Neste ano, em que são celebrados os 110 anos do primeiro voo do 14-Bis, a vida e a obra do Patrono da Aeronáutica estão abertas no Museu do Amanhã (RJ)
Uma cidade, um aeroporto, 55 bairros e 743 ruas, avenidas, praças, rodovias e alamedas foram batizadas com o nome de Santos Dumont no Brasil. Escolas, institutos, fundações e organizações em todo o País também homenageiam este brasileiro protagonista de incontável número de livros que exploram as múltiplas facetas do seu trabalho e da sua vida. Alberto Santos Dumont é mais conhecido por aqui como o Pai da Aviação, mas sua figura e seu legado vão muito além desta imagem.
“Os brasileiros se apegam muito a marcas históricas. Sempre me incomodou muito esse aspecto de ele ser ou não o pai da aviação. Isso é pouco relevante diante de ele ter inventado a aviação, ter aberto o projeto dos aviões que ele desenhou. Isso é um feito tão notável que é até difícil de explicar”, afirma Amyr Klink. O navegador famoso pelas viagens solitárias ao redor do mundo se interessou pela história do inventor brasileiro desde pequeno, mas o fato de Dumont ter dividido o prêmio com os desempregados de Paris é o que mais o impressiona. “Esse gesto é muito marcante. É muito difícil encontrar alguém extremamente generoso”, descreve sobre as atitudes que, juntadas às soluções tecnológicas e arquitetônicas, tornam Dumont único.
Retratado como um homem esguio, discreto e de pouca fala, o brasileiro que cresceu com o sonho de tornar real as “máquinas voadoras” dos livros de ficção de Julio Verne revolucionou o mundo com seu empreendedorismo e inovação. Marcas que estão vivas até hoje. “As pessoas guardaram Santos Dumont numa prateleira de clichês, mas ele era e ainda é muito moderno e inovador. Faz parte da história de uma invenção que reconfigurou o mundo, transformou a maneira como nos relacionamos com o tempo e o espaço”, afirma Gringo Cardia, curador da mostra “O poeta voador” no Museu do Amanhã, em cartaz até outubro no Rio de Janeiro.
O mineiro nunca registrou seus inventos. Sonhava com uma nova forma de transporte que aproximasse culturas e, conhecendo-se melhor, as pessoas evitassem os conflitos. Pensava também em encurtar distâncias, como estampa o jornal O Estado de São Paulo em 1906 uma conversa com o inventor. “Na América, principalmente, onde há deficiência de estradas de ferro, é que o aeroplano poderá prestar relevantíssimos serviços, mas não só como meio de transporte postal, mas ainda como veículo de passageiros”, previa há um século.
No final do século XIX, quando os balões a gás estavam à mercê do vento, a primeira revolução de Santos Dumont no mundo aeronáutico foi instalar um propulsor ao balão, e, para dar aerodinâmica, construiu-o no formato de charuto. Antes, a silhueta dos balões era semelhante a de uma pera invertida. Foi assim que Paris parou em 19 de outubro de 1901 para ver o dirigível de número 06 circunavegar a Torre Eiffel.
As invenções dele ocorreram em meio às transformações que a energia elétrica, o automóvel e o telefone causavam na sociedade. Outro fato que marcava a época era a dedicação, um autossacrifício como classifica Paul Hoffman no livro Asas da Loucura, dos cientistas com suas descobertas.
A criatividade e a dedicação até as últimas consequências, testando ele mesmo os dirigíveis e os aviões que projetava, colocaram Santos Dumont como referência para o trabalho do neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis. Foi pelas mãos da avó que o pesquisador conheceu o inventor ainda criança. “Sou muito fascinado por tudo o que ele fez e todo o exemplo que ele deu. Essa devoção, esse compromisso com a ciência me inspirou desde o início da minha carreira como um exemplo de cientista”, descreve o professor da universidade norte americana de Duke.
Nicolelis batizou de Santos Dumont o exoesqueleto, estrutura metálica que dá sustentação ao corpo e movimenta-se por meio de comandos do cérebro, usado pelo jovem paraplégico Juliano Pinto para dar o pontapé inicial na abertura da Copa de 2014.
O motivo que o levou a escolher esse nome célebre do início do século XX, além da sua admiração, está atrelado ao fato de Santos Dumont ter como método fazer experimentos ao ar livre e usar suas demonstrações como formas de comunicação com o público. “Acho que ele Santos Dumont entenderia o intuito da nossa demonstração: mostrar que a ciência pode contribuir com o bem da humanidade”, avalia o professor.
Mas, em um País que não tem o hábito de cultivar a memória de bons exemplos, as novas gerações desconhecem a vida e obra deste brasileiro. “Sou surpreendido com jovens que ficam atônitos porque estão ouvindo falar de Santos Dumont pela primeira vez”, relata o professor Nicolelis sobre a reação de jovens durante suas palestras. Há 15 anos, ele desenvolve projetos no Brasil e fala sobre o inventor como seu exemplo de brasileiro e faz a relação entre o pioneiro da aviação com a indústria aeronáutica nacional, que coloca o País como um dos líderes mundiais da área. “Essa conexão mostra o impacto que um indivíduo pode ter na vida de uma nação um século depois”, conclui.
Nasce um parque
O Parque Nacional do Iguaçu, no Estado do Paraná e região da tríplice fronteira, é o segundo em número de visitantes no Brasil, atrás somente do Parque Nacional da Tijuca, no Rio de Janeiro. Em 2015, recebeu 1,6 milhão de turistas de 172 países, segundo dados da administradora do parque. Depois de percorrer as trilhas e apreciar o impressionante espetáculo da natureza, os turistas encontram uma pracinha com a estátua de Santos Dumont em tamanho natural e a cem metros das quedas. Os braços são mais claros. Um sinal do desgaste provocado pelas muitas fotos feitas por turistas em companhia do inventor que foi responsável por esta “maravilha”, como ele mesmo a descreveu, tornar-se pública.
Parte dessa história está registrada em uma entrevista dele ao jornal O Estado de São Paulo em 11 de maio de 1916. Depois de Estados Unidos, Chile e Argentina, foram seis dias de viagem (três dias por estrada de ferro e três dias por via fluvial), partindo de Buenos Aires, para alcançar o ‘Salto do Iguaçú’. “Cachoeiras numerosas e variadíssimas, ilhas espalhadas por ali, e a vegetação, e uma infinidade de aspectos belíssimos. O Iguaçú sem exagero nenhum, é uma maravilha”, descreve Santos Dumont ao jornal paulista.
Ao saber que a área à margem direita era propriedade particular, Dumont se compromete a reivindicar, junto ao governador do Estado do Paraná – Affonso Alves de Camargo – a desapropriação das terras de propriedade de Jesús Val. Para alcançar a capital, a mais de 600 km da tríplice fronteira, o inventor encarou uma viagem de seis dias em “lombo de burro” até Guarapuava (PR). De lá, foi de carro até Ponta Grossa, onde apanhou um trem para Curitiba. “Quando passei por Curitiba, fui falar com o presidente do Estado somente sobre Iguaçú: pedir-lhe que se interesse pelo salto, e torne mais fácil e cômoda a excursão. Imagine que não existe nem hotel por aquelas paragens. Existe, com o nome de hotel, uma casinha, com dois quartos e uma sala, apenas…”, relatou ao periódico.
Quase quatro meses depois foi aprovado o decreto estadual n. 653, de 28 de julho de 1916, que declarou de utilidade pública uma área de 1.008 hectares. Tornou-se parque federal somente em 1939, aí já com uma área de 185 mil hectares. Desde 1986, a Unesco lista o Parque Nacional do Iguaçu como Patrimônio Mundial Natural. O pedido de Santos Dumont para a área tornar-se parque também deu origem ao Dia Nacional do Turismo, celebrado em 08 de maio.
Pelas ruas de Paris
Um dos sete personagens brasileiros que constroem o livro “A história do Brasil nas ruas de Paris”, finalista do Prêmio Jabuti no ano passado, é Alberto Santos Dumont. O escritor Maurício Torres Assumpção narra o legado do inventor que viveu 22 anos na cidade francesa, tida como a “capital mundial das experiências aeronáuticas” no início do século. “Santos Dumont, por ter feito o primeiro voo homologado da humanidade, obviamente não poderia ter ficado de fora [do livro]. Hoje, a cidade de Paris celebra a sua vida com nomes de rua, placas e monumentos. É, juntamente com D. Pedro II, um dos personagens mais importante do livro”, explica sobre o que o levou a dedicar um capítulo ao inventor.
O apartamento onde viveu em Paris na avenida Champs-Élisées; o restaurante Maxim’s em que costumava jantar; a loja Cartier onde apresentou ao joallheiro Louis Cartier a necessidade de um relógio que não precisasse ser retirado do bolso durante o voo; o Jardim da Aclimação, local em que os seus balões ascendiam, pois ali havia um ponto de hidrogênio para enchê-los; o hangar onde construiu o 14-Bis e o Campo de Bagatelle onde decolou com ele são alguns dos pontos franceses em que Santos Dumont deixou sua marca de empreendedor e visionário interessado que a humanidade usasse suas criações para a paz.
Durante a pesquisa, Assumpção descobriu que Santos Dumont revelou-se muito mais “pitoresco e fascinante” do que aquela imagem já um tanto desgastada do ‘Pai da Aviação’”. O fato de nunca ter patenteado nenhuma das suas invenções é o que mais chama a atenção do escritor. “Depois de construí-las e testá-las, doava o projeto a quem as quisesse construir, sem receber um centavo de royalties. Como digo no meu livro, Santos Dumont é o Pai do Código Aberto, do Open Source, trabalhando pelo progresso da humanidade, sem interesses financeiros”, afirma.
Herói da Pátria
Alberto Santos Dumont é o nono nome na lista de 45 brasileiros inscritos no “Livro dos heróis e das heroínas da Pátria”. O nome do pai da Aviação foi incluído em 2006 nas páginas de aço guardadas no Panteão da Pátria Tancredo Neves, na Praça dos Três Poderes, em Brasília, por ocasião do centenário do voo do 14-Bis.
Para que um nome seja incluído no Livro, o Senado e a Câmara dos Deputados precisam aprovar uma lei. O livro é instrumento para o culto cívico das personalidades marcantes da história do Brasil. No livro estão inscritos os nomes de Tiradentes, Marechal Deodoro da Fonseca, Zumbi dos Palmares, D. Pedro I, Plácido de Castro e Duque de Caxias.
Fonte: Agência Força Aérea, Tenente Jussara Peccini
Muito ufanismo, o que o santos Dumont inventou foi a “decolagem por seus próprios de algo mais pesado que o ar”
Aquela pipa do 14 bis com seus pulinhos de galinha era qualquer coisa, menos um avião
HMS Tireless, amigos,
Ao contrário do que muito se divulga, consta que o ‘Flyer 1’ não era catapultado, mas fazia sua corrida sobre trilhos. Realmente existem controvérsias sobre o que esse aparelho era realmente capaz de fazer; e me arrisco a dizer que o voo deste engenho, caso tenha mesmo ocorrido, foi quase um “acidente”…
O ‘Flyer 2’ e o ‘Flyer 3’ é que eram catapultados. Aliás, a catapulta teria sido introduzida justamente para cobrir a falta de performance.
Seja como for, o voo dos Wrigth é reconhecido pela Federação Aeronáutica Internacional como o primeiro voo do mais pesado que o ar controlado.
E mesmo que a controvérsia prevaleça, não se pode deixar de recordar os voos dos irmãos Wrigth em Paris em 1908, no qual mostraram um trabalho extraordinário, logo ganhando o respeito dos franceses ( que inicialmente os tratava mesmo por charlatões ) acerca do que eles haviam conseguido. Quebraram inclusive um recorde de permanência no ar e ganharam em prêmios mais de 4000 francos.
Enfim, ainda tenho pra mim ( e com todo o respeito a esses gênios que trabalharam nos primórdios da aviação ), que o homem que criou o avião como o conhecemos hoje foi ninguém menos que Louis Blériot, que foi o primeiro a explorar a fundo e adotar os comandos aeronáuticos comuns aos nossos dias ( elevação e inclinação ao manche, direção em pedais e acelerador em manete ), além da configuração monoplana com profundores atrás.
Saudações a todos.
Leonardo, Tireless,
Algumas ressalvas:
Na verdade, boa parte do que se fala acerca do progresso sueco é conversa fiada…
O país, no inicio dos anos 90, estava com as contas a beira do colapso. Só pra se ter uma ideia, o imposto de renda ultrapassou os 100%, com uma carga tributária que ia a mais de 45%!!! Foi somente a partir dos anos 90, quando os suecos reduziram drasticamente o intervencionismo estatal e abraçaram medidas mais liberais, favorecendo o setor privado, foi que deram um jeito e a Suécia se tornou esse recanto de empreendedorismo que é hoje…
Santos Dumont criou alem das superficies de controle basica, um calculo pra definir a potencia necessária pra dar sustentação, sem contar que o Demoseile foi a primeira aeronave a ser produzida em série no mundo
As empresas dos EUA são melhores justamente por ser privadas visto que lá o governo desde cedo percebeu que a indústria aeronáutica deve estar com a iniciativa privada. Isso somado a um ambiente favorável aos negócios e ao empreendedorismo transformou as indústrias aeronáuticas norte-americanas nas melhores do mundo. A própria EMBRAER é prova inequívoca de que o setor anda melhor na mãos da iniciativa privada pois saiu de uma estatal semi-falida para a terceira maior empresa do setor no mundo. Outra prova cabal é o fato de que entre os maiores fabricantes de aeronaves do mundo não existe nenhuma estatal, especialmente os paquidérmicos conglomerados estatais russos e chineses.
Ademais não dá para misturar alhos com bugalhos. Uma coisa é o estímulo governamental através de compras. Outra é o Estado se apropriar inteiramente de um setor produtivo da economia.
Por fim e já que se falou na Suécia (um dos países de maior liberdade econômica do mundo diga-se de passagem) é interessante lembrar que a maioria das pessoas que cita o país nórdico como exemplo no plano real apoia tudo aquilo que estava nos levando a ser uma grande Venezuela.
Resumindo:
As empresas são melhores nos EUA por causa do governo e não por serem privadas. As compras governamentais e a política pujante americana catapulta a economia. Pena que ao abdicar de impostos tenham mais de 50 milhões de miseráveis. Prefiro a Suécia que cresce empreendendo, mas compreende que seu país é feito de pessoas e não de empresas. simples assim.
Tambem acredito que o pai da aviação seja Santos Dumont, o nosso problema não esta em falta de mentes brilhantes, esta na falta de apoio que estas mentes deverião receber não é o caso dos americanos,russos,franceses,alemanhães,ingleses,etc governos que realmente possuem vizão de povo livre e não capacho, PENA MUITA PENA MESMO.
Os irmaos wright sao tao inventores do mais pesado q o ar, qto os romanos q ja ha mais de 2000 mil anos inventaram a catapulta q arremessava pedras a mais de 300 metros. Nesta analogia, acredito sim q foram os romanos a inventar a pedra voadora e mais pesada q o ar……..ponto final. Q os americanos acreditem piamente nisso, problema deles e so deles. Nao nos esquecamos tbm de Bleriot q foi tbm um gde inventor e construtor do mais pesado q o ar. Aos absurdamente nacionalistas americanos…as bananas por sua cegueira historica. Sds
O aparelho dos irmão Wright apenas alcançou vôo por causa de uma catapulta. o 14Bis de Santos Dumont elevou-se por seus próprios meios do Campo de Bagatelle ou seja, um brasileiro inventou o avião…….
Ocorre que os brasileiros jamais acreditaram que um compatriota tenha inventado o avião. O feito pode estar nos livros de história mas não está na alma do povo. E os norte-americanos acreditam piamente que os irmãos Wright inventaram o avião. Da mesma forma Santo Dumont viveu em um país que ainda é atrasado, que trata os empreendedores a pontapé. O Padilha como editor do site sabe bem as agruras que sofre. Por seu turno os irmãos Wright vivam em um país que sempre se destacou pelo empreendedorismo e livre iniciativa. Como resultado os EUA possuem hoje a maior, mais pujante, mais ousada e mais inovadora indústria aeronáutica do mundo, com conglomerados conhecidos e respeitados mundialmente. E o mais importante, todo ele nas mãos da iniciativa privada.
E o Brasil? após inúmeras tentativas malsucedidas apenas no fim dos anos 60 teve a criação de uma empresa aeronáutica, a EMBRAER, que ainda por cima nasceu estatal. E como estatal chegou aos anos 90 em condição falimentar. Privatizada se tornou a terceira maior do mundo. E a despeito desse fato, e de ser a terceira ou quarta maior exportadora do Brasil, é a empresa mais apedrejada pelos arautos do atraso, do estatismo irresponsável e porque não dizer de um nacionalismo tosco e pueril que se confunde com chauvinismo. E tudo isso apenas por agir no interesse de seus acionistas e investidores e não nos caprichos do governo de turno tal quando se recusou a receber um burocrata russo que constava na lista negra do State Department dos EUA.