Após o fiasco da tentativa de vender o Rafale para a Força Aérea Brasileira, a fabricante francesa Dassault Aviation aposta na obtenção de um contrato para vender 126 caças para a Índia.
O negócio envolverá cerca de 12 bilhões de dólares e uma parceria tecnológica de pelo menos 20 anos.
Numa entrevista concedida ao jornal “Le Monde”, o novo presidente da Dassault, Eric Trappier, disse que o Rafale deverá obter o sinal verde na análise técnica dos militares indianos.
É uma parte do caminho, segundo ele. O resto é política: o presidente François Hollande deverá viajar para a Índia para tentar amarrar as pontas do negócio.
“É a dimensão política que é importante agora, um país não compra essa quantidade de equipamento de um outro país se não há uma relação forte entre os dois Estados no longo prazo”, disse Trappier ao jornal francês.
A situação do contrato na Índia é, de certa forma, inversa ao que se passou no Brasil, onde a simpatia política precedeu a questão técnica.
O processo para a compra de 36 caças por R$ 10 bilhões (valores atualizados) é uma novela inconclusa que começou em 2001, ainda no governo Fernando Henrique Cardoso. O processo foi suspenso em 2003, após a chegada de Luiz Inácio Lula da Silva ao Planalto, e foi reformulado.
Junto com Nicolas Sarkozy, Lula chegou a expressar preferência pelo Rafale, mas a análise técnica da Aeronáutica preferiu o caça sueco Gripen. Também estava na disputa o americano Super Hornet.
Em visita à França em dezembro, a presidente Dilma Rousseff disse, ao lado de Hollande, que suspendeu o projeto de compra de caças para a Aeronáutica por causa da crise econômica.
FONTE: Folha SP