Por Marcus Piffer – Voo Tático
Cada força armada de cada país tem suas próprias manias e tradições. Uma coisa muita característica dos ingleses é considerar se um navio ou um oficial tem sorte ou azar. Ser supersticioso é até bastante comum no meio militar, mas em nenhum lugar isso é levado tão a sério como na Inglaterra.
O Chinook “mais sortudo” da RAF é o ZA718/BN, mais conhecido por “Bravo November”, ou simplesmente BN (que aparece nas fotos que ilustram este post).
O BN foi o único helicóptero que se salvou do HMS Atlantic Conveyor, pois estava realizando um voo de manutenção no momento em que o navio foi atingido pela Aviação Naval argentina. Durante a campanha das Falklands, o BN, sem nenhum equipamento de apoio, sem manuais, peças de reposição ou lubrificantes, infiltrou mais de 1500 soldados, evacuou 95 feridos e 650 prisioneiros de guerra e transportou aproximadamente 550 toneladas de carga.
Depois das Malvinas, o BN já esteve em operações no Líbano, Alemanha, Irlanda do Norte, Kurdistão, Iraque e atualmente está no Afeganistão.
Durante a invasão do Iraque, em 2003, o BN foi o primeiro helicóptero inglês a desembarcar tropas no interior do Iraque. Durante os primeiros três dias da invasão, ele voou uma média de dezenove horas por dia (com diversas tripulações, obviamente).
Em 2006, durante uma missão particularmente arriscada na província de Helmand, no Afeganistão, a tripulação do BN recebeu a Distinguished Flying Cross após resgatar dois feridos graves – tripulação que voou na aeronave durante a campanha das Falklands já havia recebido essa mesma condecoração.
Por todos esses episódios, o BN já tem uma réplica em escala natural no Museu da RAF. A Boeing UK também presenteou o museu com a pintura de fundo deste post, que faz referência às duas ocasiões em que a tripulação do BN recebeu a Distinguished Flying Cross.
Como se tudo isso não bastasse, em março de 2010, durante uma exfiltração de tropas americanas sob fogo na região de Garmsir, na província de Helmand, o piloto do BN foi atingido por um tiro. O impacto foi amortecido pelo suporte do óculos de visão noturna, mas mesmo assim, o piloto recebeu um impacto entre os olhos.
Mesmo com um sangramento abundante com diversos sistemas danificados pelo fogo inimigo, ele conseguiu voar por oito minutos até Camp Bastion, com mais de 20 pessoas a bordo, boa parte delas ferida.
Se não fosse o BN, ele teria conseguido?
*Este artigo foi publicado originalmente em março de 2010, por ocasião do incidente em Garmsir.
Alguns Sul-americanos já os desafiaram recentemente, heróis mal lembrados, uma leitura interessante é do Capitão de Navio Aviador Naval Rodolfo Castro Fox em seu livro aberto na internet…
O imperial War Museum é um bom lugar para lembrarmos para que serve forças armadas!
Os que escrevem a história é são donos da verdade tem grandes exércitos!
Os CHINOOK que foram oferecidos ao EB pela Boeing não se houve falar mais nada.
Pelo que sei, o MD montou uma equipe para avaliar a compra. No caso as 6 células são usadas, porém seriam modernizadas.
Esse exemplar merece ser preservado impecável e em lugar de honra no Imperial War Museum.