Por Garrett Reim
Sem um orçamento de defesa grande o suficiente para autofinanciar o desenvolvimento de seu caça de última geração, o BAE Systems Tempest, o Reino Unido terá que estabelecer parcerias com países estrangeiros para ajudar a arcar com os custos.
Embora possa ter feito sentido financeiro para Londres fazer parceria com o projeto do Sistema de Combate Aéreo Futuro Franco-Alemão (FCAS), liderado pela Dassault Aviation e Airbus, a política tornou isso cada vez mais improvável, disseram especialistas do setor aeroespacial durante um webinar da FlightGlobal realizado em conjunto com o FIA Connect em 21 de julho.
“Quando o Reino Unido decidiu o Brexit, eles deixaram muito claro [que] estamos sozinhos agora”, diz Robin Southwell, ex-diretor executivo da Airbus UK. Além disso, concordar com a liderança de tais projetos de prestígio pode ser politicamente complicado. “É muito difícil para a França e o Reino Unido se unirem, porque os dois países querem estar no comando e é muito difícil relaxar isso”, diz ele.
Além disso, a consolidação da indústria necessária para apoiar um programa de caça europeu seria inaceitável para muitos países, que desejam se manter no comando, empregos e propriedade intelectual, diz Douglas Barrie, pesquisador sênior do setor aeroespacial militar do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos.
“Se a resposta for [que] você só pode ter um programa, o problema no nível europeu, e eu incluo o Reino Unido na Europa, é que metade do setor perde. Para os países que perdem, é muito, muito prejudicial”, diz ele. “E você deve se lembrar, há um elemento nacional terrivelmente forte em tudo isso.”
Como resultado, é esperado que o custo dos dois caças europeus de próxima geração seja maior do que se houvesse apenas um único programa.
“Você pode ter dois programas. Significa apenas que será muito mais caro”, diz Southwell. “Programas dessa natureza, as [despesas] não recorrentes ou investimento em desenvolvimento e design, são o elemento significativo do custo do programa.”
Como resultado, o Reino Unido precisa procurar no exterior parceiros e clientes de desenvolvimento para ajudar a compartilhar o custo. Até agora, o Team Tempest cresceu para incluir a Saab da Suécia e a Leonardo da Itália. No entanto, Londres parece ter apetite por parceiros adicionais.
O outro parceiro militar natural do Reino Unido são os EUA.
“Os Estados Unidos claramente nos acomodariam para estarmos mais engajados em seus programas”, diz Southwell. “Embora, como um colega alemão da Airbus tenha me dito uma vez: ‘Nós sempre acabamos fazendo as portas dos banheiros traseiros’. Nós devemos estar cientes do grau de trabalho nobre que seria associado a isso.”
O Reino Unido tem outras opções além dos EUA, diz Richard Aboulafia, vice-presidente de análise do Teal Group.
“Existem vários mercados que desejam o desenvolvimento de aeronaves de combate indígenas com um alto grau de transferência e cooperação de tecnologia”, diz ele. “No caso da Grã-Bretanha, eles sempre estarão muito alinhados com a Arábia Saudita, que tem capacidades muito limitadas em termos de participação de aeronaves de combate, exceto no importante campo monetário”.
Isso poderia resultar em algum tipo de instalação limitada de montagem e check-out (FACO) na Arábia Saudita, diz Aboulafia.
O outro parceiro internacional interessante para o programa Tempest é o Japão. No entanto, os planos do Future Fighter de Tóquio são difíceis de determinar.
“O interessante é que os japoneses decidiram não continuar com um F-35 da [Lockheed Martin] FACO no país”, diz Aboulafia. “Isso significa que eles estão mantendo um programa da Mitsubishi que possa envolver várias pessoas, ou pode estar abandonando o conceito de soberania dos caças e simplesmente não foram capazes de dizer ainda porque, é claro, isso irritaria muitas pessoas na indústria e na [Força Aérea de Autodefesa do Japão]. ”
Fora da Arábia Saudita e do Japão, Southwell diz que as relações do Reino Unido com a Austrália, o Canadá ou a Índia podem ser transformadas em uma parceria de caça da próxima geração.
Por fim, qualquer que seja o formato da linha de moldagem externa do Tempest, o Reino Unido poderá se associar para compartilhar subsistemas com os caças da próxima geração de outros países, diz Claude Alber, vice-presidente da Collins Aerospace na Europa para gerenciamento de clientes e contas.
“Por meio de acordos bilaterais industriais ou nacionais, pode haver cooperação em determinadas áreas de tecnologia, permitindo diferenças de [conceito de operações] de um lado, mas também permitindo benefícios econômicos ao custo de desenvolvimento”, diz ele. “Este é um sistema de sistemas, então existem muitas áreas em que a colaboração tecnológica pode ocorrer”.
FONTE: Flight Global
TRADUÇÃO E ADAPTAÇÃO: DAN
O projeto Tempest pode ser o canto do cisne da industria de aeronáutica de caça do Reino Unido se vier a se frustrar.
Após abandonar de perseguir a continuidade do seu projeto nacional único do Harrier em prol do F-35B americano e de ter tido em seguida dois projetos de caças pan-europeus no Tornado e no Eurofighter Typhoon fica cada vez mais clara a incapacidade ECONÔMICA do governo do Reino Unido de bancar sozinho um programa tecnológico deste porte de um avião de caça.
Há a necessidade absoluta de parcerias internacionais fora da União Européia(Suécia em primeiro lugar) mas ficaa cada vez mais restrito as opções de escolha.
Existe também um crescente e relativo isolamento político-militar que o Reino-Unido está se auto-impondo ao sair da União Européia (e se tornando um aliado automático americano ainda mais explícito do que tradicionalmente já era). Encontrar parceiros aceitáveis aos EUA é quase impossível e o histórico da influência americana sabotar por dentro os projetos de seus aliados pode acontecer novamente ao projeto Tempest dentro do próprio Reino Unido, é bem conhecida a situação similar dos tempos do projeto Lavi de Israel onde o Lobby americano implodiu o projeto nacional em benefício dos F-16 americanos (e que hoje os israelenses não podem repassar a ninguém graças aos vetos americanos)
Ambos aspectos acima tornam a tarefa de tocar um projeto tecnológico tão ambicioso e potencialmente tão concorrente comercialmente às aeronaves militares americanas como o Tempest seja presumivelmente uma tentativa quase impossível de ser tocada com sucesso no ambiente no futuro próximo do Reino Unida em franca decadência econômica.
Uma saída da zona Euro sem regulação, crise da pandemia, alinhamento automático com os EUA e uma possível retirada dos ENORMES investimentos chineses no Reino Unido em função do alinhamento com os EUA, proibição da participação da Huawei chinesa no 5G britânico e os mais que recentes choques diplomáticos com a CHINA por causa de Hong-Kong que no conjunto destas coisas PODEM levar o governo chinês a uma postura de endurecimento inicial com o OCIDENTE.
MAS levaria a meu ver, a uma iniciativa estratégica inicial chinesa de mostrar direcionadamente e prioritariamente ao Reino Unido uma posição de retaliação mais forte dentro de um primeiro momento em uma guerra comercial de verdade mas ANTES de fazê-lo diretamente contra os EUA.
Atacando indiretamente o Reino Unido e não dando a oportunidade do uso eleitoral direto que tanto os EUA de Trump deseja neste momento.
A China tem razões históricas para ter mais contas a ajustar com o Ex-Império Britânico do que com os EUA, a opção de retaliar pesadamente o Reino Unido ANTES de uma guerra aberta total com os EUA deve estar em alta prioridade na mesa decisória do governo chinês neste momento…
Evitaria a vitimização direta de D.J.Trump antes da eleição e enviaria um poderoso gancho de esquerda geopolítico… Ao Reino Unido…
Mas isso é só minha opinião…
A verdade é que nós temos muito mais laços com os Alemães e Franceses do que com os Ingleses. Mas minha preferencia seria pelo programa britânico devido a sua seriedade mais apurada e como mencionado acima, uma extensão do trabalho conjunto com a própria Saab.
O Brasil mais cedo ou mais tarde vai entrar no Tempest, já estamos no Gripen NG , já entramos na cadeia de abastecimento do Gripen NG, daqui a 10 anos talvez estaremos no programa FS2020 da SAAB que é uma porta de entrada para o Tempest, lembrando que o Gripen NG é uma caça com muita tecnologia de ponta embarcada, muitas dessas tecnologias serão implementadas em projectos de 5G ou 6G de caças, incluindo o Tempest, o Brasil escolheu o melhor parceiro, mas deve no final de tudo ser autonomo, desenvolvendo o seu próprio produto, desenvolvendo os seus próprios caças… Ficas existado com programa de defesa de outros países não é bom para a nossa realidade.
Neste contexto nem sequer mencionaram o Brasil. Mas nós mesmos nos cerceamos. Há muitos que consideram um investimento desnecessário ou mesmo incosequente. É uma pena.
De fato é uma pena. Os ganhos industrial e tecnológico seriam imensos. Seria uma extensão da parceria com a SAAB, que também está entrando no programa Tempest.
O problema é que vivemos num país de profissionais liberais, não de cientistas.
Rommel, Doug,
Em verdade, não se faz absolutamente necessária uma aeronave de 5ª geração para o Brasil. Até mesmo porque, nesse momento da história, uma nova geração de aeronaves não tripuladas que certamente haverão de aparecer em considerável número a partir da quarta década deste século, já está em pleno desenvolvimento. Em suma, deveríamos estar pensando na próxima geração e elaborando o que seria um vetor que estará na fase de transição ( ou o que poderia ser o auge da quinta geração…? ); e é o que as grandes potencias militares ( EUA, Rússia e China ) já estão fazendo, além de outros países tecnologicamente avançados ( Suécia, Israel, França e o próprio Reino Unido ) que já vislumbram o potencial do UAV de combate.
Resumindo, o Gripen NG, somado a um vetor capaz de operação autônoma, é o que poderíamos pensar para uma força aérea para esta primeira metade de século, projetando para a metade seguinte um tipo completamente autônomo.
Racionalizar operação… tirar o piloto do cockpit, ampliar a automação, ampliar a inteligência… ampliar a consciência situacional… além de se desenvolver petardos cada vez mais avançados… Isso eu penso ser o futuro da aviação de combate…Temos que estar algumas jogadas a frente…
E porque eles citariam o Brasil? Um país que deu calote na estação espacial internacional e foi expulso do projeto por isso, deu calote no Elt, o super telescópio europeu e foi expulso do projeto por isso e estamos dando calote há dois anos no Cern, questão de tempo para sermos expulsos por isso também, ou seja, três grandes projetos internacionais que fomos convidados, assumimos compromissos e não cumprimos os mesmos