O grupo de defesa sueco Saab AB, espera que a recente compra brasileira de seu caça Gripen, ajude a empresa a ganhar mais negócios em outros países, apesar da queda registrada nos lucros do quarto trimestre, em meio a condições de mercado difíceis, disse seu executivo-chefe nesta quinta-feira.
“A escolha do Brasil pelo Gripen tem atraído a atenção em todo o mundo”, disse Håkan Buskhe em uma entrevista. “Isso dá um impulso extra para uma série de outras discussões na qual estamos envolvidos”.
O Brasil fez em dezembro uma encomenda no valor de cerca de US$ 4,5 bilhões para a aquisição de 36 caças Gripen, para substituir o envelhecido Dassault Aviation Mirage 2000, num acordo que a empresa sueca espera concluir este ano. Países como a Suécia, Tailândia e República Checa, utilizam o caça Gripen, que a Saab anuncia como o mais versátil e eficiente, em termos de custo, em comparação com os aviões de combate rivais, como o Rafale da francesa Dassault e o F-35 da americana Lockheed Martin.
A escolha brasileira mostra que, o Gripen é adequado tanto para um país geograficamente grande, como o Brasil, assim como para os menores, a exemplo da Suíça, disse Buskhe. Ele se recusou a dizer especificamente quais países podem estar interessados em comprar o caça, mas disse que várias discussões estão em andamento. “Há um grande interesse na Ásia e em alguns países europeus. Também estamos conversando com um outro país sul-americano e um africano”, disse ele.
Após um longo processo político, a Suíça abriu caminho para um referendo nacional, a ser realizado em Maio deste ano, para a compra de 22 Gripen. “Estou feliz que exista um grande apoio parlamentar pelo Gripen (na Suíça), mas as pessoas é que vão ter que decidir no final”, disse Buskhe. “Eu não posso dizer exatamente como as coisas vão sair no referendo, mas provavelmente vai ser uma votação equlibrada”.
Saab apresentou uma queda maior que a esperada no lucro líquido do quarto trimestre, de 281 milhões de coroas suecas (US$ 43,6 milhões) das 549 milhões de coroas suecas, devido as quedas nas vendas e pela redução na margem de lucro do ano anterior.
A empresa, que além dos caças Gripen também vende equipamentos militares, incluindo mísseis e armas antitanque, sofreu com os cortes orçamentários em defesa nos governos em todo o mundo, reflexo da crise financeira. Os encargos para os esforços de redução de custos em curso, também pesou sobre o resultado do quarto trimestre, e a competição se manteve resistente.
A Saab espera que as margens de lucro melhorem um pouco neste ano, em relação ao ano anterior, mas com as vendas estabilizadas em sua maioria.
“Esperamos que o mercado melhore com o tempo”, disse Buskhe. “Mas os EUA e a Europa ainda estão passando por uma série de mudanças e ainda há um monte de excesso de capacidade”, na indústria de defesa, acrescentou. “Nós temos sofrido o impacto da concorrência e dos custos de mercado”.
A compra pelo Brasil deve, eventualmente, aumentar a nossa renda, mas a Saab não assinou esse contrato ainda e os detalhes estão em negocições”, disse Buskhe . “Você normalmente é pago quando faz a entrega, e às vezes, até recebe pagamentos antecipados, mas estamos discutindo isso com o cliente agora”, completou.
As ações da Saab estavam em queda de 1% em Estocolmo nesta quinta-feira, após a divulgação do relatório dos resultados do quarto trimestre.
FONTE: The Wall Street Journal