Por Breno Costa
A crise financeira gerada pelas descobertas da Operação Lava Jato sobre os negócios do grupo Odebrecht acaba de provocar um efeito secundário preocupante: o crescimento expressivo, dentro do Brasil, da principal fabricante mundial de drones de uso bélico e alvo de fortes críticas de organizações de direitos humanos.
No último dia 5, o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) aprovou a venda dos negócios de comunicação militar da Mectron Engenharia, empresa da área de defesa do grupo Odebrecht, para a Elbit Systems.
A Elbit é a maior companhia privada da área militar dentro de Israel. Somente com a produção de drones e a venda deles para o Exército de Israel e forças armadas de outros países em todo o mundo, a empresa faturou US$ 1,2 bilhão em 2015, conforme seu último balanço.
Devido a esse envolvimento direto da Elbit Systems nas ações militares de Israel, a corporação é alvo de boicotes internacionais entre defensores dos direitos humanos e da causa palestina, mas também por parte de governos estrangeiros, que acabaram vetando negócios com a empresa. Entre eles, estão Suécia, Noruega, Dinamarca (cujos fundos de pensão retiraram investimentos feitos na empresa) e, mais recentemente, a França, que, em fevereiro deste ano, anunciou que não compraria mais drones produzidos pela Elbit.
No Brasil, entretanto, a companhia israelense opera normalmente. E com força. Desde 2008, quando a Elbit em Israel passou a ser vinculada com violações de direitos humanos depois que o Conselho de Direitos Humanos da ONU considerou que os ataques apoiados por drones na ofensiva de 2008-2009 contra a Palestina representaram graves violações de direitos humanos e possíveis “crimes de guerra e crimes contra a humanidade“, a principal subsidiária da empresa dentro do Brasil já recebeu mais de R$ 456 milhões das Forças Armadas Brasileiras, especialmente da Aeronáutica, de acordo com dados do Portal da Transparência do governo federal.
A empresa já tinha três subsidiárias dentro do Brasil. A principal delas, que atua na área de drones, é a AEL Sistemas Ltda, com sede em Porto Alegre.
O único sobressalto que os israelenses tiveram em suas operações no Brasil aconteceu no final de 2014, quando o então governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT) cancelou um acordo assinado no ano anterior com a AEL, que permitia financiamentos públicos à empresa, além de acesso a tecnologias produzidas por universidades gaúchas. O objetivo da parceria era a construção de um parque aeroespacial militar no Estado.
É essa empresa que irá herdar os negócios da Mectron na sensível área de comunicação militar, incluindo o desenvolvimento de computadores de missão para drones.
No pacote negociado, também estão sistemas de Rádio Definido por Software (RDS) e outros sistemas de comunicação, além, claro, de todos os contratos vigentes da Mectron com as Forças Armadas brasileiras. Nesse grupo está incluído, entre outros, um contrato de R$ 193 milhões com a Força Aérea Brasileira, assinado em 2012 e ainda vigente, para a produção de um moderno e inovador sistema de comunicação entre caças e torres de comando (projeto Link BR-2).
Os israelenses da Elbit agora terão controle sobre isso – desde que as nossas Forças Armadas autorizem que os contratos da Mectron sejam repassados para a Elbit. Consultada a respeito pelo The Intercept Brasil, a FAB respondeu apenas que “O assunto está sendo analisado pela Força Aérea Brasileira”.
Para Michel Temer, drones usados no Brasil têm “resultado extraordinário”
A chegada dos drones israelenses ao Brasil começou em 2010. Em dezembro daquele ano, a Comissão Coordenadora do Programa Aeronave de Combate, vinculada ao Comando da Aeronáutica, acertou com a Aeroeletrônica (antigo nome da AEL, mas já controlada pela Elbit), o fornecimento de dois drones Hermes 450, fabricados pela empresa israelense.
Esses drones foram contratados sem licitação. O argumento do governo era a notória especialização da fabricante. De fato, o drone já tinha sido testado em combate havia pouco tempo. Na ofensiva de 2008-2009 ao território palestino, Israel usou esses mesmos drones para lançar bombas contra, alvos militares.
Naquele mesmo ano, no Brasil, a Polícia Federal também contratou drones, mas da EAE Soluções Aeroespaciais Ltda, uma joint venture formada entre o grupo brasileiro Synergy, dos donos da Avianca, e a empresa estatal israelense IAI (Israel Aerospace Industries).
Em 2012, o então vice-presidente Michel Temer elogiou entusiasmadamente a eficiência dos drones israelenses da Elbit. Ao lado de um deles, em entrevista dada na ocasião, o então vice-presidente destacou que o avião não tripulado produz “um resultado extraordinário” e “uma eficiência extraordinária” no controle das fronteiras.
Os contratos de 2010 abriram as portas do Brasil para o mercado de drones. No ano seguinte, a Elbit anunciou uma união com a Embraer para criar uma empresa destinada a produzir aeronaves não tripuladas com design brasileiro, a Harpia Sistemas. Diante da crise econômica no país, a empresa acabou sendo fechada em janeiro deste ano. No entanto, em comunicado aos investidores, a Elbit deixou claro que as empresas “concordaram em trabalhar juntas no futuro”.
Os grandes eventos do país, mais especificamente a Copa do Mundo de 2014, serviram de impulso para as operações da Elbit no Brasil. Apenas em 2013, quando foi realizada a Copa das Confederações, a empresa recebeu R$ 102,6 milhões do governo, e os drones foram usados para monitorar inclusive as manifestações de rua daquele ano. Foi o maior valor registrado até aqui.
Em março de 2014, a Elbit anunciou o fornecimento de uma linha de Hermes 900 para a FAB. O Brasil foi o oitavo país do mundo a adquirir essa aeronave, o drone mais moderno e mais potente fabricado pela empresa israelense. O modelo tem autonomia de voo de 36 horas e alcança raio de 300 km em relação à sua base em solo. É o dobro da capacidade do Hermes 450.
FONTE: Portal Intercept Brasil
A Mectron deveria ser repassada para o governo cobrir os prejuízos que os superfaturamentos causaram ao contribuinte brasileiro. e o governos repassaria para a Avibras parte da empresa como investimento na própria Avibras e e manteria a Mectron como uma companhia de capital publico privada.
Pois é Leonardo Rodrigues e Arc, infelizmente os bandidos/hipócritas venceram, ao menos por enquanto claro. Uma hora ou outra o povo abre o olho e se vinga. Na verdade os bandidos/hipócritas já notaram isso e são poucos os que tem a indecência de defender as safadezas em público que até pouco tempo tantos defendiam.
A hipocrisia não tem como sobreviver por muito tempo, o mundo todo já condena o que esse grupo de bandidos (formados por juristas, políticos, policiais, jornalistas, empresários e uma pretensa classe média extremamente ignorante). A reação é lenta mas constante.
A chamada “República de Curitiba” apenas está cumprindo com seus deveres legais e constitucionais, que no caso concreto implicam em investigar, processar e julgar os desmandos cometidos pela “República de São Bernardo “
meus sentimentos senhores. é o màximo que posso dizer deste fundo de poço onde paramos. viva a republica de curitiba!
Carl, concordo com seu comentário, penso que agora o Brasil virou uma grande vitrine, e independe de muitos não concordarem, as empresas nacionais foram o grande foco, a Mectron pagou com sua própria existência, é triste demais ver que anos de experiência agora serão de outros, e não vai parar por aí, breve veremos mais desgraças como estas atingindo outras empresas, e como não espero nada do atual governo federal, duvido muito que a Avribras comprará os ativos da Mectron.
Apoiado Lemes! Penso que seria interessante abrir o espaço do DAN para que o grande mestre Bacchi contasse a história da Engesa.
As empresas internacionais vão aproveitar essa bagunça política para se aproveitarem ao máximo. Vamos perder muitas empresas e espaço de mercado, não tenham dúvida, mas podem agradecer aos de “verde e amarelo” aqueles do “combate a corrupção” seletivo. Finalmente conseguiram o que queriam.
Jesus! Essa mistificação do Osório de novo? Já foi explicado vezes sem conta por gente que trabalhou no projeto. O que matou a Engesa foi incompetência administrava, e o que matou o Osório, foi ele ainda ser apenas um projeto, cujo protótipo utilizado durante as provas na Arábia saudita, além de estar incompleto, não tinha nenhum comprador/usuário. O Brasil (pra variar) estava quebrado, o EB não tinha dinheiro para pagar o rancho da tropa (sou prova viva disso, na época fiquei boa parte do ano tendo meio expediente), imagina então comprar MBT? Ninguém compra equipamento militar que não é utilizado nem pelo país produtor, principalmente algo com no um MBT. Acordem e procurem se informar melhor sobre o assunto. Uma sugestão/pedido aos editores. Poderiam escrever artigo sobre o Osório e a Engesa. Uma excelente fonte de informações seria o engenheiro Reginaldo Bacchi, um dos maiores especialistas em blindados Brasil, e que trabalhou durante anos na Engesa e conhece como ninguém sua história.
O que é preocupante, talvez inadmissível, isso é a FAB que vai dizer, é o link BR2 ficar na mão de uma subsidiária de empresa estrangeira. Me parece um absurdo, mas vamos ver.
Isso já acontece muito a muito tempo …só lembra da engesa Que teve o topete de tentar concorrer com o produto americano e foi deixada morre na cara dura pelo governo $$$ (governo da epoca faturou bastante doletas )da época financeiramente e politicamente por pressões dos falcões de washinton …..todas as empresas que se atrevao a atrapalhar empresas estratégicas Américas sobre pressao política e financeiras…….vc viu caso da avibras Que mesmo com contratos assinados com o a Malásia o governo nao dava garantia para a conclusão do negocio…..ai veio o governo alemão e embargo a venda dos caminhões. Mercedes …..tudo para acabar com a empresa ……nao adianta o produto ser bom …..sem apoio político do governo nao se vende um parafuso ……..a decisão se a empresa vai pra frente ou fecha depende do político $$$…..kkkkk
Faz tempo que a Elbit está de olho no mercado de VANTs para o Brasil… quem se lembra da manobra de joint venture com a Avibrás? a chamada Harpia Sistemas, que nunca fez porcaria nenhuma e só serviu para eliminar um concorrente, o Falcão da Avibrás… O governo não protege nem apoia as empresas de defesa as estrangeiras vem e compram mesmo, israelenses são espertos, disso não resta dúvida.
É lamentável, se de fato ocorrer a venda da MECTRON para a ELBIT, infelizmente cairemos nas mãos de uma empresa estrangeira, pois o fato de já produzir aviônicos via AEL no RS, ainda monopoliza mais, porque passará a produzir misseis, link, etc… concentrando nas mãos dos israelenses; porque o governo não financia aquisição da mectron pela avibrás que é do ramo e 100% nacional, por exemplo, será que preferem entregar para estrangeiros; e o dia que contrariarmos os interesses do tio jacó, como fica, já houve uma lenga, lenga quando Israel indicou um xiita deles como embaixador no Brasil e o governo vetou, independente se era a Dilma ou qualquer outro presidente o que interessa não é matiz ideológica, mas sim soberania senhores, tem a ver com Estado e não governos transitórios.
e a elbit segue comendo a industria de defesa brasileira pelas beradas, só espero que tragam know how junto, eu gostaria que a avibras adquirisse o setor de mísseis da mectron
Padilha, vamos esperar o que diz a força tarefa da Lavajato…
Infelizmente pela conjuntura dos fatos caímos no colo. Dos israelenses…..agora e tentar remediar e diminuir $ as percas financeiras e tecnológicas ……agora e confiar no israelenses com 2 pés atras pra nao arrisca ficar igual o saci com 1 perna só.
Caro Marcelo, evite palavrões e ### em seus comentários. OK?
Já era o sonho de um parque industrial de defesa, voltamos ao cabresto.
Não sei o que é pior: uma empresa estratégica de defesa vendida a um grupo estrangeiro (mais uma), ou ela permanecer sob o controle de um grupo corrupto como a Odebrecht?
Pergunto aos editores:
1) Como fica a participação da Odebrecht no estaleiro dos submarinos?
2) O grupo Sinergy não é, ou era o proprietário do EISA? O estaleiro faliu ou entrou em recuperação judicial?
Grato
Cassio, a Odebrecht no que tange o Prosub não foi afetada. Não há até o momento nada que mostre irregularidades lá. O TCU está de olho desde o início e esperamos poder confiar nele. Quanto ao EISA, o mesmo se encontra em processo de recuperação judicial.
O que dizer? Texto panfletário que resvala no antissemitismo onde o autor revela de forma muito clara sua simpatia pelo infame movimento BDS, que prega boicote e sanções contra o Estado Judeu, cuja face mais notória é Roger Waters, ex-Pink Floyd, antes um artista talentoso mas hoje um homem literalmente preso a um muro visto que vive da ópera The Wall (e pensar que eu liderei uma greve no colégio tendo essa música como tema). Trata-se de um movimento hipócrita, louvado e incensado pelas esquerdas, que compara Israel ao Apartheid Sul Africano mas que silencia para os abusos cometidos pelo regime fascista sediado em Teerã.
Contudo é um movimento que vem perdendo força como bem atesta uma lei sancionada pelo governador de Nova York que proíbe a contratação pelo estado de empresas que apoiarem o movimento.
Quanto à informação de que os governos de Suécia, Noruega e Dinamarca teriam deixado de fazer negócios com a empresa, não procede. O que aconteceu é que fundo de pensão desses países venderam suas participações na empresa sob a desculpa hipócrita de que a empresa está envolvida na construção no muro que separa Israel da Cisjordânia. E na França a subsidiária da Elbit a Elisra foi contemplada com um contrato para o fornecimento de rádios de frequência de emergência para as forças armadas.
Outrossim, a venda pela Odebrecht da Mectron mostra indícios muito fortes de que a aquisição dessa última pela empreiteira anos atrás não foi um investimento na área de defesa mas sim mais um tentáculo do esquema desvendado pela operação lavajato, onde um cartel de empreiteiras se uniu a um partido político objetivando a perpetuação a todo custo de um projeto de poder. E cabe lembrar que a Mectron, e por consequências as nossas forças armadas, podem ganhar muito com a expertise da Elbit em produtos de defesa.