Por Andrew Elwell
O Reino Unido precisa de um porta-aviões? O porta-aviões representa uma capacidade estratégica relevante, considerando o papel da Grã-Bretanha na influência nos assuntos mundiais ao longo dos próximos 50 anos?
Há um debate crescente entre políticos, militares, historiadores e analistas, de se ter ou não um porta-aviões com capacidade de ataque, que justifique o custo de construção de dois navios-aeródromos da classe Queen Elizabeth e mais a aquisição de novos caças de quinta geração que irão operar.
Essa pergunta foi feita a Peter Luff, Ministro da Defesa, durante uma entrevista recentemente.
“Seria uma decisão muito dificil para o Reino Unido abandonar a construção do porta-aviões, uma de suas principais capacidades para projetar poder ao redor do mundo”, disse Luff.
Sua hesitação na resposta à pergunta sugerida foi um pouco errada, tendo o pensamento de que não prosseguir com a estratégia de construir o porta-aviões, seria não realista e irracional.
A capacidade de defesa estratégica, para proteger nossa nação, necessita de um porta-aviões. Para que possamos salvaguardar de forma eficaz o nosso comércio, recursos e suprimentos globalmente, é necessário o porta-aviões. Para projetar nosso poder em todo o mundo, precisamos do porta-aviões.
“Nós ainda somos, eu acho, fundamentalmente uma potência marítima, com dependência absoluta sobre o comércio”, disse Luff. “Nossa capacidade de mostrar que somos capazes de usar o mar para proteger a nossa nação é de suma importância estratégica”.
“A capacidade de projetar poder ao redor do mundo é oferecido unicamente pelo porta-aviões, por isso é a coisa certa a se fazer.”
A importância estratégica do porta-aviões foi destaque na recente decisão do governo em optar pela versão STOVL do F-35B Joint Strike Fighter. Um dos principais fatores para que a decisão fosse tomada, se baseou no fato de que, se o MoD prosseguisse com o plano atual, o Reino Unido ficaria sem capacidade de aviação embarcada de asa-fixa por 13 anos e com a variante STOVL, a acapcidade seria restaurada três anos antes.
“A lacuna de 10 anos (na capacidade de ataque) foi o que melhor poderíamos ter, estrategicamente falando, pois uma diferença de treze anos, teria sido uma irresponsabilidade”, disse Luff.
Em seu artigo, ‘Será que alguém ainda precisa de porta-aviões? “, Tom de Castella diz que” tem havido céticos por algum tempo.”
Em 1981, David Howarth escreveu no famoso “Sea Battles” que o “único valor prático de se possuir um porta-aviões no futuro, será simplesmente pela sua existência, e não pela guerra”. Para usá-los em um combate agressivo, seria necessário desencadear uma guerra nuclear, argumentou.
“Mas apenas um ano depois, os porta-aviões do Reino Unido asseguraram que as Ilhas Falklands fossem reconquistadas.”
Ter uma capacidade de suporte operacional do porta-aviões, permite ao Reino Unido, não só projetar poder no cenário mundial, mas também prover suporte a outras nações ao redor do globo.
“Eles vão desempenhar um papel central na estratégia de defesa do Reino Unido”, disse Geoff Searle, Director do Programa dos porta-aviões QEC, em uma entrevista a Defence IQ, no início deste mês,”ao mesmo tempo, fornecendo uma plataforma para a ajuda humanitária.”
Além da relevância estratégica, há também o simples fato de que estamos construindo os porta-aviões agora. Será que se pararmos com ambos, seria realmente uma opção viável?
“Temos dois navios-aeródromos excelentes sendo construídos, não usá-los seria um crime”, concluiu Luff.
God Save the Queen….and the Prince of Wales
Os dois porta-aviões QEC, convertidos para a variante STOVL, podem entrar em serviço ativo no futuro, mas “não há nenhum plano para operar os dois porta-aviões imediatamente.”
“Nós temos a capacidade de operar um segundo navio-aeródromo e devemos optar por fazê-lo”, disse Luff, “mas essa decisão é efetivamente para a próxima SDSR (Strategic Defence and Security Review).
“Nesse momento, vamos utilizar um deles, mas vamos rever isso na próxima SDSR, em 2015”.
Provavelmente não é a resposta afirmativa que muitos esperavam. A Campanha da Marinha, uma organização independente criada fora da SDSR, vem trabalhando em estreita colaboração com o governo, ponderando quanto a qual versão do F-35 a comprar.
No momento do anúncio de Hammond, ele disse o seguinte:
“O Governo tem afirmado repetidamente que, retornando ao caça STOVL, ambos os porta-aviões estariam operacionais mais cedo. Estamos ansiosos para ver ambos em serviço. ”
O F-35
A questão óbvia: Por que o governo optou por fazer uma reviravolta na decisão em adquirir a variante F-35B STOVL do JSF?
“Os fatos mudaram”, me disse o Ministro da Defesa.
“Nós tínhamos entendido que os navios seriam facilmente adaptáveis aos sistemas de catapultas e cabos de arrasto. Isso provavelmente era verdade, na fase inicial do projeto, digamos, dez anos atrás… mas ficou mais caro de instalar os equipamentos nos navios do que tinha sido dito no momento da SDSR, em 2010.”
O custo foi um dos principais fatores que impulsionaram esta decisão.
“O outro fato que mudou desde a SDSR, é que haviam muitas dúvidas sobre a variante B”, disse Luff, referindo-se às questões que estão sendo feitas sobre o projeto dos novos caças, após uma série de dúvidas que vieram à tona.
“Mas essas dúvidas já foram deixadas de lado, o F-35B está fora deste estagio”, confirmou Luff. “São feitas várias de horas de voo de testes e muitos pousos a bordo de porta-aviões, de modo que as incertezas sobre a variante B desapareceram.”
“As questões sobre os porta-aviões, na SDSR 2010, eram certos, mas os fatos tem mudado e assim também deve ser a nossa abordagem”, anunciou Philip Hammond, durante uma declaração ao parlamento no início deste mês, em relação à decisão do F-35. “Este Governo não vai buscar cegamente projetos e ignorar o aumento dos custos e atrasos.”
Quanto ao F-35, Luff foi claro: “Foi a decisão mais responsável de se tomar.”
FONTE: Defence IQ
TRADUÇÃO e ADAPTAÇÃO: Defesa Aérea & Naval