Movidos pelo sonho de se tornarem os mais novos pilotos de caça da Força Aérea Brasileira (FAB), 23 Aspirantes a Oficial se apresentaram no Esquadrão Joker (2°/5° GAV) na última quarta-feira (20), para o início do Curso de Especialização Operacional na Aviação de Caça (CEO-CA). Os estagiários foram recebidos pelo comandante do esquadrão, Tenente-Coronel Leandro Barbosa Ferreira Pinto, e pelos instrutores de voo da unidade, que fica localizada na Ala 10, em Natal (RN).
Um desses estagiários é o Aspirante a Oficial Rafael Kabzas. Ele conta que sua paixão por aeronaves de caça começou na infância, entretanto, a escolha pela carreira foi consolidada durante sua formação, quando passou a conhecer e entender a importância dessa aviação na manutenção da soberania do espaço aéreo brasileiro. “O espírito que os caçadores carregam, desde os veteranos da Segunda Guerra Mundial, fazendo com que deem o máximo de si em qualquer missão e estejam sempre em busca de superar seus limites, é algo que me motiva bastante”, ressaltou.
“Acredito que os maiores desafios que encontrarei no curso serão os relacionados a adaptação à aeronave, já que possui sistemas modernos e complexos, com os quais nunca tive contato, além da complexidade das missões do módulo avançado, com emprego real do armamento. O processo de adaptação precisa ser rápido e somente com dedicação aos estudos será possível superar esses desafios”, disse o aspirante.
O curso tem duração de aproximadamente oito meses e busca a capacitação do futuro piloto de combate no desempenho das ações de Força Aérea inerentes à Aviação de Caça como Ataque, Defesa Aérea, Reconhecimento Armado e Varredura, além do aperfeiçoamento profissional dos Aspirantes a Oficial, com a consolidação e aplicação de valores já aprendidos ao longo da sua formação.
A primeira parte do curso, que já iniciou no dia da apresentação e segue até o final de março, é conhecida como ground school (termo em inglês para o módulo do curso que não envolve atividade aérea) e aborda toda a parte teórica do A-29 Super Tucano, utilizado na instrução desses pilotos. Nessa fase, por meio de inúmeras aulas e estudo dos manuais, eles conhecem os diversos sistemas da aeronave, seus procedimentos normais e de emergência e tem acesso às diversas padronizações para a operação.
Já na fase com atividade aérea, os estagiários passam por um módulo básico que envolve a adaptação à aeronave, voo em formação básica e tática, voo por instrumentos, navegação rádio e por contato, entre outras; e um módulo avançado, no qual utilizam a aeronave como plataforma de combate, efetuando missões de interceptação, escolta, combate aéreo, ataque ao solo e tiro aéreo, com emprego de armamento real, inclusive.
Para o comandante do Esquadrão Joker, a formação do piloto de caça está cada vez mais complexa, devido à evolução dos equipamentos aéreos, como os modernos Gripen NG, recém adquiridos pela FAB, e da doutrina empregada nos diversos cenários de conflito, sejam eles regulares ou irregulares. Assim, ele avalia que é primordial que o esquadrão esteja atento à capacitação e atualização dos seus instrutores e exija dedicação dos estagiários para absorverem o máximo de conhecimento possível durante o curso.
“Mais do que pilotos de caça, é necessário que sejam formados oficiais com atitude, valores, responsabilidade e conscientes da importância da missão que irão desempenhar como pilotos de combate na ponta da lança da defesa aérea, garantindo a nossa soberania nos céus da nossa pátria”, concluiu o comandante.
Além da formação operacional dos estagiários oriundos da Academia da Força Aérea (AFA), o Esquadrão Joker recebeu, neste ano, a missão de dar prosseguimento à progressão operacional de um oficial da Marinha do Brasil e um oficial da Força Aérea Paraguaia (FAP), de forma a capacitá-los a guarnecerem as unidades de combate das suas respectivas forças.
O Capitão-Tenente Ricson Raggio Mello, da Marinha do Brasil, espera conseguir sua elevação operacional na carreira e aplicar os conhecimentos e doutrinas aprendidas no Esquadrão VF-1, mas acredita que o caminho não será fácil. “O curso requer bastante preparo, estudo e dedicação para atingir o nível de exigência das missões da Aviação de Caça”, afirmou o oficial.
Já o Tenente Carlos Manuel Samaniego Lopez, da FAP, citou a expectativa para o início do curso e ressaltou os desafios que enfrentará com a mudança de país, com costumes e idioma diferentes. “O maior desafio, inicialmente, acredito que será o idioma. É uma barreira considerável, tanto no estudo das aulas e manuais, quanto na compreensão das diretivas dos instrutores e dos órgãos de controle”, destacou.
O militar revela, ainda, que não teve dúvidas ao se candidatar para a vaga que seu país ofereceu, por considerar a FAB uma referência na região. “É uma oportunidade única de realizar minha formação numa das melhores escolas de aviação de caça da América Latina. Terei uma excelente capacitação em combate e contribuirei para o desenvolvimento da aviação militar no meu país”, completou o tenente.
FONTE E FOTOS:FAB