De Guilherme Wiltgen para Redação DAN
Aeroporto do Galeão, nove horas da manhã. Começava o embarque das equipes de imprensa que cobririam o “Media Day” da Operação Atlântico III, e que o Defesa Aérea & Naval participou deste emocionante dia, com o nosso colaborador Carlos Mathias embarcando no NDCC Alte Sabóia (G 25).
Após aproximadamente 40 minutos de voo no UH-14 Super Puma N-7070, do 2° Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral (HU-2), a aeronave realiza o pouso no NDCC Alte. Saboia. Logo após, a imprensa foi conduzida para a Praça D’Armas, onde ocorreu o briefing sobre os exercícios que seriam executados, mostrando a necessidade desta manobra para o adestramento da Marinha do Brasil, além de informações sobre a importância dessa preparação para a defesa da Amazônia Azul e dos interesses econômicos e estratégicos do Brasil no mar, ou seja, nas nossas águas jurisdicionais ou em qualquer outro lugar do mundo em que trafeguem nossos navios ou que sejam de nossos interesses.
Ameaça Aérea por aeronaves da FAB
Do passadiço do Alte. Sabóia, a imprensa assistiu ao ataque aéreo simulado dos caças A-1 da FAB, que realizaram o lançamento de armas inteligentes a grande altitude, neste caso, bombas guiadas a laser. Na sequência, realizaram um ataque rasante e em alta velocidade, em um perfil de voo que visa não ser detectado pelos radares dos navios, para desfechar um ataque surpresa.
Logo após, também realizaram suas passagens pela Força Tarefa o P-3AM Orion e o P-95 Bandeirulha.
Durante todo o exercício de ataque simulado, as etapas de detecção e engajamento dos alvos foram narradas, o que permitiu que a imprensa acompanhasse a reação dos navios durante a simulação, acompanhando a direção do lançador do Aspide e dos canhões antiaéreos que buscavam os alvos, passando a real noção cronológica da sequência dos acontecimentos e as ações tomadas numa situação real.
Sendo o NDCC Alte Saboia o capitânea da Força Tarefa Componente, a maior preocupação estava em protege-lo durante um ataque aéreo. Assim, a Fragata Niterói posicionou-se entre o Saboia e os potenciais atacantes, servindo como barreira física e de reação antiaérea ao ataque.
Apoio de Fogo Naval
Terminada a etapa do exercício aéreo, iniciou-se a fase de tiro real contra o “Jerimum Assassino”, expressão abrasileirada do alvo da US Navy “Killer Tomato”, que é um alvo inflável de cor alaranjada, do tamanho aproximado de um pequeno automóvel.
Inicialmente houve a detecção do referido alvo a 15 mil jardas pela Corveta Barroso (V 34), iniciando-se o posicionamento dos navios para o tiro de destruição.
A Barroso adiantou-se e afastando-se à boreste de Sabóia, engajou o alvo com seu canhão de proa de 114 mm, a uma distância de 5.000 jardas. Em seguida o Sabóia com seus canhões de 20mm abriu fogo a uma distância de 3.000 jardas, destruindo o alvo.
É importante ressaltar que, durante o tiro da Barroso, foi inserido um “erro” proposital de cálculo para que não se acertasse o alvo. Assim, não ocorreria a destruição real do alvo, possibilitando aos demais navios também realizarem seus tiros, para posterior destruição.
GERR em ação
Na sequência dos eventos, acompanhamos a simulação de uma abordagem a um navio executando atividades não autorizada em nossas águas jurisdicionais.
O primeiro contato com a embarcação suspeita, no caso a Fragata Niterói desenpenhava o papel de figurativo inimigo, foi feito via rádio. Após várias tentativas sem sucesso, foi lançada pela Barroso a sua aeronave orgânica UH-12 Esquilo, do 1° Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral (HU-1), para que realizasse um verificação do navio. A bordo da aeronave, um Sniper pronto para repelir qualquer ameaça.
Feito o reconhecimento, decolou do Saboia um UH-14 Super Puma com uma equipe do Grupo Especial de Retomada e Resgate (GERR), tropa de elite da MB específica para este tipo de ação. Posicionado sobre o convoo da Niterói, a equipe do GERR desembarcou do helicóptero através de Fast-Rope, para na sequência tomar o navio de assalto, enquanto que o UH-12 Esquilo dava suporte aéreo aproximado.
Transferência de carga leve
Finalizando os exercícios, foi realizado uma transferência de carga leve entre os navios, quando um tripulante que necessitava de atendimento médico, foi trazido a bordo através de uma cadeira suspensa entre cabos. Este exercício requer perfeita sintonia entre as tripulações dos dois navios, que precisam navegar a aproximadamente 30 metros de distância um do outro, mantendo suas velocidades constantes, exigindo total atenção e habilidade por parte das tripulações envolvidas, para que se permita a transferência de carga em total segurança.
Terminada as demonstrações, o Comandante da Força Tarefa Componente, CA Ferreira de Mello (Comandante da 1ª Divisão da Esquadra), agradeceu a presença da imprensa, ressaltando quanto da importância destes eventos e da sua cobertura pela mídia, que contribui para a conscientização dos brasileiros sobre a importância do mar em nossas vidas, ainda que nos passe muitas vezes desapercebida a necessidade de aprestamento da Marinha do Brasil na defesa de nossas riquezas no mar.
Agradecimentos: O Defesa Aérea & Naval gostaria de agradecer ao Contra-Almirante Ferreira de Mello pela oportunidade de participar deste evento, a Tenente Juliana Prestes pelo suporte fornecido durante o evento e ao nosso amigo Carlos Mathias, por ter nos representado tão bem na ocasião.
A Fragata havia sido “atacada” e perdido a capacidade de detectar e engajar o helicóptero?
Não era o caso naquele momento. A fragata era o figurativo inimigo, ou seja, ela foi usada como exemplo, pois na verdade podia ser um mercante ou outro tipo de embarcação.
Se fosse uma fragata, ela levaria tiro e iria pro fundo, e não haveria necessidade de ser abordada.
O engajamento ali, foi para demonstrar como se faz.