Por Luis Nassif
Em toda nação industrializada, os dois maiores investimentos em inovação ocorrem nas áreas de saúde e de defesa. Por razões estratégicas, a área de defesa prioriza o controle tecnológico nacional. E essas duas visões marcaram a escolha do sueco Gripen como o avião de combate a ser desenvolvido no país.
A análise da Aeronáutica foi central para a escolha do avião – superando a maior tradição dos FX dos Estados Unidos e da francesa Dassault. E o ponto central para a escolha foi a ampla transferência de tecnologia prevista no acordo.
Ontem, no 59o Fórum de Debates Brasiliana, o Brigadeiro Paulo Roberto de Barros Chã, Presidente da Comissão Coordenadora do Programa Aeronave de Combate (COPAC) apresentou um amplo quadro dos acordos de transferência de tecnologia com a Saab-Scania, fabricante do Gripen.
Para toda compra pública no exterior acima de US$ 5 milhões, a Constituição exige acordos offset, ou seja a contrapartida a ser oferecida pelo vendedor.
Nas primeiras discussões sobre o FX (a compra de aviões pela FAB) chegava-se a falar em contrapartidas que nada tinham a ver com o objeto do contrato.
Desta vez, a Força Aérea exigiu que todas as contrapartidas fossem na forma de transferência de tecnologia, ou então de investimentos em equipamentos da Aeronáutica.
Ao todo, a Copac gerencia 22 projetos, sempre em parceria com o setor privado e, algumas vezes, em parceria com outros países.
No caso das armas de combate do Gripen, o desenvolvimento envolveu as empresas Opto Eletrônica, Mectron, Avibras.
O projeto H-XBR, para fabricação de helicópteros de médio porte, começou com parceria inicial com a França, até se obter o domínio da fabricação.
O projeto Gripen NG, a Copac definiu um conjunto de áreas relevantes, para as contrapartidas exigidas dos suecos, passando por aviônicas e sensores, integração de motor, integração de armamentos entre outras.
Por uma dessas jabuticabas brasileiras, o TCU (Tribunal de Contas da União) não aceita que a Aeronáutica indique as empresas brasileiras que receberão a transferência de tecnologia. Por isso mesmo, em uma área crítica de segurança nacional, são os fornecedores estrangeiros que indiquem os parceiros nacionais.
O acordo offset do Gripen envolve US$ 9,1 bilhões. Estão nele as empresas Embraer, Akaer, Atech, AEL, Mectron e DCTA.
Essas empresas absorverão conhecimento na área de materiais compostos, simuladores de vôo, planejamento de missão, sistemas de treinamento baseados em computador, design, desenvolvimento e suporte de sistemas relacionados com a aviônica.
A parceria levou à Suécia 160 engenheiros e 80 técnicos da Embraer, 26 da Atech, 12 da Mectron, 7 da Akaer, 43 da INBRA, 8 da AEL.
Em que pese problemas orçamentários, mudanças de governo e de prioridades, a indústria da defesa logrou criar casos de sucesso.
É o caso da Optron, uma empresa de produtos óticos de São Carlos que acabou desenvolvendo sistemas sofisticados para satélites brasileiros. Ou a AEL, empresa com 70 funcionários antes de 2001, hoje com 230, participando de projetos no Novo Centro Tecnológico de Defesa, no Polo Espacial, e nos satélites brasileiros.
FONTE:GGN
Eu morro de rir desta parte de transferência de tecnologia do Gripen…
É TANTA volta e meia com devorteio para fugir do óbvio que não se pode comentar…
O Gripen não transferirá qualquer tecnologia em turbinas e radares para o Brasil, simplesmente os dois componentes mais importantes na fabricação de um caça militar…
Que não são suecos, portanto no máximo teremos a mesma capacidade LIMITADA de projetar caças dos suecos, dependeremos de ALGUÉM nos forneça uma turbina e um radar commodity e em torno dos dois presentes possíveis no futuro construiremos o “nosso” caça….
Topol , como diz você : ” … se no máximo tivermos a mesma capacidade limitada dos suecos em projetar e construir caças ,… ” . Estará bom demais para o Brasil. Eu optaria pelo Gripen NG , mas com motor Aero Volvo RM 12 , e com a licença de fabricá-lo aqui. Só resta saber se o Brasil teria capacidade de fabricar este motor. Este motor foi desenvolvido a partir do motor GE F 404-400 . Aliás, eu não sei , porque até hoje o Brasil , não se interessou em fabricar sob licença uma turbina aeronáutica , ainda que fosse só para a FAB.
Aurélio,
O Gripen NG, se equipado como o RM-12, certamente ficará com um desempenho abaixo do esperado. O caça precisa de potencia extra para compensar o aumento de peso decorrente das alterações estruturais e do que ele ira carregar a mais em combustível e armas.
Eu creio que tão importante quanto o texto apresentado aqui é a leitura do comentário feito por “junior50” (Integração, T 1, SBCA) no site fonte deste post. Lá ele descreve em brevíssimas palavras alguns pontos importantes sobre o FX e seus off-sets para além do achismo comumente apresentado quando se fala sore o assunto.
Para quem não sabe, “junior50” era participante bastante ativo em sites sobre defesa até alguns anos atrás, mas foi mais um dos excelentes comentaristas que abandonaram esta prática, creio eu, por conta da impossibilidade que infelizmente predomina até hoje de se manter debates informativos, de alto nível e civilizados neste tipo de site no Brasil.
Aos editores
Tentei “colar” um trecho de texto no meu último comentários mas não foi possível. Há mecanismo no site que impeça o uso deste recurso?
Afirmativo.
Ok. Cheguei a pensar que fosse um dos addons que utiizo nos navegadores. Obrigado.
Olhando a longo prazo o Gripen foi de longe a escolha mais acertada…mas nosso governo tem que fazer a parte que lhe cabe….
Mas é claro que é a melhor opção. O Grippen é uma tecnologia aberta ou seja, pode ir assimilando os avanços que forem surgindo e possam ser incorporados ao envelope aerodinâmico ou aos sistemas de combate,armas e etc. Além disso, a versão naval por seu tamanho pode com certeza ser operada ou no São Paulo ou em PA de dimensões idênticas que venha a ser fabricado.
Sem duvida alguma o ganho tecnologico vai ser enorme , o que não ocorreria caso fosse o Rafale ou F18 , muitos criticam o fato do gripen ainda estar engatinhando mas olhando por esse lado , ele é a melhor opção no mercado !