Por Roberto Caiafa
Ao decolar pela primeira vez no início de fevereiro, o KC-390 da Embraer não só confirmou a capacidade da empresa em projetar e construir uma aeronave de transporte militar multitarefa da classe de 23 toneladas, como demonstrou mais uma vez o acerto na escolha dos parceiros de risco do programa industrial posto em prática para produzir inicialmente 28 exemplares destinados a Força Aérea Brasileira (FAB), cliente lançador do tipo e responsável pela definição dos requisitos operacionais do jato. Em abril de 2009, foi assinado um contrato de R$ 3 bilhões para o desenvolvimento e construção de dois protótipos em um prazo de sete anos. Segundo a FAB, a entrega das primeiras unidades de série deverá ocorrer ainda em 2016. O KC-390 atraiu, até a data do seu primeiro voo, o interesse de outros cinco países com 32 aparelhos. Os possíveis compradores são o Chile (6), a Colômbia (12), a Argentina (6), Portugal (6) e República Tcheca (2). A previsão é de que o programa renda ao Brasil em torno de US$ 20 bilhões (R$ 33,76 bilhões) em exportações. Tido como um moderno sucessor para o veterano Lockheed C-130 Hércules em suas diversas variantes, o KC-390 reúne avançadas tecnologias e capacidades multitarefa em uma célula compacta, robusta e capaz de proporcionar aos seus operadores um desempenho superlativo, com maior velocidade média e agilidade incomparável de carga e descarga, previsão para operação em pistas rústicas ou semi-preparadas, provisões para a instalação de kits de configuração bombeiro, EVAM/MEDEVAC, tropas e seus equipamentos, paraquedistas, cargas das mais diversas, etc…
O desenho do avião, com asa alta de caixa estrutural que não atravessa a fuselagem, permite ao KC-390 embarcar blindados do porte de um Mowag Piranha 8×8 ou um Guarani VBTP-MR 6×6 sem a necessidade de realizar a desmontagem de nenhum componente complexo. Helicópteros de médio porte podem ser transportados semi-desmontados (rotores removidos), e veículos de infantaria, palets militares padronizados e outras cargas podem ser rapidamente arranjadas. O piso é do tipo equipado com roletes e pontos de ancoragem reforçados, dispondo de encaixes para diversas configurações e equipamentos. O compartimento de carga tem largura de 3,35 m; altura de 2,94 m (mínima) e 3,20 m (máxima); comprimento de 12,68 m (piso) e 18,54 m (teto). Podem ser transportados até 80 soldados equipados ou 64 paraquedistas; sete pallets de carga; pode ser modificado com espaço para até 74 macas (EVAM/MEDEVAC); ou pode embarcar um blindado de até 22 toneladas ou três veículos utilitários de sete toneladas cada. Trata-se da maior aeronave já projetada no Brasil, sendo quase 50% mais pesado que o Embraer E-JET 190/195. Com desempenho e capacidade de carga superior ao C-130 Hércules, o KC-390 é capaz de pousar em locais inóspitos (como Amazônia e Antártida) e zonas de conflito, possibilitando o desembarque imediato de tropas e veículos de combate, além de fazer o reabastecimento de outras aeronaves em pleno voo (podendo reabastecer-se em outra aeronave usando uma sonda IFR fixa).
Industrialização do KC390
De acordo com a Estratégia Nacional de Defesa (END), uma das premissas fundamentais do projeto é priorizar, sempre que possível, a indústria nacional na produção de componentes do KC-390, que vão desde a blindagem até armários, equipamentos de apoio em solo, escadas, cozinha de bordo e a estrutura necessária para a linha de montagem. A expectativa, segundo a FAB, é que a produção do KC-390 gere 12,6 mil empregos no País.
O avião usa, entre diversos itens importados, equipamentos de aviônica ‘no estado da arte’, como sistemas de controle de voo totalmente elétricos (fly-by-wire); moderno sistema de missão abrangente, incluindo o cálculo preciso do ponto de lançamento de carga (CARP); sistema de autoproteção (SPS) que garante a capacidade de reconhecimento do entorno e sobrevivência em ambientes hostis, permitindo à aeronave detectar e reagir a diversas ameaças; contramedidas para despistar mísseis infravermelhos que utiliza um laser de última geração, baseado em fibra ótica, capaz de gerar um feixe de energia para inibir mísseis guiados por infravermelho alguns quilômetros antes de eles ameaçarem o KC-390 (DIRCM); head up display (HUD) duplo para fornecer informações no campo de visão dos dois pilotos durante todas as fases do voo.
A funcionalidade de decolagem sob baixa visibilidade oferecida pelo HUD dá ao KC-390 agilidade para operar seguramente sob condições severas e adversas. Além disso, uma câmera colorida instalada na cabine de pilotagem registra a visão do piloto sobreposta com as informações geradas pelo visor ao nível dos olhos, para fins de análise pós-missão. Os motores turbofan IAE V2500-E5, muito utilizados em aeronaves da aviação comercial internacional, possuem ampla rede de assistência técnica mundial e gozam de excelente confiabilidade e maturidade de projeto, sendo também considerados reatores econômicos e relativamente simples de serem mantidos.
FONTE: Infodefensa
Mercado civil para este tipo de aeronave é restrito.
Comprar um avião civil usado e transformá-lo em cargueiro é muito mais barato, mesmo se comparado a um KC390 sem os equipamentos militares.
O único nicho que vejo é para o caso de transporte de carga para destinos diversos e não-regulares, onde não dá para ter infraestrutura para carregar e descarregar aeronaves cargueiras (loaders, por exemplo), aí sim vale a pena um KC, que não precisa praticamente de nenhum suporte de solo para as operações de carga e descarga.
Outro uso é para agências como a ONU, cruz vermelha, etc…
Prezado Ozires,
O KC390 vem para buscar parte do espaço deixado pelo Hércules nas próximas décadas, e não de competir com aviões civis transformados, que a engenharia não projetou a estrutura para determinadas missões. Muitos dados de manutenção, custo operacional, além de outros do KC390 só agora poderão ser verificados.
Não sou nenhum especialista, então peço aos membros do fórum para esclarecer-me: o KC-390 tem entre compras efetivas e intenções de compras a negociação de 60 Aeronaves (as da FAB somadas as citadas no texto), porem eu gostaria de saber se há alguma noticia a respeito de negociações ou alguma intenção dos seguintes países com relação a Aeronave: Suécia, Emirados Árabes Unidos, Peru e existe alguma intenção de empresas cargueiras civis? e ainda está previsto aquele possível pedido do Correio?
As declarações da Embraer praticamente descartam o mercado civil. Aviões de uso militar são muito caros, as transportadores preferem comprar aviões de passageiros usados e convertê-los para carga, sai muito mais barato.
Ainda segundo a Embraer talvez possa haver interesse de empresas da área de mineração que transportam cargas muito pesadas para regiões com pouco infraestrutura; mas é pouco provável também, o custo de manter um avião desses para transporte eventual é muito alto, sai mais barato alugar um Antonov, levar a carga ao aeroporto mais próximo e levar até a mina em caminhão.
Xará, não necessariamente. o KC-390 militar tem equipamentos militares que não são necessários para o uso civil, reduzindo muito seu preço. Daí, com esta possibilidade de versões, a questão fica apenas no custo/benefício (velocidade, manutenção, custo operacional, etc). Uma empresa de logística ou como a ECT, assim como outras de transporte, pode precisar de um cargueiro específico e versátil como o KC-390. O transporte de minerais não seria viável pelo fato dos aeroportos não dispor de terminais e equipamentos para carga e descarga deste tipo de material. TALVEZ poderia transportar combustível para lugares mais remotos do país, de uma maneira mais rápida e barata do que rodoviária. O leasing será necessário no início para vencer ao paradigmas e ganhar mercado.
Caro Paulo M.
Alguma coisas de uso militar como lançadores de flare, HUD podem ser retirados com alguma facilidade, mas ainda assim existem sistemas redundantes e de reforço nos aviões militares — para sobreviver ao fogo inimigo — que não podem ser retirados tão facilmente.
São raríssimos os usuários civis do C-130 por exemplo (tem uma lista na Wikipedia: http://en.wikipedia.org/wiki/List_of_Lockheed_C-130_Hercules_operators). Não vi nenhuma grande empresa de logística como DHL ou Fedex.
De todo modo estou apenas seguindo as declarações da própria empresa: “”É muito difícil ter um avião novo competitivo, porque as empresas de carga civil costumam usar aviões de passageiros de meia vida adaptados para carga”, disse o diretor do programa KC-390 na Embraer Defesa e Segurança, Paulo Gastão.” E a reportagem ainda acrescenta que: “Ele ressaltou, no entanto, que o uso da aeronave no transporte de carga não militar só seria competitivo em nichos específicos, como o de petróleo e o de mineração.”
O uso em mineração seria para transporte de máquinas e suprimentos.
É claro que quanto mais clientes melhor, não custa nada torcer.
É o custo-benefício. Tem muitas empresas que passaram a analisar a partir de agora, quando o cargueiro poderá provar tudo o que prometeu nos testes de voo. Antes, eram expectativas.
Talvez uns dois anos para o amadurecimento comercial e operacional de um novo projeto.
Retificando: passarão a analisar.
Orgulho da nossa engenharia aeronáutica. Parabéns a todos que participam desse projeto.
Não creio em vendas para Argentina e Chile.
Um dado que jamais foi citado ou questionado nos “foruns”: O combustível para este motor é de especificação militar ou civil ????
Pois se for o JET A-1 o custo da hora de vôo é muito menor.
Usa o mesmo combustível dos EJet´s… ou seja é o mesmo combustível dos jatos civis.
Sucesso ao KC-390 ! Essa aeronave tem tudo para “decolar“ no mercado mundial !