MARINHA DO BRASIL
1º ESQUADRÃO DE HELICÓPTEROS DE INSTRUÇÃO
01/910
São Pedro da Aldeia, RJ, 27 de junho de 2020.
ORDEM DO DIA Nº 2/2020
Assunto: 58º Aniversário de ativação do 1º Esquadrão de Helicópteros de Instrução
Hoje estamos aqui reunidos para celebrar mais um ano de existência da única Unidade Aérea da Marinha do Brasil dedicada à nobre missão da Instrução de Voo ou, como diz o lema do Esquadrão, a singular arte de “Ensinar aos Homens o Saber dos Pássaros”. Ao comemorarmos os 58 anos da ativação do 1º Esquadrão de Helicópteros de Instrução (EsqdHI-1) estamos de fato orgulhosos pelo legado deixado por nossos antecessores, bem como pela trajetória de sucesso deste singular Esquadrão.
Sua história tem gênese nos anos iniciais da 2ª fase da nossa centenária Aviação Naval. Criado pelo Aviso nº 0284, de 22 de fevereiro de 1961, do então Ministro da Marinha, teve sua ativação materializada por meio da Ordem do Dia nº 006, de 27 de junho de 1962, do então Diretor-Geral de Aeronáutica da Marinha, o Vice-Almirante Rademaker. Desde então, o EsqdHI-1vem cumprindo a importante e nobre missão de realizar a parte prática de voo, em aeronaves de Asas Rotativas, do Curso de Aperfeiçoamento em Aviação para Oficiais (CAAVO).
Após a sua ativação, o EsqdHI-1 ficou sediado no Km 11 da Avenida Brasil no município do Rio de Janeiro – RJ, nas antigas instalações do CIAAN, a quem era inicialmente subordinado, sendo transferido, pouco tempo depois, para o município de São Pedro da Aldeia – RJ, morada da Aviação Naval. Nesta época o EsqdHI-1 iniciou suas atividades de Instrução de Voo possuindo em seu inventário dois Bell 47 e seis helicópteros Hughes-200. No ano seguinte, a MB adquiriu seis unidades do modelo Hughes-269A (IH-2), seguidos de treze unidades da versão Hughes-269A1 (IH-2A) e um Hughes-269B (IH-2B), os quais foram apelidados de “Pulgas”. Tais aeronaves substituíram na Instrução de Voo os antigos Bell-47 e os Hughes-200.
Mais tarde, em 1971, com a transferência definitiva do Comando da Força Aeronaval para São Pedro da Aldeia – RJ, o EsqdHI-1 passou a ser uma Organização Militar independente, dando continuidade à sua missão.
Simultaneamente à consolidação da 3ª fase da Aviação Naval, a partir de 1974 teve início a era dos Bell Jet Ranger II, designados IH-6 na MB, posteriormente alterado para IH-6A, as famosas “Piabas”, aeronaves mais modernas, as quais trouxeram consigo a inovadora propulsão turbo-eixo, inédita no EsqdHI-1 naquele momento. A partir de então o Esquadrão passou a operar aeronaves tecnologicamente atualizadas, o que permitiu um salto operacional e qualitativo na instrução prática de voo.
Seguindo na esteira deixada pelas “Piabas”, visando a substituição das mesmas, em 1985 a MB resolveu adquirir e incorporar ao inventário do EsqdHI-1 dezenove modernas aeronaves Bell Jet Ranger III, designadas IH-6B na MB, mais conhecidas como “Garças”, as quais mantiveram a concepção de motorização turbo-eixo, porém com maior potência disponível. Os “Bellzinhos” tornaram-se um dos símbolos do EsqdHI-1, os quais até hoje perfilam nesta Unidade Aérea, apesar da notória longevidade, uma vez que atingem neste ano a expressiva marca de 35 anos de bons serviços prestados à MB. Estes valentes helicópteros são um dos componentes mais emblemáticos dessa trajetória de sucesso.
Nesses 58 anos de história, o EsqdHI-1 já formou muitas gerações de Aviadores Navais da Marinha do Brasil, além de Oficiais de Marinhas Sul-Americanas, do Exército Brasileiro, de Polícias e Bombeiros Militares Estaduais e de representantes de outros Órgãos Federais. Incluímos em nossa tarefa uma importante parte da formação de Médicos de Aviação, para que tenham o entendimento das especificidades atinentes à arte do voo.
Ao realizarmos um balanço deste último ano, cujo período é praticamente congruente ao primeiro ano de Comando deste Comandante à frente do nosso EsqdHI-1, podemos constatar feitos dignos de destaque e que nos enchem de orgulho.
Logo no início do segundo semestre de 2019, no mês de agosto, o Esquadrão realizou o seu primeiro embarque operativo a bordo do Capitânia da Esquadra, o Porta Helicópteros Multipropósito (PHM) “Atlântico”, ocasião esta que permitiu a familiarização de Pilotos e alunos do CAAVO com as operações aéreas naquele tipo de navio, fato este importante para a formação e aperfeiçoamento dos nossos Aviadores Navais.
Mais adiante, em dezembro de 2019, foi concluída a parte prática do CAAVO das turmas de 2016, 2017 e 2018, solucionando definitivamente todo o atraso que existia no fluxo de formação, superando em 2 anos a expectativa inicial de concretização deste feito.
No alvorecer deste ano, em janeiro de 2020, o EsqdHI-1 pode reviver a oportunidade de participar de uma grande operação com a nossa Esquadra, ao fazer parte da comissão ASPIRANTEX 2020, mais uma vez embarcado a bordo do PHM “Atlântico”, ocasião esta de grande aprendizado e satisfação em poder ter contribuído para o sucesso da missão, tendo realizado nesta operação tarefas típicas de emprego geral, incluindo a condução de duas Evacuações Aeromédicas de tripulantes de navios do Grupo-Tarefa, demonstrando prontidão e capacidade operacional adequada, além de ter sido uma importante ferramenta para elevar o nível de adestramento dos pilotos do EsqdHI-1, responsáveis pela formação das futuras gerações de Aviadores Navais.
Como ápice deste último período de “volta em torno sol” do nosso querido Esquadrão, pudemos testemunhar, em 19 de maio do corrente ano, durante um voo em formatura com 4 aeronaves IH-6B, a transposição das 200.000 horas de voo, a maioria destas dedicadas à nobre missão da Instrução de Voo. O mais importante de tudo foi que, apesar de tais realizações neste último ano, nossas aeronaves e, principalmente, nossa tripulação se mantiveram íntegras, sem qualquer registro de acidentes ou incidentes graves, dado o profissionalismo de todos os envolvidos e cuidados diuturnos na condução de nossas tarefas.
Chegar até aqui não seria possível se estivéssemos sozinhos nessa singradura. Por isso, faz-se necessário agradecer àqueles que fizeram e fazem parte da virtuosa história do EsqdHI-1.
Aos Garças, de hoje e de outrora, Oficiais e Praças, que contribuíram para bem manutenir as nossas aeronaves e forjar perenemente a Instrução de Voo em helicópteros na nossa Marinha, agradeço e reverencio por toda a dedicação, amor e entusiasmo demonstrados ao nosso querido Esquadrão. O sacrifício com que nossos antecessores desempenharam suas tarefas se fazem presentes até hoje, o qual podemos testemunhar pelo bom estado de conservação de nossas instalações e aeronaves, bem como pelo elevado moral de nossos militares. Registro aqui um especial agradecimento a todos os 39 “Veneráveis”, ex-Comandantes que me antecederam na desafiadora tarefa da condução deste insigne Esquadrão de Helicópteros. Muito Obrigado!
Ao Comando da Força Aeronaval, à Diretoria de Aeronáutica da Marinha, à Base Aérea Naval de São Pedro da Aldeia, ao Centro de Instrução e Adestramento Aeronaval “Almirante José Maria do Amaral Oliveira”, ao Grupo Aéreo Naval de Manutenção, aos Esquadrões Irmãos da Macega e demais Organizações Militares do Complexo Aeronaval, bem como aos Esquadrões Distritais, agradeço pelo convívio harmonioso e pelo trabalho profícuo em prol da nossa Aviação Naval. A história de sucesso destes 58 anos do EsqdHI-1 certamente traz a reboque a importante contribuição destas distintas Organizações Militares. Em nome de todos os Garças, muito obrigado por tudo!
Apesar de ser uma data de celebração por todos os feitos do passado, não poderia deixar de registrar uma singular lembrança àqueles que pereceram em serviço em prol do cumprimento de suas missões. Há exatos 15 anos, em 27 de junho de 2005, tivemos o dissabor da perda da aeronave IH-6B de numeral N-5040 e de dois ilustres Garças, o Capitão-Tenente André Estácio e o Capitão-Tenente (FN) Emerim, os quais certamente vigiam nossos passos num plano superior e aqui estão eternizados em nossos pensamentos. Nossa respeitosa continência à eterna Tripulação do “Garça 40”! (Toque de Silêncio)
Ao olharmos para o futuro, vislumbramos um horizonte promissor. Em breve estaremos nos deparando com um desafiador e inovador paradigma a ser moldado na vindoura década, mormente relacionado à instrução prática de voo do CAAVO, visto que em breve uma nova aeronave será incorporada ao inventário e trará consigo uma gama de novas possibilidades, mas também a necessidade de melhoria de processos inerentes à nossa missão. Novas possibilidades requerem novos desafios, os quais, certamente, serão superados com a dedicação destes homens aqui perfilados, tendo como farol o legado daqueles que nos antecederam nesses últimos 58 anos de sucesso desta emblemática Unidade Aérea da nossa MB.
De forma especial, agradeço também à dedicação e esmero da minha tripulação e dos militares componentes do Projeto HI-1 do GAerNavMan, bem como reitero o meu reconhecimento à capacidade profissional, técnica e operacional dos Senhores, o que nos permite operar com segurança. Concito a todos a manterem o padrão de excelência, o espírito aguerrido e a abnegação pessoal para que possamos seguir firmes no cumprimento da nossa importante e nobre missão.
Por oportuno, destaco ainda a importância fundamental de nossas famílias. A tranquilidade que temos durante nossos afastamentos e o apoio incondicional que recebemos são, em grande parte, responsáveis pelos êxitos alcançados. Muito obrigado!
Por fim, agradeço a Deus e rogo para que Ele continue nos abençoando, iluminando e protegendo a cada dia nesse novo ciclo que ora se inicia para o nosso Esquadrão!
Parabéns EsqdHI-1 pelos 58 anos!
“Ensinamos aos homens, o saber dos pássaros”.
“AVIUM SCIENTIAM HOMINES DOCENTES”.
NO AR, OS HOMENS DO MAR!
VIVA A MARINHA!
TUDO PELA PÁTRIA!
MARCELO GOUVEIA GÓES
Capitão de Fragata
Comandante