Por Virgínia Silveira
O grupo Airbus está investindo na capacitação de fornecedores da cadeia aeronáutica brasileira como estratégia de acesso ao mercado aeroespacial e de defesa do país, que cada vez mais exige contrapartidas (offset) em compras governamentais. Atualmente, Digicon, Alestis e Liebherr já exportam do Brasil peças para o A320 e o A380. Outras quatro são fornecedoras locais da Helibras, empresa da Airbus Helicopters.
Na sexta-feira, representantes de doze empresas do setor aeroespacial brasileiro terão um encontro com Matthias Gramolla, vicepresidente de estratégia de compras globais do grupo Airbus na França, para conhecer as necessidades da empresa e de que forma poderão se preparar para atender o grupo no futuro.
O primeiro passo nessa direção foi dado no ano passado com o início do treinamento das brasileiras pelo programa “Airbus Business Academy”, já realizado em empresas da China, Índia, México e Estados Unidos.
A ida das empresas para a França, com passagem pela feira aeroespacial de Le Bourget, em Paris, se encaixa também no esforço de internacionalização empreendido pelo Cecompi (entidade que gerencia o arranjo produtivo aeroespacial no Vale do Paraíba) e a Apex-Brasil.
“A cadeia produtiva local tem buscado aumentar a participação em um mercado que é globalizado e a inserção dela entre os fornecedores do Airbus Group pode representar grandes avanços em competitividade e qualidade, assim como em aumento de produção”, afirma o coordenador do cluster aeroespacial do Cecompi, Carlos Mateus.
O principal projeto do grupo Airbus no Brasil hoje é o desenvolvimento dos helicópteros H225M para as três Forças Armadas, mas sua presença no setor aeroespacial e de defesa no país inclui também o fornecimento de aviões civis e militares, construção de um centro de manutenção de aviões militares no Rio de Janeiro e o fornecimento de sistemas e equipamentos para o programa espacial.
“O objetivo do grupo é manter a cadeia atualizada, preparando as empresas para se tornarem um fornecedor direto dos programas Airbus em dois a três anos”, disse o gerente de compras da Airbus no Brasil, Éder Dias. Algumas empresas, como a Alestis do Brasil, fornecedora de material composto, segundo ele, está aumentando em cerca de 30% a produção para 2015 para atender a cadência da nova versão do jato A320 Neo.
“Independentemente do cenário econômico desfavorável precisamos ter empresas preparadas para fornecer para o grupo em caso de necessidade. O Airbus Group considera o Brasil um mercado estratégico”, disse Dias. Segundo ele, as empresas possuem um bom conhecimento aeronáutico, porque já fornecem para empresas como a Embraer.
Impulsionada pela parceria com a Saab (que detém hoje 15% da companhia), a Akaer prospecta oportunidades de negócios na empresa sueca para garantir sua permanência no restrito e competitivo mercado aeroespacial mundial.
O presidente da Akaer, Cesar Silva, disse que a busca pela internacionalização é uma forma de reduzir a dependência do mercado nacional. Atualmente, segundo ele, a Embraer responde por 50% do faturamento, que em 2014 foi de R$ 60 milhões. A Akaer integra a lista de empresas brasileiras que visitarão a fábrica da Airbus em Tolouse. “As exportações representam hoje 40% da receita da Akaer, sendo 30% da Saab e 15% da belga Sonaca, da francesa Latécoère e da UTC Aerospace Systems, associação entre Hamilton Sundstrand e Goodrich. O restante fornecemos para a Helibras e a Avibras”, explicou Silva.
Na semana passada, o presidente da Akaer esteve na Saab para conhecer de perto as áreas de negócio da companhia no segmento aeroespacial e de defesa. “Como braço técnico da Saab no Brasil, temos planos de expandir nossa atuação e oferecer soluções completas na área de defesa”, disse. A estratégia, segundo o executivo, prevê o envolvimento da empresa nacional e através dela fomentar a base industrial de defesa do país.
FONTE: Valor Econômico
Tem de correr atrás do prejuízo depois que a Boeing colocou os dois pés no Brasil, seja inaugurando um centro de pesquisa em SJC, seja estabelecendo parcerias duradouras com a EMBRAER cuja tendência, no futuro, pode ser o desenvolvimento conjunto de aeronaves.