Desde que o primeiro Rafale foi entregue à Aviação Naval francesa para uso operacional, em dezembro de 2000, o caça alcançou a maturidade desejada pelos altos escalões da Marinha e da Força Aérea francesas para o seu caça omnirole.
O Rafale é agora o elemento essencial para as Forças Armadas francesas, e não menos do que seis esquadrões da Força Aérea e dois da Marinha já estão voando com o modelo, a partir de quatro bases aéreas, na França e nos Emirados Árabes Unidos. O caça bimotor já operou com sucesso no Afeganistão, Líbia e Mali, onde foi usado tanto em combates de contra- insurgência quanto em guerra de alta intensidade.
Plataforma multiuso
Desde o início do programa, o Ministério da Defesa francês deixou claro que um caça totalmente multifuncional deveria substituir os caças e bombardeiros mais antigos, incluindo o Jaguar, o Mirage F1, o Mirage 2000, o Super Etendard e até mesmo o caça bombardeiro estratégico Mirage IV. A Dassault Aviation e seus parceiros avançaram o conceito ao máximo possível, para projetar uma plataforma de combate que pudesse executar todo o espectro de missões bélicas anteriormente atribuídas a vários tipos diferentes de caças ou suas variantes: defesa/superioridade aérea, dissuasão nuclear, ataques em profundidade com mísseis de cruzeiro, reconhecimento, apoio aéreo aproximado, interdição, combate antinavio, reabastecimento aéreo buddy-buddy (com aviões do mesmo modelo)…
O novo caça deveria ser capaz de executar mais de uma tarefa durante o mesmo vôo como, por exemplo, realizar um ataque ar-superfície e, em seguida, engajar combate com aeronaves inimigas. O projeto era extremamente ambicioso, uma vez que o novo caça precisaria operar a partir de bases terrestres, mas também embarcado em porta-aviões e, como se não bastasse, a assinatura radar e infravermelha do Rafale teria que ser mantida sob controle rigoroso para reduzir a probabilidade de detecção por forças hostis.
O resultado final desses requisitos exigentes foi um caça inovador, compacto e ágil; equipado com um sistema de armas no estado da arte, que incluiu, pela primeira vez na Europa Ocidental, um radar de varredura eletrônica. Os treze primeiros Rafales do padrão F1 eram capazes de desempenhar apenas missões de defesa aérea e superioridade aérea; mas, com o advento do padrão F2, as capacidades de combate do Rafale aumentaram progressivamente, e o atual padrão F3 pode realizar todas as missões ar/ar, ar/superfície (inclusive reconhecimento e dissuasão nuclear) e de reabastecimento em voo para as quais o Rafale foi projetado. A Dassault Aviation e seus parceiros trabalham atualmente no aprimoramento para o padrão F3R, que irá oferecer capacidades ampliadas e maior letalidade em combate (para mais informações, consultar o capítulo Futuro).
O desempenho excepcional do Rafale é aumentado pelo sofisticado sistema de controle fly- by-wire, que permite ao piloto explorar plenamente a manobrabilidade advinda das características instáveis do caça, e proporciona um nível extremamente alto de agilidade e operação segura em todo o envelope de voo, assim como a certeza de que o piloto não irá ultrapassar os limites estruturais ou perder o controle de sua aeronave. De fato, o Rafale é tão fácil de pilotar que o piloto pode aumentar o foco em sua missão e dedicar menor atenção ao voo em si.
Estrutura robusta
A estrutura do Rafale foi cuidadosamente projetada para oferecer a melhor harmonia entre velocidade, alcance, agilidade, capacidade de carga, resistência estrutural, adaptação ao ambiente marítimo, tolerância aos danos em combate, confiabilidade, facilidade de manutenção e baixo custo, ampliando ainda mais as fronteiras da tecnologia aeroespacial francesa. O avião foi concebido, desde o início, para oferecer a melhor resistência estrutural, e a sua vida em fadiga foi exaustivamente testada. O caça é construído para resistir aos esforços associados às operações embarcadas (decolagem por catapulta e frenagem por cabos de parada).
Além disso, a aeronave é totalmente monitorada, em tempo real, por um Sistema de Monitoramento de Condição e Fadiga (HUMS – Health and Usage Monitoring System) integrado ao computador de missão, permitindo assim que o operador acompanhe com precisão, por meio de índices de fadiga, o desgaste real de cada aeronave. A frota de Rafales é cuidadosamente gerenciada o tempo todo, e o uso da vida em fadiga pode ser distribuído adequadamente entre as várias aeronaves, para garantir um longo ciclo de vida operacional, mantendo os custos sob estrito controle.
Desde as fases iniciais do programa Rafale, o amplo uso de tecnologia digital em seu desenvolvimento facilitou enormemente a elaboração de projetos digitais, que foram posteriormente transferidos para a produção nas fábricas. Para os engenheiros de produção, o advento do conceito de automatização com a aclamada ferramenta 3D Catia, da Dassault Systèmes, significava que novos métodos de produção podiam ser adotados. O grande sucesso da ferramenta Catia levou à sua escolha por inúmeras empresas em todo o mundo, desde as famosas líderes da indústria automobilística (BMW, Chrysler, Jaguar, Land Rover, Renault…), até a maioria dos fabricantes de aeronaves, como Boeing, Bell e Agusta Westland.
Produção
O primeiro Rafale produzido, o biposto B301, foi entregue ao Ministério da Defesa francês no início de 1999. No momento em que escrevíamos este artigo, 42 Rafale C (monopostos da Força Aérea), 38 Rafale B (bipostos da Força Aérea) e 38 Rafale M (monopostos da Marinha) já haviam passado pela linha de montagem de Mérignac; ao passo que as encomendas firmes do Ministério da Defesa francês totalizavam 180 unidades, divididas em 63 Rafale B, 69 Rafale C e 48 Rafale M. Todas as unidades de produção da Dassault Aviation estão envolvidas na fabricação. A fuselagem é montada em Argenteuil, perto de Paris, com componentes fornecidos de Biarritz (no sudeste da França), de Seclin (no norte da França, de uma fábrica especializada na fabricação de peças primárias de grandes dimensões) e de várias instalações de parceiros.
Em Martignas, perto de Bordeaux, as asas são montadas com componentes vindos de Biarritz. Os canopis, para-brisas e vários sistemas de pirotecnia são produzidos em Poitiers. A montagem final e os ensaios de aceitação são realizados em Bordeaux-Mérignac. É importante observar que, sob o ponto de vista da produção, só existem duas versões do Rafale, uma vez que o monoposto da Força Aérea está sendo produzido pelo acoplamento da fuselagem dianteira do monoposto da Marinha com a fuselagem traseira do biposto da Força Aérea.
Para reduzir os custos de fabricação e o tempo para a entrega dos pedidos, mudanças radicais foram introduzidas a partir do programa Rafale. Todos os envolvidos – desde o escritório de design até os engenheiros que trabalham nas fábricas da Dassault – utilizam uma referência digital única e comum que facilita consideravelmente a produção. Técnicas de fabricação foram racionalizadas e também foram adotadas novas máquinas automatizadas para aumentar a precisão da produção a níveis sem precedentes: peças retiradas de uma aeronave agora servem diretamente em outra, sem requerer os ajustes ou modificações que eram exigidos para as aeronaves de gerações anteriores.
FONTE: Air International
COLABOROU: Justin Case
É…. seria ótimo mesmo se pudêssemos tê-los… Mas enquanto nossos representantes não acordarem e verem a real necessidade de investimento em defesa, ter os Rafales seria um suicídio econômico!!
Para mim, um lindo avião, meu preferido hoje em dia, um verdadeiro multi-missão… uma pena não termos escolhido ele…
uma pena nao termos capacidade de manter-lo voando…
Tbm sou dessa linha Marcelo. Ele era o meu preferido no FX 2 , logo à frente do Gripen NG , mas como é muito caro e fora da nossa realidade orçamentária (querer não é poder e não adianta comprar e manter eles em terra) , a escolha dos Gripen NG foi perfeita (bom, barato e cabe no nosso bolso) , mas o Rafale do FX2 é o melhor dos 03 finalistas sem dúvida alguma.