DIA DA AVIAÇÃO DE CAÇA
ORDEM DO DIA DO COMANDANTE DA AERONÁUTICA
Brasília, 22 de abril de 2022.
Ao iniciar a Ordem do Dia deste marcante 22 de abril de 2022, gostaria de realizar um especial agradecimento ao Senhor Presidente da República Jair Messias Bolsonaro.
Mesmo contrariando sua ordem de não o agradecer por ações que fazem parte de suas responsabilidades, arrisco cometer uma leve indisciplina para deixar registrado que sua presença aqui nesta cerimônia não somente abrilhanta as comemorações alusivas ao Dia da Aviação de Caça, como também comprova a valorização de nossas Forças Armadas pelo nosso atual Comandante Supremo.
Como Comandante da NOSSA Força Aérea Brasileira – sim, da minha Força Aérea; da FAB de todos os brasileiros que assim desejarem, lamento que o último Presidente da República a comparecer a esta solenidade tenha sido há exatos 32 anos. Possivelmente aqueles que não compareceram não tenham aquilatado adequadamente os valores que celebramos nesta data, que estão relacionados à luta pela liberdade e pela democracia, razão pela qual nossos verdadeiros heróis nacionais combateram o nazifascismo no teatro de operações europeu, de onde muitos não voltaram.
Hoje, nos reunimos para exaltar um grande feito produzido por um jovem e seleto grupo de brasileiros, voluntários, que compunham o 1º Grupo de Aviação de Caça nos céus da Itália, durante a 2ª Guerra Mundial.
O fim do conflito se aproximava e as robustas linhas do front alemão, localizadas ao Norte da Itália e conhecida como Linha Gótica, começavam a ser finalmente quebradas. A fim de evitar um recuo organizado das tropas inimigas, as Forças Aéreas presentes na região concentraram esforços para executar, em larga escala, missões de interdição e ataque contra as forças alemãs, entre os dias 21 e 24 de abril de 1945.
Nesse cenário de abnegação e foco total no objetivo, os valentes JAMBOCKS realizaram, naquele 22 de abril, um hercúleo número de missões de guerra, que jamais foi suplantado durante toda a campanha. A convivência com uma indesejada baixa cadência de recompletamento e com uma quantidade de pilotos inferior à metade do número mínimo previsto para um Esquadrão Aliado, valorizam ainda mais o feito dos nossos heróis.
O 1º Grupo de Aviação de Caça foi composto por militares selecionados pelos líderes da Unidade. E, por essa razão, fez-se possível formar um Esquadrão coeso e bem integrado, de quase quinhentos homens unidos, que se respeitavam e que eram motivados pelo ideal comum, mesmo que resultasse no sacrifício de suas próprias vidas.
Neste dia, representando, em vida, todos os integrantes daquele seleto Grupo, rendo honras ao Major Especialista João Rodrigues Filho e ao Cabo Heitor Tider, bem como a todos os familiares dos nossos saudosos veteranos de guerra, muitos aqui presentes, os quais reverencio nesta data.
E foi assim, forjado em combate, que se originou o espírito da Aviação de Caça brasileira. Os exemplos de coragem e a liderança aguçada do Brigadeiro Nero Moura, eterno Comandante do Grupo de Caça, fizeram-se fundamentais para a construção da doutrina desta aguerrida aviação.
“Exerceu o comando sem usar somente os galões. Comandou com o exemplo. A liderança era exercida em terra e no voo. Quando nos comandava no ar, tínhamos a certeza de chegar ao alvo no minuto certo. Expunha-se ao fogo antiaéreo igualzinho a seus tenentes.”
Com essas palavras, o veterano de guerra Brigadeiro Rui Moreira Lima, em seu livro “Senta a Púa”, resume bem as caraterísticas do Patrono da Aviação de Caça Brasileira, as quais serviram de pilares para a construção e a consolidação desta aviação. Não por acaso, uma das principais comendas da FAB – a Medalha Nero Moura, imposta nesta formatura, leva o nome do JAMBOCK 01 e é concedida a todos aqueles que têm o privilégio de comandar uma das Unidades Aéreas da nossa Força.
E essa é uma Força que recebeu como legado a garra e a fibra daqueles brasileiros destemidos que combateram nos céus italianos. Seus próprios ensinamentos eram pautados no entendimento de que somente homens adequadamente treinados e suportados, operando meios modernos e atualizados, são capazes de realizar a defesa de uma Nação.
Tais preceitos são rotineiramente comprovados nos diversos conflitos ocorridos na era moderna. Somente os países expoentes em investimentos na área de defesa, capacitados a desenvolver e utilizar o Poder Aeroespacial em sua plenitude, reúnem condições de proporcionar a liberdade para o seu povo.
A priorização no uso dos recursos da nação na área de defesa requer maturidade e comprometimento. Mesmo um país em desenvolvimento, que possui inúmeras carências nas áreas de desenvolvimento humano, precisa equilibrar seus investimentos, sem jamais preterir o seu bem mais precioso: a SOBERANIA.
E é por essa razão, que ressalto a incorporação operacional das primeiras aeronaves F-39 GRIPEN à Força Aérea. Este momento aponta para a inadiável retomada da capacidade dissuasória do Estado Brasileiro. O elevado grau tecnológico incorporado nessa aeronave, colocará o Brasil, novamente, na vanguarda de defesa aeroespacial, no cenário mundial.
Nesse sentido, agradeço ao Presidente Jair Bolsonaro pela autorização para que o contrato de aquisição do F-39 – Gripen seja alterado no sentido de serem acrescidas mais quatro aeronaves, o que nos possibilitará iniciar os estudos necessários para a implantação destes vetores em mais uma localidade, a ser decidida oportunamente pelo Alto-Comando da Aeronáutica.
Em paralelo, iniciaremos estudos preliminares para a aquisição de um segundo lote dessas aeronaves, a fim de garantir que a desativação das aeronaves de caça mais antigas não acarrete perda da capacidade de cumprirmos nossa missão de defesa pátria.
Assim, invoco nossos pilotos de caça a preservarem o espírito combativo herdado dos nossos heróis de guerra, bem como manterem o preparo e o desenvolvimento das novas doutrinas, táticas e técnicas necessárias para a operação plena deste novo vetor.
Nobres caçadores, mantenham-se inabaláveis!
A prontidão permanente manterá incólume nossa soberania e garantirá a liberdade para nosso povo.
Senta a Púa! Brasil!
Tenente-Brigadeiro do Ar Carlos de Almeida BAPTISTA JUNIOR
Comandante da Aeronáutica
Discordo do brigadeiro ao declarar sobre “brasileiros que assim desejarem” já que as Forças Armadas são instituição de Estado, portanto quem não aceita essa condição está a margem do Estado Brasileiro. E outra: os mesmos políticos que não compareceram esse período todo mencionado são exatamente os mesmos que só falam de liberdade e democracia por décadas. Hipócritas!
A Força Aérea Brasileira foi forjada na Segunda Guerra Mundial e não surpreende que a aviação de caça também o seja. parabéns à FAB e que venham mais caças tanto nesse como no próximo lote.