décadas em se concretizando os investimentos previstos para o setor, de US$ 180 bilhões.
Agora, é preciso destacar que, neste momento de ajuste econômico, o caminho natural para o setor é buscar a ampliação de sua participação no mercado internacional. Para isso é necessário fortalecer alguns mecanismos: a atuação dos setores de promoção comercial do Ministério da Defesa na divulgação da produção nacional, a oferta de garantias para os contratos internacionais, a adoção de um pacote de desonerações em um mercado controlado e a maior divulgação dos projetos de compras do Ministério da Defesa e das forças militares e civis dos estados. Em se tratando, por exemplo, de armamentos não letais, a maior divulgação permitirá que mais empresas da cadeia possam se creditar para estes projetos e, no processo, se tornarem aptas a exportar segundo os critérios da OTAN, ONU e outros.
Aerovisão – Projetos da área de defesa são considerados como oportunidades de crescimento para a indústria nacional?
Carlos Erane – Não apenas a indústria de defesa e segurança enxerga estes projetos como oportunidades de crescimento. Outros segmentos industriais, como construtoras, desenvolvedoras tecnológicas – software, principalmente – , laboratórios de pesquisa de matérias e químicos, estaleiros, metalurgias e indústrias metalomecânicas e tantos outros também estão, cada vez mais, enxergando os projetos de defesa como grandes oportunidades não apenas de crescimento econômico, mas também de evolução tecnológica e de processos produtivos, o que permite abrir mercados internacionais.
Este consenso só não é maior porque falta uma cultura, como dissemos, sobre a cadeia direta e indireta dos projetos de defesa e segurança. Em todos os projetos os profissionais são altamente qualificados, o que abre mercado para centros de profissionalização, capacitação, de pesquisa e desenvolvimento e até mesmo instituições acadêmicas. Os profissionais demandam alimentação, o que move fornecedores locais, bem como a indústria de papel, papelão, gráfica, têxtil e confecções, de plástico, isopor, madeira e mobiliário, construção civil e diversos outros serviços, como transportes.
É preciso difundir o conhecimento que a indústria de defesa e segurança não é um círculo fechado dentro da economia, nem mesmo um setor que envolve apenas a relação direta com as forças militares. Cada real investido em projetos de defesa e segurança possui um caráter multiplicador na economia muito grande. Um exemplo: para se construir um navio, tem-se a cadeia do aço, da construção civil, dos sistemas tecnológicos, do vidro, gasquímico e petroquímico e por aí afora. A sociedade, e até mesmo a indústria, precisa conhecer mais a fundo os impactos dos projetos de defesa e segurança, e nem estamos falando dos objetivos fins dos projetos, que se desdobram por toda a sociedade, como segurança pública, defesa da soberania nacional, etc.
Aerovisão – Na avaliação do senhor, o público brasileiro apoia investimentos públicos na área de defesa?
Carlos Erane – Não há grandes reações públicas aos projetos da área de defesa. Talvez esta seja a única área em que investimentos de grande porte por parte do governo não despertam desconfiança da sociedade. Isso ocorre porque a sociedade reconhece e respeita as Forças Armadas como essenciais para proteção do País e para a sua segurança. Muitos perguntam, ao ver um avião, um tanque ou um navio: “Por que não temos um mais moderno?”. Essa é a comprovação de que os investimentos em defesa e segurança não só têm o apoio como são exigidos pela sociedade.
Aerovisão – O Estado do Rio de Janeiro tem um grande número de unidades militares. Em que medida essa proximidade pode ajudar na participação de empresas sediadas no Rio de Janeiro em projetos para as Forças Armadas?
Carlos Erane – Neste particular, vamos citar dois projetos em andamento pelas Forças Armadas: o primeiro é a Parceria Público Privada para a contratação de serviços de manutenção da FAB. O Rio de Janeiro tem dezenas de empresas que se enquadram nos critérios de mobilização logística do Comando da Aeronáutica, reúne todas as condições necessárias para ser um grande centro de MRO (Maintenance, Repair and Operations), possui importantes bases aéreas (Santa Cruz, Afonsos e Galeão), a base aeronaval de São Pedro da Aldeia, além de aeródromos como os de Nova Iguaçu, Jacarepaguá, Macaé, Campos dos Goytacazes e Itaperuna. Considerando que temos alguns dos mais importantes centros tecnológicos e universidades do País, além do centro de controle do espaço aéreo nacional, é mais do que racional pensar que esta estrutura deva ficar no Rio de Janeiro, aproveitando as vantagens locacionais e de integração entre os serviços, a qualificação e a existência de pistas da própria Aeronáutica, o que reduz o custo dos serviços.
O segundo é a expansão do ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica), através de um contrato de cooperação com uma universidade estrangeira. Como o Rio de Janeiro possui toda a infraestrutura citada acima, por que não construir esta nova unidade do ITA no Rio de Janeiro? É uma decisão lógica, além de promover a desconcentração do setor, hoje em São Paulo. Não se trata de retirar nada de São Paulo, mas de trazer para o Rio de Janeiro as novas oportunidades.
Este processo é essencial, uma vez que a descentralização abre novas oportunidades e atrai novos investimentos na criação de um novo cluster de indústrias de média, alta e altíssima tecnologia e de formação de pessoal altamente qualificado no Rio de Janeiro, o que trará um impulso socioeconômico muito maior das ondas de investimento do que se permanecesse concentrado em São Paulo, que por já possuir esta concentração teria menores efeitos de cadeia.
Aerovisão – Em todo o mundo há novas tendências de gestão na área de defesa, como Parceria Público Privada, terceirização e leasing de equipamentos, por exemplo. As empresas brasileiras estão preparadas para fornecer esse tipo de serviço às Forças Armadas?
Carlos Erane – As empresas brasileiras estão preparadas, aguardando a convocação das Forças Armadas. A indústria de defesa e segurança possui capacidade para atuar em Parceria Público Privada, na terceirização de serviços, leasing de equipamentos e outros modelos. Mesmo que não sejam modelos usuais e que exijam uma engenharia empresarial mais complexa, a indústria de defesa e segurança no Brasil é capaz de rapidamente se estruturar.
Aerovisão – E em termos de qualificação de mão de obra? Temos profissionais aptos a atender às demandas do setor?
Carlos Erane – O setor emprega hoje 150 mil trabalhadores diretos e indiretos. Em duas décadas a demanda deverá aumentar 100%. O problema é que os trabalhadores do setor não são trabalhadores comuns. São altamente qualificados e com remuneração acima da média do mercado. E possuem formações que hoje já estão dentro de um forte grau de carência no País, como nas áreas de engenharias, desenvolvimento de software e outros. Isso significa que precisamos mudar de rota no trato dado à educação e à construção de conhecimento. Temos que estimular o desenvolvimento acadêmico, científico e tecnológico. Para isso, investimentos em educação precisam ser não apenas preservados dos ajustes rigorosos da economia, mas ampliados. Quando se corta investimentos em educação em um período de crise, o resultado é o alongamento das carências de formação de mão de obra qualificada com resultados perversos para o desenvolvimento nacional.
FONTE: Agência Força Aérea
Mais um empresario q vive aa custa do Brasil e seus contribuintes, subsidios, financiamentos baratos do BNDES , etc e q nunca entregam o q prometem de acordo com o contrato…e nem no prazo……tolo, so defende os seus…..nem vou falar aqui a FIESP.
a Firjan esqueceu que o Brasil faliu. Fora as olimpíadas com gastos de R$1,3 Bilhão com maior parte de matbel importado não tem como isso acontecer. Tem que salvar o Brasil antes.
Fica tranquilo, o Moro salva, ele está acompanhado de gente que conversa direto com Deus . . .