O contrato da Embraer para fornecimento de 20 aviões de ataque leve A-29 Super Tucano para a Força Aérea americana não vai ser paralisado. O Departamento de Defesa dos Estados Unidos, o Pentágono, decidiu ontem atropelar o protesto da empresa derrotada na escolha, a Beechcraft Corporation, cuja consequência prática seria o congelamento da operação, avaliada em US$ 427,5 milhões, por 100 dias.
O argumento da aviação militar dos EUA para ignorar a reclamação é a “circunstância inusual e de interesse nacional da ação”, destinada a equipar a nova Força Aérea do Afeganistão, que está sendo organizada pelo Pentágono. A medida permite o andamento das providências para a fabricação dos turboélices. A primeira entrega é esperada para o começo do segundo semestre de 2014.
O interesse pelo pacote é sua possibilidade de médio prazo: se tudo correr bem, haverá uma segunda solicitação no valor aproximado de US$ 955 milhões, cobrindo 55 aeronaves.
A contestação foi protocolada no dia 8, no The U.S. Government Accountability Office, responsável por um trabalho semelhante ao dos Tribunais de Contas do Brasil. A Beechcraft alega que o preço de aquisição cresceu muito em relação à primeira licitação – também perdida por ela – em 2011, sem considerar as alterações impostas à concorrência. O grupo sustenta ainda que a encomenda provocará a perda de 1,4 mil empregos na indústria aeronáutica dos EUA – embora, desde 2007 até 2012, tenha feito cerca de 5 mil demissões e transferido plantas industriais para o México, na região de Chihuahua.
Segundo Luiz Carlos Aguiar, o presidente da Embraer Defesa e Segurança (EDS), a fábrica da empresa em Jacksonville, Flórida, de onde sairão todos os A-29, “está sendo preparada para dar início à produção“. O empreendimento tem um parceiro local, a Sierra Nevada Corporation, da cidade de Sparks, no Estado de Nevada. O consórcio binacional, diz Aguiar, vai mobilizar um círculo de fornecedores formado por 100 empresas localizadas em 20 diferentes áreas, gerando 1,4 mil novas vagas.
A encomenda abrange as estações de treinamento, os componentes, as peças e a instrução do pessoal técnico. A venda habilita a EDS no restrito mercado de Defesa dos Estados Unidos e alavanca as possibilidades de outros negócios. Para Aguiar, o potencial desse produto no mercado mundial – que era estimado em US$ 4,5 bilhões – agora crescerá bastante. “Precisamos redimensionar o tamanho do salto.”
O Super Tucano está sendo oferecido desde meados de 2012 com novidades tecnológicas importantes, como o sistemas de armas da Boeing Defense. A empresa foi selecionada pela Embraer para participar do plano destinado a adicionar novas capacidades ao turboélice.
A Boeing fornecerá equipamentos avançados
Um deles, o Joint Direct Attack Munition (JDAMS), é uma espécie de kit que transforma bombas “burras” em versões “inteligentes”, para ataques de precisão. Cotado a US$ 25 mil a unidade, o conjunto será acompanhado do JDAM Laser, acessório que aumenta o raio de ação e reduz a margem de erro das armas.
FONTE: O Estado de SP