Por ocasião da feira de Defesa & Segurança – LAAD 2017 no Rio de janeiro, o Defesa Aérea & Naval entrevistou o Diretor do Programa Gripen no Brasil, Sr. Bengt Janér da SAAB.
Defesa Aérea & Naval – Onde os engenheiros que estão na Suécia irão trabalhar quando retornarem ao Brasil? Na SAM – SAAB Aeronáutica Montagens em São Bernardo do Campo ou no Centro de Desenvolvimento do Gripen NG de Gavião Peixoto?
Bengt Janér – Os engenheiros brasileiros voltam da Suécia para trabalhar no Centro de Projetos e Desenvolvimento do Gripen, em Gavião Peixoto, e nas empresas com as quais a SAAB tem acordos de cooperação industrial, como AEL e Akaer, por exemplo.
DAN- Qual a participação efetiva da Akaer no programa Gripen NG?
BJ – Desde 2009, a Akaer participa ativamente do desenvolvimento do Gripen. Na primeira fase, entre 2009 e 2011, a Akaer fez os estudos preliminares e a concepção da fuselagem traseira e de parte da fuselagem central, das asas e das portas do motor e do trem de pouso principal. A partir de 2012, a Akaer foi responsável pelo desenvolvimento completo da fuselagem traseira, região onde fica instalado o motor e se conecta a empenagem vertical, incluindo dimensionamento, otimização, detalhamento e integração. Na sequência, a partir de 2014, a Akaer assumiu a responsabilidade pela otimização, documentação de engenharia e detalhamento de partes da gun unit e da fuselagem central.
DAN- Qual o estágio atual do desenvolvimento do Gripen E? O que está faltando para o primeiro voo?
BJ – Em 18 de maio de 2016, o primeiro Gripen E foi apresentado em uma cerimônia na Suécia. Desde então, a SAAB tem realizado atividades de verificação na aeronave, além de ter iniciado o período de testes em solo. Os trabalhos seguem de acordo com o planejado e estamos dentro do cronograma quanto aos testes e as próximas entregas. O primeiro voo irá acontecer no segundo trimestre de 2017.
DAN – Qual é a data efetiva da entrega do primeiro Gripen Br?
BJ – O cronograma do Gripen NG segue de acordo com o planejado, com as entregas previstas para o período de 2019 a 2024.
DAN – Houve transferência de tecnologia para empresas brasileiras?
BJ – O envolvimento antecipado do Brasil no projeto e no desenvolvimento do Gripen NG garante à Força Aérea Brasileira e à indústria do país acesso a todos os níveis de tecnologia, atuais e futuros. O programa de transferência de tecnologia para o Brasil teve início em outubro de 2015 e se desenvolverá ao longo de cerca de dez anos.
Atualmente, cerca de 150 engenheiros brasileiros estão participando de treinamentos teóricos e práticos na fábrica da SAAB, na Suécia. Mais de 30 profissionais já retornaram ao Brasil e a maioria está trabalhando no GDDN. Mais de 350 brasileiros irão participar no programa de transferência de tecnologia. Serão mais de 60 projetos, com duração de até 24 meses.
DAN – O que foi transferido e quais empresas receberam?
BJ – A SAAB veio para o Brasil para ficar e isso também significa expandir a cooperação e criar parcerias estratégicas de longo prazo com a indústria brasileira. A troca de conhecimento oferece benefícios mútuos e nos permite dar outro passo no programa de transferência de tecnologia e no desenvolvimento do Gripen para o Brasil e para a indústria brasileira de defesa.
As empresas e instituições beneficiadas pelo programa de transferência de tecnologia do Gripen são: Embraer, AEL Sistemas, Akaer, Atech, Inbra Aerospace, Atmos e o Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA).
DAN – Quais os planos para se exportar Gripen E/F a partir do Brasil? Essa possibilidade ficará restrita a América Latina?
BJ – Os detalhes desse acordo comercial estão em andamento e serão divulgados no momento oportuno.
DAN – Existem planos da SAAB para o desenvolvimento de uma plataforma EW (Eletronic Warfare), a partir do Gripen F?
BJ – Sim.
DAN – Quando será a entrega da primeira unidade do Gripen F para a FAB?
BJ – O cronograma do Gripen NG segue de acordo com o planejado, com as entregas previstas para o período de 2019 a 2024. As primeiras aeronaves a serem entregues serão as da versão monoposto, seguidas pela versão biposto.
DAN – No caso de vendas futuras do Gripen F, esses serão construídos exclusivamente no Brasil? Se negativo, o Brasil receberá alguma compensação (royalties) sobre esses vendas?
BJ – Os detalhes desse acordo comercial estão em andamento e serão divulgados no momento oportuno.
DAN – O Gripen tem a característica de estar sempre sendo atualizado, o que lhe rendeu ser reconhecido como Smart Fighter. Como se será esse processo com os Gripen Br? Qual será a participação brasileira nessas futuras atualizações?
BJ – A aeronave continuará sendo atualizada em parceria com a indústria brasileira.
DAN – Caso o Gripen Maritime seja adquirido pela Índia, o mesmo poderia ser construído no Brasil, caso a Marinha volte a operar um Porta Aviões?
BJ – Esta cooperação é possível.
DAN – A SAAB sempre teve a preocupação de desenvolver o Gripen M para contornar as restrições operativas impostas pelo NAe São Paulo. Como a decisão da MB em retirar de serviço seu porta-aviões e a sinalização de que vai manter sua aviação de asa-fixa, o Gripen M ganha mais força pela padronização com o caça da FAB, aliado a inexistência das restrições operativas em um futuro porta-aviões brasileiro?
BJ – Estaremos no Brasil por um longo tempo. Acreditamos que o desenvolvimento do Gripen Marítimo é uma excelente oportunidade para promover nossa parceria com o Brasil e com a indústria brasileira. Estamos à disposição para um diálogo sobre como proceder.
DAN – Se a Marinha optar por um Porta Aviões sem catapultas, ou seja, com um Ski Jump, o Gripen M poderia operar sem restrições?
BJ – Sim, poderá operar desde que alguns requisitos sejam cumpridos em relação ao comprimento do convoo.
DAN – No caso do Gripen M, os planos da SAAB contemplam apenas a versão monoplace, ou podemos esperar uma versão embarcada biplace?
Notem que :
– a Mectron não participa das ToTs citadas. Nada de manter a cultura de projeto e fabriação de radar na Mectron, após a entrega dos radares SCP-01 Scipio do AMX, desenvolvimento do radar auto-diretor do MANSUP. A lógica seria a Mectron entrar na geração AESA com alguma participação (fabricação % pequena, software, manutenção) no radar Raven ES-05 do Gripen NG;
– nada de dizer data ‘exata’ (ao menos o ano) para entrega do 1o Gripen F. Por quê ? Não tem cronograma ?
– nada de dizer o cronograma do item com maior risco e que ainda não está pronto no programa Gripen NG : o radar Raven ES-05. Estará ‘operacional’ em 2019, na planejada entrega do 1o Gripen E de produção para a FAB ? Ou ao menos com que modos radar ?
– nada de relatar andamento e cronograma previsto de integração dos armamentos já contratada para o Gripen NG. Aliás, a lista de tais armamentos não parece ser pública, ou seja, nem sabemos ao certo quais armamentos já tiveram contrato de integração ou foram ao menos selecionados;
– poderiam confirmar o aumento de MTOW p/ 17,2 ton., até agora só tem notícia via twitter da Saab.
Penso que os caças da Marinha do Brasil , deveriam ser bimotores , quem sabe o F-18 Super Hornet Block lll ou Mig 35 ,,,estaríamos bem servidos ,,,,16 desses para a M.B. ..está otimo
Parabens pela materia! Quando li que a SAAB veio para ficar, fiquei mais tranquilo em relacao a TOT. Vamos torcer para sair o Gripen naval. O mesmo podera trazer muitos beneficios para nos brasileiros.
Parabéns ao DAN, ao meu ver, fantástica a reportagem