Por Segundo-Tenente Fábio César Santos de Assunção
As primeiras operações aéreas militares na América Latina remontam ao ano de 1867, e foram realizadas pelo Exército Brasileiro através do emprego de um balão cativo que permitia tanto a observação quanto o reconhecimento de atividades das tropas inimigas.
Naquela ocasião as tropas dos exércitos da Tríplice Aliança combatiam em território paraguaio, próximas a Curupaiti e Humaitá. Essas duas famosas posições possuíam fortificações vizinhas a confluência dos rios Paraguai e Paraná e faziam parte do complexo defensivo da capital paraguaia. Em torno de Curupaiti e Humaitá o terreno era plano, coberto por uma vegetação que ocultava as fortificações e não havia pontos elevados que permitissem a observação do inimigo.
O então Marquês de Caxias, antes mesmo de sair do Rio de Janeiro com destino ao Teatro de Operações, solicitou ao Governo Imperial a aquisição de balões e em 24 de junho de 1867, ocorreu o primeiro emprego militar de um balão na América Latina, cuja ascensão atingiu cerca de 330 metros.
Ao todo, entre junho e setembro de 1867, o balão empregado realizou vinte ascensões e permitiu ao Exército Brasileiro retificar cartas anteriormente levantadas, descobrir linhas de trincheiras, reconhecer vias de acesso, além de armamentos em poder dos paraguaios.
O balão utilizado durante a campanha no Paraguai era cativo, ou seja, preso ao solo por meio de cordas. Os soldados que seguravam essas cordas podiam se mover dentro de trincheiras, indo de uma extremidade para outra, levando o balão para onde se fizesse necessária a busca por informações.
De dentro do balão, o aeronauta se comunicava com os soldados por meio de bandeirolas e até mesmo de telegrafo com fio, orientando os movimentos que deveriam realizar e transmitindo informações julgadas importantes.
Os paraguaios tentaram neutralizar a nova arma brasileira, fizeram pontarias contra o balão e procuraram atingir as cordas que o mantinha cativo, mas o balão permaneceu sempre fora do alcance dos tiros paraguaios.
Embora o emprego do balão tenha introduzido as atividades de Observação Aérea e de Reconhecimento Aéreo em nossa doutrina, a invenção do avião em 1906, e seu consequente uso com fins bélicos, principalmente durante a I Guerra Mundial, acelerou o desenvolvimento de mecanismos que propiciassem a busca de informações e, a distinção entre essas duas atividades ganhou contornos mais nítidos, sendo que a observação aérea passou a manter um contato mais próximo com as operações em proveito das tropas de superfície, enquanto o reconhecimento aéreo passou a privilegiar mecanismos menores e mais velozes.
Aquelas atividades aéreas iniciadas pelo Patrono do Exército Brasileiro no longínquo 24 de junho de 1867, ainda fazem parte das tarefas de sustentação ao combate presentes em nossa doutrina. Entretanto, hoje, são empregados modernos meios de combate, como os Sistemas de Aeronaves Remotamente Pilotadas (SARP) e os helicópteros de reconhecimento, que desempenham papel de relevância no apoio ao cumprimento das missões da Força Terrestre.
FONTE: Centro Cultural da Aviação do Exército