O ano de 1931 ficou assinalado pelo início do Correio Aéreo Militar (CAM), que iria trazer repercussões profundas na evolução da Aviação Militar e no desenvolvimento do Brasil.
Nascido da inspiração de um grupo de oficiais idealistas, o CAM encontrou, desde o início, apoio do Ministro da Guerra, dentro de uma administração com uma série de iniciativas nas quais o Exército tornava-se menos pesado ao erário Nacional, prestando serviços públicos em tempo de paz. Porém, mais forte que a idéia de um grupo de oficiais, mais importante que o apoio oficial, era a ânsia incontida dos jovens aviadores militares de se libertarem do cilindro teórico, com raio de 10 Km em torno do Campo dos Afonsos, que as orientações anteriores tinham criado como limite da quase totalidade de voos militares.
O mérito do CAM foi o de canalizar energias e dar-lhes uma finalidade útil: criar uma missão, de alto interesse Nacional aos aviadores militares brasileiros, cheios de entusiasmo para desbravar os céus e o território brasileiro, rumo ao interior da Nação. O serviço de transporte de correspondência em aviões militares começou com a denominação de Serviço Postal Aéreo Militar (S.P.A.M.), que foi mudado, logo em seguida, para o de Correio Aéreo Militar (C.A.M.).
Esse nome foi mantido até o criação do Ministério da Aeronáutica, em 1941, quando ocorreu a fusão do Correio Aéreo Militar e do Correio Aéreo Naval, passando para a denominação de Correio Aéreo Nacional.
Na Esquadrilha de Treinamento do Grupo Misto de Aviação foram incluídos vários aviões Curtiss “Fledgling”. Essas aeronaves, que passaram a compor a frota do Correio Aéreo Militar, foram reunidas no hangar de madeira “Capitão Rubens”, que existia ao lado do hangar duplo do Parque de Aeronáutica dos Afonsos.
Em 12 de junho de 1931, os Tenentes Montenegro e Wanderley, no avião Curtiss de matrícula K 263, fizeram a primeira viagem do C.A.M., levando correspondência, do Rio para São Paulo e de lá trazendo correspondência em 15 de junho. Foi o marco inicial para o uncionamento do serviço de transporte de correspondência entre Rio e São Paulo, com a frequência de três vezes por semana.
Os bravos pilotos que participaram dos primeiros ciclos de expansão do C.A.M. nunca se esquecerão daqueles voos pioneiros que ensejavam os primeiros contatos com as condições de voo existentes no interior do território brasileiro, voos em que o piloto ficava entregue a si próprio, sem dispor de meios de comunicação com o solo, voo visual, sempre por debaixo das nuvens, com capacete e óculos de voo e os mapas colados em pranchetas de madeira para não voarem da nacelle, sempre varrida pelo vento.
Foi extremamente oportuno o lançamento do Correio Aéreo Militar em 1931. Os aviadores militares passaram a ter a experiência necessária em viagens extensas, enfrentando condições atmosféricas adversas. Muitos desses pilotos prestaram valiosos serviços na aviação comercial, permitindo a nacionalização das suas tripulações, fator de Segurança Nacional.
FONTE: Espaço Cultural da Aviação do Exército
ILUSTRAÇÂO: Paulo Kasseb