Por Comandante Cleber Ribeiro
O Ministério da Defesa (MD), por meio da Secretaria de Produtos de Defesa (Seprod) e do Departamento de Ciência, Tecnologia e Inovação (Decti), recebeu, na terça-feira (30), representantes da Marinha, do Exército e da Força Aérea Brasileira, além de civis e militares americanos, para tratar de assuntos afetos à ciência, tecnologia e logística, no contexto das Forças Armadas. A reunião foi dividida em três partes: apresentação de palestras, discussão de temas de interesses; e visita à Organizações Militares (OM) afetas ao contexto da reunião, sediadas em Brasília e Goiás.
O Secretario de Produtos de Defesa, almirante Marcelo Francisco Campos, deu as boas-vindas aos visitantes e abriu o encontro e, em seguida, o capitão de corveta Fabio Barbosa Louza, acompanhado pela capitão de fragata Márcia Helena Valente, pela tenente Ananda Ávila e pela servidora Ana Porthun, apresentaram os projetos desenvolvidos pelo Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira (Ieapm) ligados à acústica submarina. Segundo o comandante Fábio, o objetivo da apresentação desses projetos aos componentes do GT é fazer uma conexão dos iniciativas em andamento no Ieapm com algum projeto de interesse do departamento de defesa americano, que viabilizaria a execução de projetos de uso comum entre as marinhas do Brasil e americana.
Em seguida o coronel do Exército brasileiro Anderson Kohl fez uma apresentação em que tratou do desenvolvimento de projetos que possam coordenar a colaboração entre máquinas e seres humanos em proveito do comando e controle, onde seria dada autonomia às máquinas para que pudessem colaborar com as necessidades do agente humano sem que houvesse a perda de tempo no caminho entre a demanda e o decisor. Citou como exemplo a possibilidade de uso de um veículo aéreo não tripulado (Vant) no monitoramento de uma localidade com grande concentração de pessoas em que houvesse a necessidade de uma evacuação do local. Ocasião em que os Vant, por meio de software em rede, dariam informações aos agentes no solo que permitiria uma melhor coordenação para a rota de fuga das pessoas. O coronel destacou o caráter dual do projeto, pois seria um artefato de defesa utilizado em prol da sociedade civil.
E por fim, o coronel da Força Aérea Brasileira, Alan Elvis de Lima, disse que a Força Aérea está se reestruturando com o pensamento no futuro e busca chegar em 2041, quando a FAB faz 100 anos, com eficiência e pronta para a defesa do espaço aéreo. E para tal necessita de tecnologia de ponta. E este desenvolvimento é encontrado em parceria com outros países, e os Estados Unidos pode contribuir para este esforço. Assim o propósito da participação na reunião é conseguir parcerias em tecnologia estratégicas para o alcance dos objetivos tecnológicos da FAB. O militar destacou que não só o Brasil busca conhecimentos com os EUA e ressaltou que na área de hipersônica, por exemplo, o Brasil se encontra no estado da arte, e é destaque no cenário mundial, tendo muito a passar para outros países, inclusive para os Estados Unidos. O oficial destacou ainda que as tecnologias disruptivas, ou seja, aquelas que estejam além do que já existe na atualidade, podem se desenvolver em qualquer país do mundo, independentemente do tamanho e da condição econômica, e em um país com as dimensões do Brasil as chances são maiores ainda. O interesse dos americanos pelo potencial dos nossos pesquisadores pode ser comprovado pela grande quantidade de representantes enviados para a reunião, destacou o coronel.
Na sequência, por parte dos americanos, o Dr. Karl Dahlhauser, apresentou quais as seriam as principais prioridades, em termos de novas tecnologias, para a modernização das Forças Armadas estadunidense. Encerrando a fase apresentações, o subchefe de Assuntos de Defesa do Ministério das Relações Exteriores (MRE), Carlos Fernandes, falou sobre o andamento do Acordo de Pesquisa, Desenvolvimento, Teste e Avaliação, que se encontra em análise naquele ministério.
Já o diretor do Decti, general Decílio de Medeiros Sales, explicou que as parcerias do Brasil e Estados Unidos sempre foram estratégicas para ambos os países, e que a ciência e a tecnologia fazem parte deste contexto. Ressaltou que em 2015, a partir da ratificação pelo Congresso Nacional do Acordo sobre Cooperação em Matéria de Defesa (Defense Cooperation Agreement – DCA) e do Acordo relativo a Medidas de Segurança para a Proteção de Informações Militares Sigilosas (General Security of Military Information Agreement – Gsomia), ambos assinados em 2010, foi criado o Subgrupo de Ciência, Tecnologia e Logística (Science, Technology and Logistics Subgroup – ST&L SWG), que constitui fórum técnico vinculado ao Grupo de Trabalho Bilateral de Defesa Brasil-EUA. O grupo se reúne anualmente, com revezamento entre os países, com o propósito de estabelecer procedimentos para a realização de atividades conjuntas visando desenvolver ou melhorar capacitações para os países, abrangendo tecnologias de interesse e pesquisa aplicada pelas Forças Armadas de ambos os países, e buscar estratégias de forma a serem mais eficientes.
Segundo o coordenador do encontro, coronel Francisco Yukishique Caldas Marques de Abreu, no Ministério da Defesa os assuntos “Ciência e Tecnologia” e “Logística” são tratados separadamente pela Secretaria de Produtos de Defesa/SG e pela Chefia de Logística/EMCFA – Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas, e pelo lado norte-americano estas matérias são abordadas e coordenadas conjuntamente pelo Escritório do Subsecretário de Defesa para Aquisição, Tecnologia e Logística (Office of Under Secretary for Defense Acquisition, Technology and Logistics – OUSD (AT&L)) do Departamento de Defesa dos EUA, razão pela qual no referido Subgrupo são tratados temas do interesse da Logística.
Já nesta quarta-feira (31), os componentes do grupo de trabalho visitaram o Centro de Operações Espaciais – Principal, onde conheceram as instalações de onde é acompanhado o funcionamento do Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC-1), lançado em maio de 2017, em parceria coma Telebrás. Em seguida, dirigiram-se à cidade de Formosa, no estado de Goiás, onde conheceram as instalações do Forte de Santa Bárbara e algumas organizações lá sediadas e visitaram uma exposição das novas viaturas Astros 2, modelo MK 6, pertencentes ao Exército Brasileiro (EB), considerada uma das mais modernas do mundo.
No complexo do Forte conheceram também, as futuras instalações do Centro de Instrução de Artilharia de Mísseis e Foguetes, e o Centro de Logísticas de Mísseis e Foguetes, que se encontram em fase final de ocupação.
No encerramento do encontro, ficou acertada para daqui a seis meses, uma videoconferência para a atualização do andamento dos projetos e a definição da data do próximo encontro, desta vez em terras americanas.
Fotos: Alexandre Manfrim/MD