Uma comitiva chefiada pelo Ministro de Estado da Defesa, Joaquim Silva e Luna, e pelo Comandante da Força Aérea Brasileira (FAB), Tenente-Brigadeiro do Ar Nivaldo Luiz Rossato, concluiu, nesta terça-feira (18), uma série de visitas a unidades e companhias que produzem tecnologia no campo do Poder Aeroespacial. O objetivo foi atualizar o Ministério da Defesa (MD) sobre o andamento dos projetos nessa esfera.
O grupo, formado ainda por oficiais-generais das três Forças Armadas, esteve no pátio industrial da Embraer, em Gavião Peixoto (SP), na indústria AVIBRAS e no complexo do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), esses dois últimos localizados em São José dos Campos (SP).
Na fábrica da Embraer, a comitiva foi atualizada sobre o desenvolvimento dos projetos no segmento de defesa e segurança, principalmente o KC-390, aeronave multimissão de transporte desenvolvido pela empresa brasileira.
Nos hangares de montagem estrutural e montagem final, o grupo recebeu dos engenheiros da indústria as informações detalhadas sobre a construção do avião. A Embraer informa que o novo vetor aéreo já passou pela certificação inicial da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) e, em breve, passará pelo mesmo crivo no âmbito militar, sob responsabilidade da FAB.
Pelo decorrer da produção, de acordo com o Presidente e CEO da Embraer Defesa & Segurança, Jackson Schneider, o KC-390 deverá ser entregue em 2019. “Tivemos a oportunidade de atualizar a comitiva sobre esses projetos, principalmente em relação ao KC-390, que está praticamente em etapa final de certificação, cumprindo seus testes de voos finais em missões militares”, declarou.
Capacidade tecnológica
De acordo com o Ministro da Defesa, o nível tecnológico encontrado no parque industrial o surpreendeu e demonstra a capacidade de produção do Brasil, cada vez mais independente. “A guerra tende a ir para o espaço. O Brasil, pelo seu tamanho e pela sua profundidade estratégica, precisa muito de aeronave de transporte de pessoal, de carga, de reabastecimento em voo. Essa aeronave tem essa capacidade”, falou, em relação ao KC-390.
A Embraer também apresentou os números gerados pela pesquisa e desenvolvimento de projetos e soluções na área aeroespacial. Conforme relatório da empresa, hoje, mais de 5,5 mil pessoas do grupo estão dedicadas ao segmento tecnológico e mais de US$ 430 milhões foram investidos no setor, em 2017. Somente na área de defesa e segurança, a organização brasileira já atende 60 forças armadas em todo o mundo.
Integração
Na AVIBRAS, o Ministro da Defesa e o Comandante da FAB também foram atualizados dos programas da companhia para a defesa brasileira. Entre os produtos e serviços, foram apresentadas as evoluções dos projetos Astros 2020, blindados destinados ao Exército Brasileiro; AV-55-40G, um modelo de foguete guiado; AV-MTC, míssil tático de cruzeiro que alcança até 300 quilômetros; Voo Cativo, iniciativa que irá testar o míssil MTC em caças F-5, previsto para ocorrer no início de 2019; Veículo Lançador de Microssatélites (VLM); e MANSUP, Míssil Antinavio nacional, desenhado para as necessidades da Marinha do Brasil.
O Vice-presidente da AVIBRAS, Leandro Villar, tratou ainda de dois importantes projetos em curso, desenvolvidos para a FAB: o míssil A-Darter e o motor S-50, parte do programa Veículo Lançador de Microssatélite (VLM). “Pudemos mostrar onde estamos e onde chegaremos. A infraestrutura precisou ser adaptada, desenvolvemos tecnologia de materiais e compostos e já estamos em estágio avançado. Em breve, entregaremos esse produtos para a Força Aérea. Iremos colocar o Brasil como um dos players desse mercado”, pontuou.
Segundo o Comandante da FAB, a AVIBRAS mostrou ter uma área de tecnologia e de armamamento bastante avançada, com capacidade de exportação elevada. “É uma companhia bastante madura e desenvolvida, com equipamentos de grande importância”, completou.
DCTA
O Diretor-Geral do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial, Major-Brigadeiro do Ar Hudson Costa Potiguara, apresentou relatório com as principais soluções científico-tecnológicas no campo do Poder Aeroespacial. Hoje, a Organização Militar (OM) desenvolve 114 projetos, em 159 laboratórios, com a finalidade de manutenção da soberania do espaço aéreo e a integração nacional.
Quase metade das iniciativas é forjada nos laboratórios do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA), onde, por exemplo, foi demonstrada a capacidade dos espaços de guerra eletrônica, parte do Programa de Pós-Graduação em Aplicações Operacionais, que especializa militares no campo da defesa. O grupo de autoridades também conheceu o laboratório do ITASAT, onde avança projetos e desenvolvimento de sistemas espaciais, como, por exemplo, o Carponis-1, primeiro satélite brasileiro de sensoriamento remoto de alta resolução espacial.
No Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE), onde há 48 laboratórios, a comitiva foi informada sobre a evolução do projeto VS-50, veículo suborbital para ensaios de microgravidade e para experimentos hipersônicos, desenvolvido em parceria com a Alemanha.
No mesmo espaço, foi explanada uma das maiores iniciativas do Instituto de Estudos Avançados (IEAV), o 14-X. Trata-se de um planador hipersônico integrado a um motor que permitirá acesso facilitado ao espaço. Conforme as perspectivas do IEAV, as demonstrações em voo devem ocorrer até 2022.
A série de visitas à área funcional do DCTA foi encerrada no Instituto de Pesquisas e Ensaios em Voo (IPEV). Pilotos da unidade demonstraram a utilização do simulador, que permite, de forma segura e realista, a percepção do comportamento de aeronaves com diversas características de estabilidade e controle.
Investimentos
Segundo o Comandante da FAB, a ida ao DCTA comprovou, por meio dos diversos institutos, a elevada estrutura tecnológica da OM. “Entendo que, com essa capacidade e com as cabeças que nós temos, só nos falta um pouco mais de recursos para que todos os projetos se tornem realidade”, frisou.
O Ministro da Defesa reforçou a necessidade de ampliar os investimentos. “Vejo aqui um grande desafio, mas vejo também uma grande esperança. O setor aeroespacial necessita de pesquisa, desenvolvimento e projetos. O que vimos aqui são pesquisas voltadas para aplicação, são projetos ousados e que não nos deixa devendo a nenhum país do mundo. O Ministério da Defesa precisa reforçar a importância dos recursos direcionados a esses projetos. Precisamos convencer as autoridades para que coloquem recursos e que se invista cada vez mais em pesquisas. Há uma competição com o tempo, a tecnologia acaba sendo superada”, concluiu.
Fotos: Sargento Brunto Batista/CECOMSAER
Vídeo: Marcos Poleto/CECOMSAER
Padilhabe Guilherme
Me socorram. O MTC é limitado a 300km por opção ou por acordos internacionais. Eu pensei que o limite fosse somente para exportação. Gratidão!
Entao esse “cativo” significa um modelo somente para testes aerodinamicos?
que bom saber que o A-Darte está andando
Vou ser o estraga prazeres do site.
Esse negócio de voo cativo do Matador não necessariamente quer dizer “lançar de um avião” mas sim, testar a aerodinâmica, resistência e harmônica do missil em atmosfera, provavelmente pra fazer os últimos ajustes pra entrar em produção seriada.
Ter em mente que não faz sentido um produto que foi feito para ter emprego terra-terra ser testado um outro modelo ar-terra antes do produto original.
Mesmo assim, isso é uma notícia excelente. Sinal de que o MTC entrou em seu estágio final.
Valeu pelo esclarecimento.
Obrigado pelo esclarecimento, havia entendido de modo errado então.
Também é novidade essa de VS 50 suborbital.
Essa ai é uma tremenda novidade. Nao sabia que havia esse plano de testar o MTC 300 no F 5M. NAO sabia
De uma versão aero-lançada! !! Que bom!. Para mim seria lógico testa-lo no AMX A1.
Um trecho que me chamou a atenção positivamente, “Voo Cativo, iniciativa que ira testar o míssil MTC em caças F-5, previsto para ocorrer no inicio de 2019”, já estão com previsão para uso em aeronaves, otimo! Na boa se ocorrer tudo bem, pode ser que seja integrado ao Gripen e em outras aeronaves (logico), e só isso já aumenta o raio de ação do mesmo.
O que significa testar o MTC em caças F5?
Míssil Tático de Cruzeiro.
Então nós teremos um Matador de 300 km ar-terra? Dá uma luz rsrs