Uma fábrica de aviões instalada em Paraguaçu faz renascer a história da aviação na cidade. Desde a década de 1940 a cidade tem ligação com as aeronaves. Até aeroporto da cidade passou por readequações. E na indústria, o pensamento é de expansão.
Um dos modelos projetados já está em funcionamento na cidade. Além dele, outros trezes estão na linha de montagem e mais um deve ser entregue no Estado do Pará em breve. As aeronaves custam a partir de R$ 300 mil.
“A gente faz praticamente de tudo. Tem cliente que chega, joga a planta de um modelo de avião na mesa, [diz] ‘quero um avião desse’, e a gente é encarregado de fazer tudo. Faz os gabaritos, faz o ferramental, corre atrás de material, fabrica os aviões de qualquer modelo. É uma característica que diferencia das demais fabricantes”, explicou Roberto Brandão Serrano, gestor da fábrica em Paraguaçu.
Roberto tem bagagem na aviação, por anos pilotou até aeronaves da Esquadrilha da Fumaça. Quando deixou a Embraer, resolveu aproveitar a experiência na fabricação dos aviões. As operações na fábrica de Paraguaçu tiveram início no ano passado.
“Em 2011, eu vim para Campanha, onde montei. Ai tive incentivo da cidade de Paraguaçu, foi quando mudei para cá”, relembrou.
A fábrica conta atualmente com 15 funcionários, mas se os negócios decolarem, a expectativa é chegar até o fim do ano com mais de 100. A mão de obra tem que ser qualificada, mas isso não é problema, o próprio gestor faz a capacitação, e de graça.
“É um curso de introdução à tecnologia aeronáutica. A gente já teve de dez versões desse curso e já formou mais de 500 meninos. A ideia é, assim que normalizar a situação e as escolas voltarem a funcionar, montar a 11ª turma em Paraguaçu. Os alunos que tirarem nota acima de sete, eles vêm para a fábrica, faz um mês de prática. Aqueles que se despontam na produção, tem a grande chance de serem contratados com registro em carteira”, comentou.
Paraguaçu e a aviação
A história de Paraguaçu com a aviação é antiga. A cidade teve um aeroclube, na década de 1940, onde vários pilotos foram formados.
“Tinha um empresário daqui, que morava no Rio [de Janeiro]. Ele resolveu investir na cidade natal dele, onde ele foi criado. Então, naquela época, estrada muito difícil, comunicação difícil, ele pediu para que fosse aberto aqui um aeródromo, para que ele pudesse ter facilidade para acessar a cidade dela. Isso foi feito, logo depois ele entusiasmado , fazendo parte da campanha Asas Para o Brasil, ele resolveu adotar Paraguaçu uma escola de aviação. A primeira turma foi formada em 1943, foram 20 alunos”, contou o aeronauta Thompson Leite Rodrigues.
A prefeitura tem participação na chegada da empresa. O aeroporto que estava abandonado, agora pode passar por revitalização. O objetivo é transferir toda a fábrica para o local.
“Calhou que a empresa veio para cá e nós regularizando o nosso aeroporto. Foi solicitado, foi deferido, passou pela Câmara Municipal e deu tudo certo. A empresa veio, se instalou, trouxe mais outro setor. Primeiro veio a fábrica, depois a oficina. A contratação de funcionários, mão de obra e crescendo. Com isso, ganha a cidade, recuperamos a nossa história, ganha a empresa, gera empregos. Enfim, só temos a ganhar’, disse Cláudia Prado Fressato Tocha, que é gestora do aeroporto.
Se bons ventos alavancarem os negócios, e a demanda no setor crescer, voos maiores poderão ser alcançados na cidade por meio da empresa.
“Tudo correndo bem, a gente vai estar montando uma outra empresa focada só na questão de defesa. Hoje a gente tem o projeto de um cargueiro, para 12 pessoas, tem o projeto de um treinador militar de asa baixa, de um veículo aéreo não tripulado, para drones”, apontou Roberto Brandão Serrano, gestor da fábrica em Paraguaçu.
FONTE: G1
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