Coração, fígado, rim, córneas e ossos de paciente da cidade terão vida em outras pessoas
Por Cíntia Souza
Uma captação de múltiplos órgãos realizada em Catanduva ontem (1º) mobilizou equipes da Força Aérea Brasileira (FAB). Coração, fígado, rim, córnea e ossos de paciente da cidade que teve morte encefálica, darão vida para outras pessoas que estavam na fila por um transplante. O procedimento de retirada desses órgãos foi realizado no Hospital Padre Albino (HPA).
Conforme informações da assessoria de comunicação do hospital, após a constatação da morte encefálica na última quinta-feira (30) da paciente D.G.L, de 34 anos que estava internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) desde terça-feira (28) e com o consentimento dos familiares, teve início o processo para a doação de órgãos. O momento era de dor para a família de D, mesmo assim, eles pensaram no próximo e viram que ela poderá continuar vivendo de outra forma, por meio do transplante. A paciente sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC).
Segundo o Diretor Técnico do Hospital Padre Albino, Jorge Luis Valiatti, a manutenção da doadora e a captação dos órgãos mobilizaram mais de 15 profissionais. “Incluindo médicos e enfermeiros da Fundação Padre Albino, equipes de saúde de São José do Rio Preto (Hospital de Base), São Paulo (INCOR e Hospital Bandeirantes) e Marília (FAMEMA)”, disse Valiatti.
Nossa reportagem acompanhou a força tarefa. Equipes da Força Aérea Brasileira estavam no Aeroclube de Catanduva aguardando a chegada dos órgãos. Os primeiros órgãos que chegaram foram o coração e o fígado. Segundo o cirurgião Samuel Padovani Steffen, do Incor, duas equipes vieram para a cidade. “Nossa equipe do Instituto do Coração captou só o coração e tem outra equipe de cirurgiões de outro hospital em São Paulo, eles captaram fígado e rins. Esses órgãos vão para o Hospital Bandeirantes enquanto que o nosso vai para o Instituto do Coração”, disse.
Para que todo o procedimento seja feito, uma equipe estava preparando a paciente receptora. “Tem que ser uma ação muito coordenada, para chegarmos lá com o coração e nossa paciente estiver pronta para receber. Toda essa ação exige uma força-tarefa, e essa ajuda da Força Aérea Brasileira foi fundamental para fazer a captação aqui. Esse novo decreto publicado recentemente pela presidência disponibiliza essas aeronaves para a captação e isso foi fundamental nesse caso”, finalizou.
Importância da doação de órgãos
Apesar de haver uma média de 23,5 mil transplantes por ano, a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) aponta que no ano passado houve uma queda de quase 20% na taxa de doadores em relação a 2014. Todo brasileiro que tem o desejo de doar órgãos e tecidos deve expressar sua vontade para a família, para que a autorização seja feita mais rapidamente. Pelas redes sociais, é possível que o usuário tenha a opção de declarar em seu perfil ser doador.
Primeira captação de órgãos do ano
Essa é a primeira captação de órgãos registrada neste ano. Em maio do ano passado, outra captação, desta vez de um paciente de 44 anos, mobilizou equipes das polícias Civil e Militar do Estado de São Paulo. Coração, fígado, rins e córneas de vítima que teve morte cerebral foram retirados no Unimed Hospital São Domingos (UHSD). O paciente sofreu um Acidente Vascular Cerebral (AVC) e dias depois foi constatada a morte cerebral.
Segundo o cirurgião transplantador do Incor (Instituto do Coração), Ronaldo Honorato Barros dos Santos, a operação foi formada logo após a família estar ciente da morte cerebral do paciente. “O que aconteceu aqui foi muito interessante. A gente não tinha logística para vir até aqui para captar o coração. O coração só pode ficar quatro horas fora do corpo, então não havia logística para que a gente viesse pegar o coração e adequadamente fizesse o transplante para São Paulo. Por isso tivemos que montar uma logística de guerra”, disse Santos na época.
FONTE: O Regional-SP