Por José Gabriel Pires
O conflito russo-ucraniano se aproxima de completar seu segundo ano. Esse período foi caracterizado por avanços e recuos de ambos os lados, com adaptações às condições operacionais impostas pelo ambiente e pelo adversário, especialmente com desenvolvimento e emprego de inovações tecnológicas. Nesse contexto, fontes ucranianas alegam ter tido sucesso em um ataque a um terminal de petróleo próximo a São Petersburgo, segunda maior cidade russa, no último dia 18 de janeiro.
Embora haja controvérsia sobre a efetividade do ataque, esse evento ilustra a relevância e a amplitude do emprego dos drones e outras tecnologias. Desse modo, questiona-se por que seu uso no conflito russo-ucraniano pode se desdobrar em impactos para além dele. Os veículos não tripulados, ou drones, estão presentes naquele teatro de operações desde o início do conflito, principalmente com o intuito de coletar informações sobre o campo de batalha e de orientar disparos de artilharia.
Alguns dos mais conhecidos drones militares utilizados são os Shahed-136 iranianos, do lado russo, e os TB2 Bayraktar turcos, do lado ucraniano. Diferente da aviação militar tradicional, essa tecnologia habilita diferentes tipos de ataques, que variam em alcance e capacidade ofensiva, com o diferencial de serem muito mais baratos que uma aeronave convencional (o investimento em uma aeronave multipropósito F-35 equivale ao valor de 55 mil drones DJI Mavic chineses) e com a vantagem de não arriscar a vida de pilotos. Nesse sentido, os drones de menor porte, configurados por Inteligência Artificial (IA) para atuar em enxames, são uma tendência devido ao potencial que sua escala de utilização proporciona, por exemplo, ao saturar sistemas de defesa aérea.
Kiev também tem tido algum sucesso com o uso de drones navais, utilizados para atacar embarcações russas, limitando a circulação da esquadra do Mar Negro. Com o desenvolvimento e a evolução desse tipo de abordagem, também surgem contramedidas. Nesse cenário, uma das principais defesas contra os drones está na Guerra Eletrônica, por meio de jamming. Essa tática consiste na interferência intencional nas ondas eletromagnéticas que conectam o dispositivo ao controlador, perturbando ou até mesmo impossibilitando a transmissão de dados, de modo a prejudicar as operações do adversário.
O conflito russo-ucraniano tem sido palco para muitos avanços na aplicação militar dos drones, seja para vigilância, seja para ataque. As vantagens apresentadas do uso de IA, tanto em drones projetados com propósito
militar quanto os civis adaptados, também sugerem seu potencial para remodelar as abordagens táticooperacionais contemporâneas.
FONTE: Boletim GeoCorrente