Por Subtenente (Mnt Com) Fábio César Santos de Assunção
No dia 22 de janeiro de 1920, seis meses e dez dias depois da inauguração da Escola de Aviação Militar, formou-se a primeira turma de pilotos aviadores militares, constituída pelos seguintes oficiais: Capitão Raul Vieira de Mello, 1º Tenente Anôr Teixeira dos Santos, 1º Tenente Pedro Martins da Rocha, 1º Tenente José Felinto Trajano de Oliveira, 1º Tenente Godofredo Franco de Faria, 2º Tenente Gil Guilherme Christiano, 2º Tenente Henrique Raymundo Dyott Fontenelle, 2º Tenente Raul Luna, 2º Tenente Rosalvo Tanajura Guimarães, 2º Tenente Ângelo Mendes de Moraes, 2º Tenente Salustiano Franklin e 2º Tenente Ivan Carpenter Ferreira.
Para selecionar a Primeira Turma, sob coordenação da Missão Militar Francesa, o “Exame de Saúde do Pessoal Aeronavegante” previa entre outras exigências, o peso máximo de 65 quilogramas e não se admitia nenhuma correção visual por vidros. Entre os candidatos seriam selecionados preferencialmente Oficiais e Aspirantes a Oficiais, com menos de 26 anos de idade e metade das vagas deveriam ser preenchidas por Oficiais da Arma de Cavalaria.
Após rigorosa seleção, iniciou-se o curso que tinha duração prevista de 23 semanas. Para obter o diploma de Piloto Aviador-Militar, o aluno deveria satisfazer as condições preliminares e as provas. Nas condições preliminares, deveria ser julgado apto pelo seu Instrutor e pelo Diretor-Técnico da Escola, realizar 80 aterragens e voar 25 horas, as provas constavam de uma descida em espiral de 500 metros em voo planado; um voo, durante uma hora, acima de 2.000 metros; um voo em circuito fechado, de 60 quilômetros, devendo aterrar na metade do percurso e uma prova de altitude, com a obrigação de manter-se, durante 15 minutos, acima de 3.000 metros.
Para a aquisição dessas habilidades, aviões de instrução utilizados pelos franceses na I Guerra Mundial foram adquiridos.
Os franceses, ao terminar a guerra, dispunham de enormes estoques de aviões, motores e peças sobressalentes, ainda sem ser usados.
Os principais aviões de instrução eram o Nieuport e o Spad 84 Herbermont, ambos com motor Gnome Rhône de 80HP. O quarteto de Nieuport era conhecido pelos seus diferentes jogos de asas, que variavam de superfície: 28 m² (Grosse Julie ou Nieuport 82 E2), 23m² (Nieuport 80 e 81), 18m² (Nieuport 83 E2) e 15m² (Nieuport 21 E1, 24 Bis ou Bebê), quanto maior a superfície das asas, maior a sustentação e mais fácil de pilotar era o avião, os alunos travavam seu primeiro contato com a arte de voar no Nieuport 28, passando para os demais, cuja pilotagem era mais difícil e perigosa.
Por melhor que fosse a qualidade dos aviões, a tecnologia aeronáutica ainda dava seus primeiros passos, o material era muito frágil, os motores radiais rotativos utilizados em nossas aeronaves não eram muito confiáveis, precisavam de uma revisão geral a cada 50 horas de voo, a canibalização de motores era uma solução constante para as dificuldades orçamentárias vividas naquela época, porém o Exército Brasileiro visualizando o imenso potencial dos aviões como arma de guerra e através da coragem, dedicação e pioneirismo da Primeira Turma de Pilotos Aviadores Militares, rompeu a barreira do entusiasmo com a Aviação Militar, buscando o domínio e autonomia do emprego da nova tecnologia de combate.
Hoje, cem anos passados da formatura da primeira turma de Pilotos Aviadores Militares, a Aviação do Exército, altamente profissional, adestrada, e em condições de corresponder as necessidades do Exército Brasileiro, presta a sua homenagem a esses heróis, não deixando cair no esquecimento, seus pioneiros que ajudaram a construir nossa realidade.
FONTE E FOTO: Espaço Cultural da Aviação do Exército
Sou filha única de Godofredo Franco de Faria, na foto é o primeiro em pé. Muito me orgulho do seu pioneirismo pois tenho conversado com vários oficiais que serviram como ajudante de ordens do meu pai e o elogiavam muito . Há mais informações sobre ele? Sou Lydia de Faria de Lima Castro, e meu pai faleceu em 15 de julho de 1974
O meu avô é o sentado à direita, de braços cruzados.
Engenheiro aviador, Ivan Carpenter Ferreira.
Foi estudar e ser treinado em Paris.
Tenho as medalhas dele.
Adoraria saber sobre esses pilotos e suas aventuras.
Obrigado, Mariza
D. Mariza, boa tarde!
Eu repassei o seu e-mail ao Cel Geraldo, gestor do Espaço Cultural da Aviação do Exército, que entrará em contato com a senhora.
Atenciosamente,
Dando prosseguimento ao 1° comentário, a Aviação Naval foi a precursora, em termos de Aviação.
O Presidente Venceslau Brás foi o 1° presidente brasileiro a voar num aviação, um hidroavião da Aviação Naval, há 104 anos atrás.
O 1° ministro militar da Aeronáutica, foi o Brigadeiro Tromposky, oriundo da Aviação Naval.
Desculpe mas acho que a Marinha também é Força Armada ! Talvez a primeira turma de aviadores do Exército fosse uma nomenclatura melhor.
Naquela época a Aviação da Marinha era chamada “Aviação Naval” e a do Exército “Aviação Militar”, por isso temos os termos “Pilotos Aviadores Navais” para a Marinha e “Pilotos Aviadores Militares” para o Exército.