O Esquadrão Puma (3°/8°GAV) encerrou a participação da Força Aérea Brasileira (FAB) no Exercício Geral de Emergência Nuclear, em Angra dos Reis (RJ), na quinta-feira (24/09). Houve dois voos de treinamento: um para evacuação aeromédica de paciente radioacidentado e outro para monitorar a dispersão da pluma radioativa na atmosfera. O primeiro feito em parceria com o Instituto de Medicina Aeroespacial (IMAE) e o segundo com técnicos do Instituto de Radioproteção e Dosimetria (IRD) a bordo.
Durante o treinamento, os médicos e técnicos do IMAE foram levados pela aeronave da FAB até a região de Mambucaba, a cerca de 50 km do centro de Angra dos Reis e a 10 km da usina de Angra 1, onde prestaram atendimento a um funcionário da usina supostamente contaminado pela radiação. O radioacidentado foi acomodado na cápsula especial e transportado pelo H-34 até o Hospital Marcílio Dias, no Rio de Janeiro.
Segundo o Comandante do Esquadrão, Tenente-Coronel Eduardo Barrios, o objetivo do treinamento é capacitar o efetivo para atender as ocorrências Química, Biológica, Radiológica e Nuclear (QBRN). “É uma grande oportunidade de colocar em prática o conhecimento teórico que os nossos aeronavegantes receberam desde o início do ano no IMAE”, explica o Tenente-Coronel Barrios.
Para o piloto da aeronave, Tenente Diego Augusto Alves Stefaisk, o transporte de uma vítima radioacidentada requer procedimentos de segurança específicos. “Durante todo o voo, a quantidade de radiação recebida pela tripulação é monitorada”, afirma. Para o militar, esse exercício serve também para tranquilizar a população de Angra dos Reis. “A integração e capacitação das equipes que atuarão em emergência nuclear é evidente durante o treinamento e propicia segurança às pessoas da região”.
Técnicos monitoram nível da radiação – O treinamento feito em parceria com o IRD possibilitou familiarizar a tripulação do helicóptero com o Sistema Argus, programa que realiza uma estimativa do direcionamento da pluma após a liberação do material radioativo na atmosfera. Foram instalados na aeronave um equipamento chamado Sparcs, que contém um conjunto de detectores capaz de medir o nível de radiação do ambiente, numa altura entre 300 e 600 metros.
De acordo com o mestre em radioproteção do IRD, José Francisco Pereira, o equipamento utilizado pelo instituto na aeronave detecta a pluma radioativa numa abrangência aproximada de até o dobro da altura do helicóptero no momento da captura dos dados. “O importante para o sucesso da operação é o helicóptero realizar um padrão de voo planejado com os técnicos para conseguirmos uma maior precisão dos dados”, explica Pereira.
Participaram também do voo o físico nuclear Cláudio Antônio Federico e o engenheiro eletrônico Fernando Bruno Dovichi, técnicos do Serviço de Proteção Radiológica do Instituto de Estudos Avançados (IEAV), do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA). Os profissionais monitoraram o voo para assegurar que a aeronave não fosse exposta a um nível de radiação que oferecesse risco à tripulação. “Após o pouso foi conferido se a superfície da aeronave sofreu alguma contaminação. Amostras foram coletadas para análise no laboratório do IEAV, com o objetivo de garantir que não existe nível de radiação no helicóptero”, explicou Cláudio Federico.
Preparação para as Olimpíadas 2016 – As missões do Esquadrão durante o exercício de emergência servem também como capacitação para os Jogos Olímpicos 2016, no Rio de Janeiro. “Estaremos com helicópteros de alerta durante as Olimpíadas para atender, em parceria com o IMAE, as ocorrências Química, Biológica, Radiológica e Nuclear (QBRN)”, finaliza Tenente-Coronel Barrios.
O Exercício Geral do Plano de Emergência da Central Nuclear reuniu mais de 500 pessoas de 58 instituições participantes do Sistema de Proteção ao Programa Nuclear Brasileiro (SIPRON), entre 22 e 24 de setembro, em Angra dos Reis (RJ). Durante as missões aéreas participaram também um helicóptero Pantera K2 do Exército Brasileiro e um H-36 Caracal, da Marinha do Brasil.
Fonte: Agência Força Aérea