Por Carlos Martins
Em uma verdadeira aula, o Comandante Sérgio Quito explica como funciona o procedimento de intervenção dos pilotos do Boeing 737 MAX em caso de emergência. Espere o vídeo abaixo carregar.
Sérgio Quito é ex-vice-presidente de Operações da GOL e hoje ocupa o cargo de Conselheiro de Segurança, além de ser Comandante do Boeing 737 na companhia. Durante a visita na GOL Aerotech, o centro de manutenção da empresa em Confins, tivemos a oportunidade de conversar com ele e aprender muito sobre como agora os pilotos têm maior autoridade sobre o 737 MAX.
O procedimento demonstrado a seguir serve para os casos em que o MCAS interfere no jato com uma indicação errada, algo que é praticamente impossível já que agora o sistema tem duas fontes de indicação de ângulo de ataque e, em caso de divergência, o sistema é desativado automaticamente.
Caso não ocorra divergência, o MCAS interfere apenas uma vez no jato, não sendo reativado novamente. Num caso excepcional de comandar a aeronave para baixo, é possível reverter a situação pelo compensador do estabilizador horizontal, que no caso do 737 comanda toda a superfície do profundor, não apenas o compensador como em alguns aviões.
Segundo Quito, este procedimento de intervenção manual pela roda do compensador é chamado de Runaway Stabilizer. Ainda em 2018, logo após o primeiro acidente com o 737 MAX da Lion Air, foi emitida uma diretriz da FAA sobre utilizar esse procedimento caso o MCAS interfira de maneira perigosa.
Inclusive, foi este o procedimento que uma outra tripulação da Lion Air fez um dia antes do acidente. Na época o AEROIN abordou o procedimento, inclusive falando sobre ser algo já praticado a gerações na família 737.
Agora com o Boeing 737 MAX modificado, esse procedimento permite ainda mais controle do piloto, mas só será acionado em uma situação extrema e que hoje a chance de ocorrência é praticamente zero.
FONTE: AEROIN