Por Giulliano Frasseto e Marco Aurélio
Há exatos 50 anos atrás, foi hasteada pela primeira vez, em meio a obras acontecendo na área onde viria a ser a 1ª ALADA – Ala de Defesa Aérea, hoje Base Aérea de Anápolis, a Bandeira do Brasil, marcando o início de uma nova era.
Tudo começou com uma reestruturação dentro do então Ministério da Aeronáutica, onde foi iniciado um sofisticado e ambicioso projeto que garantisse a soberania do espaço aéreo pela Força Aérea Brasileira, começando pela nova Capital Federal, Brasília. Para tal, foi decidido criar uma nova unidade nas proximidades da capital, sendo escolhida a cidade goiana de Anápolis.
O SISDACTA ( Sistema de Defesa Aérea e Controle do Tráfego Aéreo) definia que além da construção de uma Base Aérea, seria necessário a aquisição de novos vetores de combate aéreo, aviões supersônicos e equipados com radares de bordo. Uma nova era se iniciaria na Força Aérea Brasileira, a interceptação aérea com controle por radar. A nova aeronave escolhida para ser o braço armado foi o Dassault Breguet Mirage III, um caça supersônico de interceptação francês.
O ano de 1972 foi de muitas realizações. Em 5 janeiro de 1972, foi ativado o Núcleo da 1ª ALADA – Ala de Defesa Aérea. Em 23 de Agosto houve a inauguração da nova pista e, em 1º de outubro, chegou o primeiro Caça F-103E Mirage. No dia 23 de outubro, foi desativado o Núcleo de Ala e ativado a 1ª Ala de Defesa Aérea. Uma nova era nascia, onde a Força Aérea Brasileira efetivamente passava a exercer a soberania do espaço aéreo sobre o seu território brasileiro.
Aos poucos, os caças Mirage eram trazidos ao Brasil e nos céus do Planalto Central, os voos supersônicos se fizeram constantes. As obras foram sendo concluídas, edificações modernas e funcionais deram forma a um moderno complexo militar, concebidos para ser um dos pilares da Defesa Aérea do território brasileiro.
Em 11 de abril de 1979, foi extinto a 1ª ALADA e em seu lugar, foram ativados a Base Aérea de Anápolis e o 1º GDA – Grupo de Defesa Aérea, preparando-a para o futuro que viria.
Com o advento do SIVAM (Sistema de Vigilância da Amazônia) nos anos 90, foi ativado o 2º/6º Grupo de Aviação, que seria responsável pela operação dos novos vetores de vigilância aérea e sensoriamento remoto, os Embraer E-99 e R-99. Com o nome de Esquadrão Guardião, este foi incorporado a Base aérea de Anápolis, trazendo a esta unidade mais uma importante função dentro do panorama da aviação militar brasileira.
Já com mais de 30 anos, o cansaço das aeronaves F-103E/D Mirage já demonstrava que a sua substituição era mais do que necessária. Com a sua desativação de 2005, para a sua substituição, em 2006, foram adquiridos de forma temporária, os caças Mirage 2000C, mais modernos que os anteriormente utilizados até que um novo caça fosse adquirido.
Com uma vida curta, em 2013 foram desativados os caças Mirage 2000C e em seu lugar vieram os modernizados Northrop F-5EM Tiger II, mantendo o 1° GDA com capacidade para manter sua operacionalidade e missão.
Em um processo de reestruturação operacional iniciado em 2015 visando uma Força Aérea mais eficaz no desempenho de suas atribuições, foram criado Alas e assim, em 18 de janeiro de 2017, a Base Aérea de Anápolis foi incorporada pela ALA 2 e todas as unidades aéreas passaram a ser subordinadas a ela.
Em consequência da criação da ALA 2, em 2016, foi integrado aos demais Esquadrões ali existentes, o 1°/6° Gav – Esquadrão Carcará, esquadrão equipados com as aeronaves R-35 Learjet, equipados com sensores de reconhecimento de imagens e sinais eletrônicos, que operou até a sua desativação de dezembro de 2021.
Com a aquisição pela FAB do novo avião de transporte, o KC-390 Millennium, foi definido que a Ala 2 seria a responsável pelo recebimento inicial e implantação operacional deste na Força. Para isso, em Junho de 2018, o 1° GTT – Grupo de Transporte de Tropa, com a nova denominação esquadrão Zeus, foi transferido do Rio de Janeiro. A primeira aeronave foi recebida em 2019, mudando em definitivo a estrutura operacional da ALA 2, onde ela incorporava agora, dentro de suas missões já existentes, a de transporte.
O novo futuro estava sendo traçado para Anápolis, ser a maior e mais importante unidade militar da Força Aérea Brasileira. Com 4 esquadrões operacionais com missões distintas, caberia ao 1º GDA ser o responsável pelo recebimento e implantação operacional no mais novo e moderno caça da FAB, o SAAB F-39E Gripen, escolhido em 2013 para tal. Em 2022 uma nova mudança administrativa da FAB desativa as Alas e retornam as Bases Aéreas, retornando a Base Aérea de Anápolis com uma nova cara, em meio a construção de novos prédios administrativos, pátios, hangaretes e novas aeronaves.
OS PRÓXIMOS 50 ANOS
Tal como há 50 anos a FAB novamente prepara-se para mais uma mudança de qualidade no cumprimento de sua missão institucional através de um salto de tecnologia em seus equipamentos e equipagens.
Novamente o melhor avião de combate possível de ser adquirido pela Força será explorado em todas as suas capacidades pelos militares que já treinam em favor da defesa aérea do país.
A inovação agora se materializa de diversas formas, com a Base Aérea madura recebendo neste ano, as aeronaves de caça F-39E Gripen para a defesa aérea junto ao 1º GDA. O expoente máximo de nossa indústria aeroespacial, o KC-390, apresenta-se para o transporte e reabastecimento em voo e a modernização dos vetores do Guardião sobre a plataforma dos consagrados E-99 e R-99, juntamente com a concentração do que há de melhor na Força alavanca Anápolis como a Base Aérea mais estratégica e forte mais que a FAB já teve, exigindo da Força manter a preparação de seus homens e meios no mesmo nível.
A busca da vanguarda e da excelência no cumprimento da missão faz Anápolis movimentar-se em favor de obras civis, de treinamento e capacitação de militares e da inovação em todos os aspectos, reunindo-se naquele que passa a ser o ponto mais estratégico e preparado do nosso poder aéreo.
Os desafios novamente são grandes, e agora não somente por conta de um novo salto na qualidade da defesa aérea, mas também por conta da concentração de diversos elementos de defesa em uma só Base, passando a exigir mais da própria Força como um todo, especialmente quanto a preparação, o abastecimento e a logística de continuidade.
Há meio século tudo foi adquirido no exterior, agora tudo acontece com a presença de um componente muito forte da indústria aeroespacial nacional, tanto na participação da montagem de parte dos exemplares do caça sueco SAAB Gripen F-39E em território nacional, como na modernização dos Embraer E-99 e R-99 e especialmente no projeto genuinamente brasileiro do Embraer KC-390 Millennium, prenunciando um futuro de possibilidades inimagináveis.
A essas aeronaves no estado da arte somam-se todas as que operarão a partir de Anápolis em favor da defesa aérea do planalto central e dos interesses de toda a nação brasileira.
Os primeiros 50 anos foram escritos juntos de muitas descobertas e inovações, e o futuro que se constrói vem na mesma toada de inovação promovida pela FAB e registrada por todos nós.
Parabéns Base Aérea de Anápolis!!!
FONTE: Spotter Brasil
NOTA DO EDITOR: Os dois editores do DAN fazem parte do grupo Spotter Brasil.
Conheça os integrantes do Spotter Brasil:
Quem sabe no futuro a FAB venha a ter outra aeronave na sua frota,mais por enquanto o Gripen esta de bom tamanho
Ter escolhido o Gripen foi o melhor para o Brasil, mas sonhar com o F-15 aí é demais kkkk.
Uma dúvida: a base de Anápolis possui uma pista (06L/24R) e uma taxiway menor (06R/24L) que serve como “pista reserva”, correto? Não seria interessante (não digo necessário, entendo que a conjuntura atual atende bem), observada a concentração de varios meios e tarefas além da caça, como o transporte e reconhecimento/vigilancia, a adição de uma nova pista “completa”? Existe algum plano nesse sentido.
No meu ponto de vista o Gripen foi uma excelente aquisição, só que necessitamos de uma aeronave de superioridade aérea para complementar o pacote, uns 2 esquadrões de F-15