Os aviões-radares E-99, que são estratégicos para as atividades de defesa do espaço aéreo, ganham novos sistemas que chegam a duplicar a capacidade de alcance de identificação de alvos.
Por Andréa Barretto
Os aviões E-99 foram usados na visita do Papa Francisco ao Brasil em 2013, foram empregados na Copa do Mundo de 2014, nos Jogos Olímpicos de 2016 e agora estão em atuação em uma das maiores ações de fiscalização aérea das fronteiras já executadas pela Força Aérea Brasileira (FAB), a Operação Ostium. “São aeronaves extremamente estratégicas para a FAB, porque nos permitem levar nossa capacidade de decisão mais longe. Guardadas as proporções, é como se o E-99 fosse um CINDACTA aéreo avançado”, afirmou o Brigadeiro do Ar Márcio Bruno Bonotto, comparando a capacidade de vigilância da aeronave àquela dos Centros Integrados de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA), unidades da FAB que exercem, em solo, a vigilância e o controle da circulação aérea em todo o Brasil.
O Brig Bonotto é o presidente da Comissão Coordenadora do Programa Aeronave de Combate, que atua na área de reaparelhamento da Aeronáutica e está à frente do processo de modernização da frota de cinco aviões de Alerta Aéreo Antecipado e Controle, chamados de E-99. Ele contou que o primeiro deles a ser retirado de operação encontra-se nas instalações da Embraer, empresa brasileira responsável por executar o contrato de modernização com a FAB.
Em Gavião Peixoto, cidade do interior de São Paulo, está sendo feita a atualização dos sistemas de guerra eletrônica, comando e controle e contramedidas eletrônicas e do radar de vigilância aérea da aeronave. “O corpo dos nossos aviões E-99 é muito novo, mas os sensores se degradam e tornam-se obsoletos com mais rapidez por conta do avanço da tecnologia”, explicou o Brig Bonotto sobre os motivos que justificam a necessidade de revitalização das aeronaves.
A previsão é a de que o trabalho nessa primeira unidade seja concluído no início de 2019 e que, até 2021, todos os cinco aviões estejam com suas capacidades renovadas. Com isso, espera-se que esses equipamentos sejam aproveitados por quase mais duas décadas. “Quando se faz uma modernização como essa, a gente espera que isso seja aproveitado por 15 a 20 anos, porque o dinheiro investido é muito grande”, afirmou o Brig Bonotto.
Os aviões E-99 são operados pelo Esquadrão Guardião, sediado em Anápolis, no estado de Goiás, por conta de sua localização estratégica. “A partir dessa cidade, é possível se deslocar mais rapidamente para qualquer ponto do território nacional”, declarou a Assessoria de Comunicação da FAB.
Sistemas e capacidades
Quando começaram a ser desenvolvidos, na década de 1990, os atuais E-99 eram chamados de R-99A. Também foram adquiridos na época os aviões R-99, então chamados de R-99B, informou a assessoria da FAB. Os dois modelos foram encomendados para integrar o conjunto de equipamentos do Sistema de Vigilância da Amazônia, braço de um programa mais amplo, o Sistema de Proteção da Amazônia, que tinha o objetivo de defender e garantir a soberania brasileira dessa região do país.
As primeiras unidades dos aviões E-99 foram entregues à Aeronáutica em 2002 e inicialmente tiveram atividade concentrada na região amazônica, mas a FAB logo percebeu que podia empregá-los em muitas outras missões, por conta de sua alta capacidade de varredura do céu. O que caracteriza o modelo E-99 é a antena acoplada na parte superior da sua fuselagem. Esse radar é importante porque supre as deficiências dos radares fixos, que muitas vezes não conseguem ver uma determinada área por conta de um anteparo, algo que limita a sua “visão”. “Um radar nada mais é do que um olho eletrônico. Se uma coisa está coberta, a gente não consegue vê-la. O avião amplia a capacidade de proteção do espaço aéreo porque é móvel; a gente coloca o radar na distância e no local que for pertinente”, explicou o Brig Bonotto.
O radar do E-99 tem atualmente uma cobertura de mais de 540 quilômetros. Com a modernização desse equipamento, sua capacidade de alcance pode dobrar, ultrapassando os 1.080 km. “Isso pode variar conforme a altitude e o perfil do alvo. Se o radar detecta um avião de caça, o que vemos é uma imagem pequena”, afirmou o Brig Bonotto. “Mas se for um avião grande, a gente consegue identificá-lo de uma distância maior, porque o perfil desse objeto é maior. Para alguns perfis de alvo, com a modernização, a capacidade de alcance do radar vai dobrar.”
Os cinco aviões E-99 da FAB também vão ganhar atualização nos sistemas de guerra eletrônica, sistemas de comando e controle e sistemas de contramedidas eletrônicas. “Os sistemas de guerra eletrônica são tecnologias que impedem que outra aeronave interfira nos dados que estão sendo obtidos”, definiu a Assessoria de Comunicação da FAB.
De forma semelhante, os sistemas de contramedidas eletrônicas dizem respeito à capacidade de impedir um oponente de prejudicar o andamento de uma missão. “Se meu oponente interferir, por exemplo, no meu radar de modo que eu não consiga ver o que está mostrado, ele está usando medidas eletrônicas. Eu tenho que ter condições de bloquear a ação dele; para isso usamos as chamadas contramedidas eletrônicas”, esclareceu o Brig Bonotto.
Já os sistemas de comando e controle são aqueles que “fazem com que a informação flua do mais alto nível decisório até o executor”, segundo o Brig Bonotto. “Comando e controle é, na verdade, a capacidade de gerenciar tudo o que está acontecendo e ser capaz de tomar as decisões corretas no momento oportuno”, completou.
Estações de planejamento
Quando foi assinado, em 2013, o contrato de modernização das cinco unidades E-99, estimava-se um investimento de 430 milhões de reais. Esse valor inclui a aquisição de seis estações de planejamento e análise de missão.
Esses equipamentos permitem o planejamento do passo a passo da operação e a transmissão de toda essa informação para os sistemas do avião. Permitem, além disso, o registro completo do que ocorreu em voo, que pode posteriormente ser estudado e analisado pelos tripulantes. Os aviões E-99 já são dotados com essa capacidade, mas agora essa será aprimorada e usada no treinamento dos militares.
FONTE: Diálogo América
Caro Satyricon, ao que me consta a sonda de revo do H225 é tipo um kit que pode ser montado ou retirado a qualquer momento ( portanto, por exempl,o apenas 4 kits poderiam ser utilizados, logicamente não simultaneamente, em 12 helis ), enquanto que nos aviões elas são fixas o que provavelmente torne a versão ‘revo’ mais cara de adquirir e manter.
Na minha opinião a Embraer deveria seguir o exemplo da empresa EADS CASA que desenvolveu uma versão AEW do seu C-295 com o radar rotatório EL\M-2075 já visando os operadores do C-295 oferecendo a mesma plataforma e assim maximizando a cadeia logística de manutenção e treinamento com a mesma plataforma. O KC-390 seria a plataforma ideal para substituir os E-99M futuramente usando um radar rotatório e já sai de fábrica com sonda REVO e com maior raio de ação e maior espaço interno para mais consoles e visando os futuros operadores do KC-390
Já que pôr uma sonda seria complexo e com certeza uma cara adaptação,será que mexer na motorização trocando por turbinas mais econômicas não poderia ser uma boa solução?
Sei que comparar o Embraer com um B-52 não tem cabimento,mas vamos comparar:
A USAF estuda a remotorização do Bear-H trocando os oito motores P&W-TF-33 por novos motores de jatos comerciais e regionais,de 17-19.000 libras que consigam de 10-25% em melhoria em ganho de combustível.
A USAF analisa também o GE CF-34-10,similar ao usado no embraer 190,que possuem 20.000 lbf,,praticamente a mesma potência dos TF-33.
Outra opção é o uso do P&W PW 1135G-JM,que serão usados no airbus A321 com 35.000 libras,oque permitiria o uso de quatro motores.
Luciano, vc provavelmente tem razão. Mas trata-se de erro recorrente na FAB, visto que os novos C-295 SAR também não possuirão probe de reabastecimento.
Agora me explica o porquê disso, visto que alguns H225 da FAB receberão o probe?
Amigos, já vi gente do ramo dizer que torná-los capazes de serem reabastecidos é algo muito mais complexo e principalmente no momento que vivemos, custoso do que parece. Não dá p/ comparar c/ a versão fornecida p/ a Índia, pois esta foi projetada desde o início p/ isso – por onde iria passar a tubulação de combustível, realocação de partes elétricas, não posso garantir, mas provavelmente alguma coisa nos tanques devem ter sido modificados também, e por aí vai – no caso da FAB temos aeronaves já c/ anos de uso e que teriam que passar por muitas modificações, dá p/ fazer ? Quase que certamente, dá, mas e o custo / benefício ? Não temos verba nem p/ o mínimo aceitável p/ manter uma força condizente c/ o tamanho do Brasil. Abs.
Concordo com o Gilberto, o tempo em que a aeronave permanecerá indisponível para receber as atualizações dos sistemas permite que se faça, em paralelo, modificações na célula necessárias para instalação do probe REVO.
Por favor, alguém poderia me informar se esse aumento no alcance de detecção será obtido c/ o mesmo radar Erieye ou ele será trocado por uma versão mais nova ? Em caso afirmativo, os ‘pontos cegos’ terão seus ângulos reduzidos ?
Abs.
Prezado Gilberto, nem sempre concordo c suas opinioes destrutivas rrsrsrsr…mas eh mesmo dificil de dificil entender o pqe de nao se instalar a sonda de reabastecimento nestes 145 . Essa eh a unuca burrice q cometeram e cometem o comando da FAB. O momento teria q ser agora e ja aproveitando q o probe instalado no prototipo do KC 390 aparentemente foi aprovado…….. vai entender……… Sdsl
Poucos países do mundo possuem esse tipo de avião, e o Brasil é o ÚNICO na América Latina.
Modernização bem vinda. O E-99A pode detectar um caça a distância de 350km e acompanhar dezenas deles direcionando os nossos caças e misseis ativos contra o inimigo. São apenas 5 , mas uma única aeronave já seria capaz de guiar todos os 48 F-5M que possuímos.
Tudo muito bom MAS não consigo me conformar que uma atualização tão extensa, destinada a mantê-los em serviço até por mais 15/20 anos, com nosso país tão extenso e finalmente com a perspectiva da FAB possuir uma expressiva frota de 30 aeronaves KC-390 conversíveis para função reabastecedor e mais os reabastecedores dedicados (2 ou 3) estas aeronaves NÃO RECEBERÃO o probe REVO desenvolvido para as aeronaves similares Indianas…
Não pode custar tanto e não pode ser uma engenharia IMPOSSÍVEL de conversão destas aeronaves de mesma família pela sua fabricante….
A falta deste elemento quando em curto espaço de tempo teremos tanta disponibilidade de abastecedor REVO me deixa inconformado com este anacronismo…
Para mim inaceitável…
Reparem que o contrato foi assinado em 2013 e só está previsto a entrega da primeira célula modernizada em 2019! E isso se não ocorrer mais atraso$$, resumindo… tem que rir para não chorar mesmo. Nada contra o vetor que apresenta um excelente custo benefício.
Pessoal anda muito crítico mesmo…
O próprio ERJ-145 da EMBRAER foi usado como base para o mesmo tipo de avião na Índia, e ao que parece está funcionando muito bem por lá também.
Os E-2 nem mesmo estão voando e sabemos que vai um tempo para entrar em operação na área civil, quem sabe até os KC-390 poderiam servir de base para um avião com tais capacidades – claro que nenhuma hipótese há de ser descartada, nem mesmo dotar os ERJ-145 com sondas de reabastecimento (como os indianos, vejam pelas fotos numa pesquisa rápida pelo Google).
O simples fato de modernizar tais capacidades, mostra o interesse em continuar desenvolvendo tal plataforma, sinal também que a FAB entendeu a importância dessas aeronaves.
Eh dificil colocar aqui em poucas palavras o q realmente acontece, porem todos tem q saber q o aviao em si ainda esta muito qualificado e a altura das atribuicoes q lhe foram dadas aa epoca, sua aquisicao em valores foi o possivel a FAB. Os componentes aplicados a aeronave tbm estavam no estado da arte qdo de sua instalacao . Buscou-se ainda dentro desse projeto um trabalho de medio e longo prazo para capacitacao de tripulacao e operadores visto o ineditismo da operacao. O objetivo ja foi atingido. afinal de nada adiantaria ter os meios materiais sem q o humano nao estivesse a altura de sua operacao. Essa fase ja foi superada , mas a eletronica ja atinge certo obsoletismo , tem q ser melhorada e ampliada atraves de novos componentes internos e externos tipo software. Lembro-me qdo de sua construcao o qto foi citado q estes meios ja estariam preparados para essa ampliacao e futura MLU , eh isso o q agota vai acontecer apos criteriosa analise. Imagine-se um painel interno c meios computacionais e um peso de 100 kg…..isso hoje pode e vai ser melhorado com uma maior miniaturizacao de seu conteudo eletronico e capacidades como velocidade de processamento 3 a 4 vezes maior e no final pode-se tbm obter uma reducao desse peso c ganho gerais como velocidade e alcance. Enfim, em que pese certas opinioes c profundo desconhecimento do assunto, a nave segue e a nacao agradece o retorno desse otimo investimento. Qto ao futuro…….perguntem a mae dina…rsrsrsrs Sds
Essas 05 aeronaves são suficientes/adequadas paras as necessidades das forças?
Uma aeronave desse modelo custa quanto, sendo comprada/montada em outro país? Há mercado de usados?
Por fim, qual seria o futuro desse tipo de aeronave no Brasil? Existe know how aqui para produzir esse tipo de aeronave baseada em algum avião da embraer?
Desde já, obrigado!
Não entendi o que eles querem dizer com “atualização do sistema”. Se for trocar algumas peças e sensores esporádicos, eu sou a favor.
Mas se for pra trocar o Radar inteiro e os computadores a bordo, não seria melhor esperar os novos Embraer E2 ficarem prontos, e montar um avião do zero com radares mais avançados? Um dos maiores problemas desses R-99 é que foram projetados em aviões com pouco alcance (sendo que eles poderiam ter usado um avião melhor pra isso, a Embraer já fazia eles)
Concordo,
Mas acredito que próximas aquisições nesse campo devam utilizar alguma plataforma E2 da embraer, com maior alcance, persistência e capacidade de carga, e não a ERJ 145, que possui óbvias limitações.
A própria embraer possui estudos neste sentido, mas com os primeiros E class.
Quem sabe um EL/W-2090 da Elbit na próxima?
Muito bom!
Está aí o nosso atual diferencial frente as outras forças aéreas da América Latina.
Quem sabe após a modernização, já possa ser planejado a compra ou fabricação de outros.