Os novos equipamentos embarcados na aeronave P-95 modernizada e no helicóptero H-36 Caracal incorporaram ferramentas que permitem melhorar a qualidade do serviço de busca e salvamento prestado pela Força Aérea Brasileira (FAB). A integração dessas novas tecnologias com todo o sistema envolvido em uma operação dessa natureza foi testada durante o Exercício Carranca V, o maior exercício da modalidade na América Latina, realizado a partir da Base Aérea de Florianópolis (SC) até sexta-feira (18/03).
O novo radar do Bandeirulha, avião que realiza buscas, principalmente, em alto-mar, produz mapeamento de áreas mesmo com nuvens e condições meteorológicas adversas. Além disso, permite obter silhuetas mais definidas de embarcações a longas distâncias, otimizando rotas e horas de voo. “Não preciso sobrevoar diversas regiões para verificar se ali eu encontraria meu objeto de busca. Isso dá mais agilidade e flexibilidade nas missões de busca”, afirma o Capitão Rafael Licursi, piloto do Esquadrão Phoenix (2º/7º GAV). Antes, a visualização radar indicava na tela um ponto, informalmente comparado a um grão de arroz, mas não apresentava elementos suficientes para que um experiente patrulheiro indicasse qual seria o objeto em questão, um navio de cruzeiro, graneleiro ou cargueiro.
O segundo P-95 modernizado foi entregue em 05 de março para o Esquadrão Netuno (3º/7º GAV), sediado em Belém (PA). O avião recebeu ainda janelas “bolha” para facilitar o trabalho dos observadores SAR durante uma busca visual.
Resgate
O helicóptero H-36 Caracal, também usado em operações de busca, conta com o Flight Management System (FMS). O sistema de gerenciamento de voo pode ser programado para realizar um perfil de padrão de busca automatizado, fornecendo melhor visualização – devido às telas multifuncionais – e maior consciência situacional para os pilotos.
Mas é nos resgates em áreas de difícil acesso que o helicóptero demonstra sua capacidade operacional. A máquina conta com dois guinchos de içamento, um elétrico e outro mecânico, com capacidade para suportar 272 kg cada, e com piloto automático que pode ser programado para executar o voo pairado. “O pairado é um tipo de voo que exige muito da aeronave, da tripulação e é essencial para executar o resgate”, explica o piloto Sérgio Nunes Miranda, do Esquadrão Puma (3º/8º GAV). Em média, são de 10 a 20 minutos mantendo a aeronave no ar em um ponto fixo para a descida dos socorristas e do equipamento de resgate.
A função “fix transdown” permite que, ao sobrevoar o local do resgate, o piloto acione os comandos da aeronave para realizar enquadramento, curvas e descida automaticamente, considerando a direção e a intensidade do vento local, finalizando com o voo pairado na altura pré-selecionada. Em outras palavras, o modo transdown (simplificação para guided transition down, em tradução livre: transição guiada para baixo) realiza a descida guiada de um voo de cruzeiro até o voo pairado. “É uma tecnologia muito moderna que reduz os esforços de todos os envolvidos e aumenta muito a segurança de todos os envolvidos, principalmente para os resgates realizados na água durante o período noturno”, analisa.
A versão operacional do H-36 Caracal conta ainda com dois recursos: a probe para reabastecimento em voo – que aumenta a autonomia de voo; e o flir – que produz imagens por infravermelho muito útil para buscas de destroços ou sobreviventes em mata fechada e alto-mar.
FONTE e FOTOS: FAB