Por CC André Luiz Morais de Vasconcelos
A Amazônia Legal é estratégica para o país e, consequentemente, para o Ministério da Defesa. Abrange uma área de, aproximadamente, 5,2 milhões de quilômetros quadrados, correspondendo a 60% do território nacional, além de possuir grande potencial energético, diversidade de recursos naturais e baixa densidade demográfica.
A Marinha do Brasil (MB) preocupa-se com a sua proteção desde o século XIX, mais precisamente desde a criação da Flotilha do Amazonas, em 02 de julho de 1868. Em 1979, passou a empregar helicópteros embarcados, após o envio de 03 helicópteros Bell Jet Ranger II (UH-6), operando a partir dos novos Navios Patrulha Fluviais (NpaFlu) dotados de convés de voo. O incremento da capacidade operativa e da mobilidade proporcionada pelos navios operando helicópteros nesta região motivou a substituição dos UH-6 pelos UH-12 Esquilo (monoturbina).
Atualmente, a unidade aérea da MB responsável por prover o apoio aéreo nesta região é o 3º Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral (HU-3), que conta hoje em seu inventário com 06 aeronaves UH-12.
Estas aeronaves, apesar da reconhecida versatilidade e confiabilidade, possuem algumas restrições para o emprego na Amazônia, dentre as quais podemos destacar: reduzida capacidade de transporte de pessoal e carga limitada (transporta somente 03 fuzileiros navais equipados), pequena autonomia baseada na relação peso x combustível e, apesar de poder realizar voos noturnos, a não realização de voo por instrumento, mas sim em condições visuais, o que as deixam limitadas ao sobrevoo das proximidades da cidade de Manaus.
Aeronaves de Emprego Geral de médio porte da MB
A MB, de acordo com o decreto Nº 6.703, de 18 de dezembro de 2008, elaborou o Plano de Articulação e Equipamento da Marinha do Brasil (PAEMB), que visa atender às diretrizes estabelecidas pela END. A END prioriza a defesa da Região Amazônica, e a MB, alinhada a este pensamento, prevê o aumento da presença das forças navais naquela região.
Devido às demandas exigidas ao emprego dos meios aéreos na Amazônia, faz-se mister a presença de aeronaves de Emprego Geral de médio porte, com capacidade para realizar voo por instrumento, com elevada capacidade de transporte, de material e tropa, e dotadas de Óculos de Visão Noturna (OVN), a fim de capacitar e maximizar o emprego.
Atualmente, a MB opera, através do 2º Esquadrão de Helicópteros de Emprego Geral (HU-2), sediado em São Pedro da Aldeia, os helicópteros AS532F1 Super Puma (UH-14). Tais aeronaves possuem computador de bordo Nadir Mk.2, radar Doppler, acoplador de voo Flight Direct Coupler (FDC 155 SFIM) e radar meteorológico Bendix 1400C, capacitando-as a realizar voos sob condições meteorológicas adversas (voo por instrumento), bem como realizar esclarecimento radar e visual. Além disso, têm capacidade máxima de carga na decolagem de 4,5ton e transportam até 20 militares com o EBIC (Equipamento Básico Individual de Combate).
Desde 2010, a MB iniciou o recebimento de dezesseis EC725 Super Cougar, aeronave de emprego geral de médio porte (UH-15 e UH-15A). Este helicóptero é uma evolução dos AS523SC e AS523AL Cougar, sendo que as principais diferenças entre o UH-15 (versão básica) e o UH-15A estão nos sensores e armamentos, uma vez que o FLIR, o radar APS-143C (com integração SAR e ISAR), o sistema chaff & flare e o míssil ar-superfície (MAS) Exocet AM-39 Block 1 mod 1, não estão acoplados na versão básica.
No que concerne às características gerais, ambas incluem um rotor com cinco pás, duas turbinas, autonomia de mais de 3 horas e capacidade de transporte de até 18 fuzileiros totalmente equipados ou 28 passageiros.
Em princípio, as novas aeronaves serão distribuídas em três unidades aéreas, a serem criadas em São Pedro D’Aldeia, Rio Grande e Belém, sendo que, neste último, as aeronaves serão vocacionadas para o emprego em operações SAR e de apoio à patrulha naval.
Planeja-se, ainda, a transferência dos UH-14, que hoje mobíliam o Esquadrão HU-2, para compor uma nova unidade aérea em Manaus. Tal distribuição passará por constantes estudos e avaliações de modo que, ao longo do processo de recebimento, poderá haver uma nova
distribuição destes meios.
Numa análise comparativa entre as aeronaves UH-15 e UH-14, vale ressaltar que ambas estão habilitadas a realizar missões de esclarecimento radar e visual e a operar sob condições eteorológicas adversas (voo por instrumentos). Entretanto, o UH-15 possui, adicionalmente, a capacidade de operar com OVN, torreta de FLIR e metralhadoras laterais FN MAG 58, calibre 7.62mm, além de sensores modernos e equipamentos aviônicos no estado da arte.
O emprego na Região Amazônica
A Região Amazônica caracteriza-se por diversas especificidades geográficas e climáticas, que levam a algumas precauções por ocasião da realização de voos. Este cenário é distinguido por apresentar mudanças rápidas e bruscas das condições meteorológicas, amplas distâncias a serem voadas, elevada temperatura e grande concentração de pássaros.
Vale ressaltar, ainda, a ausência de locais para pouso de precaução nas ocasiões dos deslocamentos, principalmente quando se voa fora das calhas dos rios. Não menos importante, e decorrente da baixa densidade demográfica, é a dificuldade de comunicação, uma vez que são raros os locais que possuem cobertura de telefonia celular, o que poderá gerar, indevidamente, o acionamento da estrutura SAR, ainda que se consiga realizar um pouso de precaução.
Deste modo, o emprego de aeronave bimotora e homologada para a realização de voo por instrumentos, como os UH-14 e UH-15, resolverá os déficits da segurança de voo apresentados atualmente pelos UH-12, pois a ameaça meteorológica será mitigada, evitando-se a entrada inadvertida em formações, o perigo aviário e a indevida ativação da estrutura SAR.
No que tange à capacidade operativa, é primordial que as aeronaves empregadas neste teatro de operações tenham boa capacidade de transporte de tropas, autonomia compatível com a dimensão territorial, bem como a utilização de armamento e uso dos OVN.
Neste sentido, a criação de um Esquadrão composto de aeronaves
que contemplam tais características (UH-15 e UH-14) possibilitará o cumprimento de várias tarefas que hoje são executadas com restrições pelo Esquilo.
Dentre essas tarefas, destacam-se: missões de esclarecimento, transporte aeromóvel, apoio humanitário, SAR e C-SAR, apoio às Operações Ribeirinhas (OpRib) e Operações Especiais (OpEsp).
Dentre as características da aeronave EC725, os OVN são um grande avanço na capacidade operativa, pois seu objetivo é propiciar elevada segurança ao voo visual noturno, principalmente fora da vertical da Cidade de Manaus, à baixa altura. Deste modo, seu uso nas OpRib. poderá ser aplicado tanto na fase de planejamento (informações do terreno, reconhecimento e balizamento dos Locais de Base de Combate Ribeirinha, Zona de Responsabilidade Tática (ZRT), e Postos de Observação PO) como na fase de assalto (missões de esclarecimento/reconhecimento, neutralização/destruição de baterias inimigas em pontos críticos da margem e infiltração/ exfiltração de tropas).
Como exemplo, a utilização dos OVN nas missões de infiltração/exfiltração de tropas ou em esclarecimento/reconhecimento diminui consideravelmente a possibilidade de detecção, seja visual, por estar operando à noite, seja por radar, por estar à baixa altura. Com isso, incrementam-se as possibilidades de sucesso e a segurança na missão, além de contar com o fator surpresa, uma vez que o inimigo não sabe quando pode ser atacado. Pode-se ainda manter a batalha durante as vinte e quatro horas, não proporcionando ao inimigo descanso e tempo para reorganização.
Outra vantagem significativa, dentro da área operativa, é a possibilidade de emprego das aeronaves no serviço SAR desta região de maneira mais eficiente, pois possuem sistema de controle de voo com capacidade para fornecer padrões de busca e transição automática para o voo pairado (busca SAR no período noturno), com melhor autonomia em relação à aeronave UH-12.
O OVN, em conjunto com estas características, garantem a segurança e a confiabilidade nas missões SAR noturnas.
Outro grande foco da MB, nesta região, são as Missões Humanitárias em apoio às populações ribeirinhas. Neste sentido, as aeronaves UH-15 e UH-14 representam um significante incremento, pois elevam sobremaneira a capacidade de transporte de enfermos e de carga, permitindo, em relação ao Esquilo, maior quantidade de macas em uma Evacuação Aeromédica (EVAM).
Conclusão
A Amazônia é uma das áreas mais importantes do mundo. Pelas peculiaridades apresentadas, principalmente a grande dimensão territorial de mata fechada, faz-se necessária a utilização de aeronaves compatíveis com tais características, dentre elas a capacidade de transporte de pessoal/carga e autonomia.
Igualmente, a utilização de meios aéreos com dois motores e homologados para o voo IFR (Regras de Voo por Instrumento) ampliará sensivelmente as possibilidades de emprego, além de aumentar sobremaneira a segurança de voo, minimizando as adversidades climáticas.
O UH-15, com a possibilidade de operação com OVN, flexibilizará e otimizará seu emprego nesse cenário nas operações com tropas, especialmente quanto a sua inserção noturna e nas missões de Operações de Esclarecimento (com múltiplos sensores), Apoio de Fogo Aéreo (com Alvos Terrestres e de Superfície), Apoio Logístico Móvel, OpRib, OpEsp, SAR, EVAM e Transporte de pessoal e material.
Portanto, o emprego conjunto das aeronaves UH-14 e UH-15, com os atuais UH-12, proporcionará um incremento operativo substancial neste ambiente ribeirinho, especialmente em apoio a Força Tarefa Ribeirinha (ForTaRib) em uma OpRib ou em uma Operação Combinada.
FONTE: Revista Passadiço
Dando sequência ao assunto pautado pelo CC Andre Luiz, olhando pelo lado da
REALIDADE OPERACIONAL E ORÇAMENTÁRIA, o vetor ideal para esta missão seria o AW 109, porque:
Tem capacidade vôo IFR noturno, potência over, sustenta o vôo9temporariamente) mono, tem um alcance bom para a missão e principamente porque o trem de pouso é com rodas faciliotando a operação embarcada.
Grande abraço
Tem capacidade
Bom , pelo visto a MB continua vivendo no mundo encantado de Avilã, alguém, por favor avisa o CC Andre Luiz, que hoje, o HU 5 mal consegue sustentar um único Esquilo mono voando, nenhum dos tres esquadrões tem instalações fisícas que permitam a operação do UH 14 e muito menos do EC 725.Não possui pessoal qualificado e não existe nenhuma perspectiva de aumento do orçamento de custeio para manutenção, então sugiro pés no chão e realidade.
Grande abraço
Juarez