“Para nós parece sempre que é a primeira vez. A gente se emociona, chega a chorar”.
O Sargento Roberto Aparecido Lima não parece se sentir muito confortável quando está no solo andando tranquilamente e com conversando com a voz mansa. Com as botas marrons que revelam o status de paraquedista e um uniforme cheio de símbolos de outros cursos operacionais, ele certamente se sente muito mais à vontade quando está voando a bordo das aeronaves do Esquadrão Pelicano, onde há 25 anos cumpre missões de busca e salvamento. “Eu já estou até preocupado porque vou para a reserva no ano que vem”, brinca.
Ele cumpre missões tanto no helicóptero H-1H quanto no avião SC-105, aeronaves operadas pelo Esquadrão Pelicano. Enquanto no avião a função dele é de observador, no helicóptero o Sargento A Lima é resgateiro. No currículo, dezenas de missões reais. “Todas elas são diferentes. Quando nós avistamos o sobrevivente, ou no resgate, para nós parece sempre que é a primeira vez. A gente se emociona às vezes, chega a chorar”, conta.
Uma lembrança especial foi de uma missão sobre a Amazônia, quando um único sobrevivente de uma aeronave acidentada em um sábado foi encontrado só na quarta-feira. “Visitamos ele no hospital e ele disse que desde o primeiro dia ouviu a nossa aeronave”, conta. “O tempo estava ruim e fizemos uma busca, para ser sincero, até fora do padrão, porque estávamos preocupados com quem estava lá embaixo. Até que um colega viu alguém acenando com um lenço branco”.
Com tantas lembranças, o Sargento A Lima diz que realmente vai sentir falta dos acionamentos que ainda hoje podem levá-lo para qualquer parte do Brasil. “Vou sentir saudades. Não pelos fatos que acontecem, as tragédias, os problemas, mas pelas missões que cumprimos, pelos saltos que fazemos. Realmente, é muito bom”.
Mas antes de ir para a reserva, ele trabalha agora com militares mais jovens, que aprendem com os relatos das missões anteriores. Até esta sexta-feira (27/9), o Sargento A Lima é um dos mais de 200 participantes do exercício Carranca 2, criado para treinar missões de busca e resgate, bem como compartilhar conhecimentos e experiências.
Visita Oficial
Quem também demonstrou satisfação ao ver o treinamento de missões de busca e salvamento foi o Brigadeiro do Ar José Alves Candez Neto, do Departamento de Controle do Espaço Aéreo. Ele é Chefe do Subdepartamento de Operações e elogiou a realização do treinamento Carranca 2. “Possibilitou treinar o cenário de coordenação, de busca e de salvamento. Podemos constatar o sucesso dessa operação”, afirmou.
Acompanhado pelos Comandantes da Segunda Força Aérea (FAe II), Brigadeiro do Ar Carlos José Rodrigues de Alencastro, e da Quinta Força Aérea (FAe V), Brigadeiro do Ar Antônio Ricardo Pinheiro Vieira, o Brigadeiro Candez presenciou a um treinamento de resgate em uma área próxima à Base Aérea de Florianópolis. Também visitou os dois centros de coordenação de busca montados na Base para também exercitar essa parte da missão durante o exercício Carranca 2.