Por Guilherme Wiltgen
Nesses 106 anos de existência, a Aviação Naval vem traçando um trajetória marcada pelo pioneirismo e bravura, lembrando que apenas dez anos após o primeiro voo do 14Bis, por Santos Dumont, a Marinha do Brasil já fazia história com a aeronave Curtiss F 1916, iniciando a conquista da operação aérea em proveito dos meios da Esquadra.
Fatos que vão desde a realização do primeiro deslocamento aéreo no Brasil, passando pela participação na 1ª Grande Guerra, integrando o 10° Grupo de Operações de Guerra da RAF e a retomada das operações com asa-fixa embarcada no NAeL Minas Gerais (A 11) e depois no Nae São Paulo (A 12).
A Aviação Naval se faz hoje presente em todo o território nacional, desde a Amazônia Azul até a Verde, através de seus Esquadrões Distritais (HU-91 em Manaus-AM, HU-61 em Ladário-MS, o HU-51 em Rio Grande-RS e HU-41 em Belém-PA) e dos demais Esquadrões (HI-1, HU-1, HU-2, HA-1, HS-1 e VF-1) baseados em São Pedro da Aldeia.
O Complexo Aeronaval de São Pedro da Aldeia ainda compreende o Comando da Força Aeronaval, Base Aérea Naval de São Pedro da Aldeia (BAeNSPA), Centro de Instrução e Adestramento Aeronaval Alte. José Maria do Amaral Oliveira (CIAAN), Centro de Intendência da Marinha de São Pedro da Aldeia (CeIMSPA), a Policlínica Naval de São Pedro da Aldeia (PNSPA) e o Grupo Aéreo Naval de Manutenção (GAerNavMan).
O Grupo Aéreo Naval de Manutenção (GaerNavMan) foi criado em 28 de agosto de 2019 (e ativado no dia 06 de dezembro do mesmo ano) pela Portaria 249, com a missão de “Supervisionar e executar a manutenção de 2º e 3º escalões e apoiar, quando necessário, as manutenções de 1º escalão, nos meios aeronavais da MB, em terra e quando embarcados nos navios da Força, de forma integrada e eficaz, a fim de contribuir para a aplicação poder naval, na área do Comando em Chefe da Esquadra e dos Comandos dos Distritos Navais”.
A Aviação Naval ainda conta, desde 1922, com a Diretoria de Aeronáutica da Marinha (DAerM), que tem como propósito realizar todas as atividades normativas, técnicas e gerenciais, sendo a OM responsável pelas aquisições e modernizações dos vetores aéreos, além de dirigir e executar as atividades de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos, trabalhando desta forma para contribuir com a segurança das operações aéreas.
No mundo verde da Amazônia, presta apoio na área da saúde às populações ribeirinhas e patrulha nossa vias fluviais, no Pantanal, protegendo as nossa fronteiras.
As ações da Aviação Naval se estendem até o Continente Antártico, apoiando o Programa Antártico brasileiro (PROANTAR), dando suporte aéreo a Estação Antártica Comte. Ferraz (EACF) e compondo o Destacamento Aéreo Embarcado (DAE) do NApOc Ary Rongel e NPo Almirante Maximiano, trabalhando em prol do desenvolvimento científico do Brasil.
No dia 28/02/20 foi recebida a primeira das três aeronaves UH-17. O helicóptero biturbina leve do modelo H-135 da Airbus Helicopters, é capaz de operar em períodos diurnos ou noturnos e sob condições de voo visual ou por instrumentos. A incorporação do UH-17 representa a renovação e ampliação de capacidades da Aviação Naval, em especial em proveito das operações aéreas na Antártica, substituindo o UH-13 Esquilo Biturbina.
Aviação Naval recebeu duas aeronaves AH-15B Super Cougar (N-4101 e N-4102) especialmente projetadas para se dedicar à missão de Guerra Antissuperfície (ASuW), capaz de carregar dois mísseis ar-superfície Exocet AM39 B2M2. O H225M Naval é equipado com um complexo Sistema Tático de Missão Naval (TDMS – Tactical Data Management System), que é responsável pelo sistema tático de Missão Naval.
O AH-15B possui o radar APS-143(C)V3, o mesmo já utilizado pelo SH-16 Seahawk, uma câmera IR e detector a laser para rastrear alvos, além de equipamento para gravação de vídeo e voz, modernos sensores integrados de autodefesa Saab IDAS (Integrated Defensive Aids Suite) composto por RWR (Radar Warning Receiver), LWS (Laser Warning Systems) e MAWS (Missile Approach Warning Systems) com cobertura de 360°, que proverão capacidade de detectar radares e mísseis inimigos, aumentando a capacidade de sobrevivência da aeronave, além de possuir lançadores de Chaff e Flare. As aeronaves ainda contam com o Supressor de Radiação Infravermelho (JDD -Jet Dilution Device), dispositivo instalado na saída de gases do motor, com o objetivo de diminuir a assinatura térmica.
No Reino Unido, prossegue o processo de modernização das aeronaves AH-11A Super Lynx na fábrica da Leonardo Helicopters, em Yeovil. A aeronave modernizada, AH-11B WildLynx, foi empregada pela Marinha do Brasil como aeronave orgânica dos navios que participaram da Operação Líbano, integrando a Força Interina das Nações Unidas no Líbano (UNIFIL), e mais recentemente da Operação GUINEX I, no Golfo da Guiné, contribuindo sobremaneira, para elevar o nome do Brasil no Cenário Internacional. Até o momento foram entregues quatro aeronaves Super Lynx Mk21B, permanecendo quatro em processo de modernização no Reino Unido.
Quanto a asa-fixa, no dia 20 de abril de 2022, a Embraer realizou a entrega do último caça modernizado AF-1B à Marinha do Brasil. A cerimônia foi realizada na unidade industrial de Gavião Peixoto. No total, dentro do programa AF-1, foram modernizados sete caças, sendo cinco AF-1B Monoplace e dois AF-1C Biplace.
A Aviação Naval iniciou a 5ª fase da sua história de 106 anos ao ativar, no dia 05 de julho de 2022, o 1º Esquadrão de Aeronaves Remotamente Pilotadas (QE-1). O Esquadrão Harpia possui seis Sistemas de Aeronaves Remotamente Pilotadas Embarcado (SARP-E), designadas RQ-1 ScanEagle, que receberam as matrículas N-8001 a N-8006, dois lançadores (um embarcado e um terrestre), dois sistemas de recolhimento e três estações de controle, uma de terra e duas embarcadas.
Essas ações demonstram a constante busca da Aviação Naval em se manter na vanguarda, com aeronaves modernas e tecnologicamente avançadas.
O atual Comandante da Força Aeronaval é o Contra-Almirante Augusto José da Silva Fonseca Junior.
Guilherme, vc acha que a nossa Marinha possui um estoque bom de helicópteros em operação, ou ainda está pouco?
Gostaria de saber a respeito da modernização do turbo tracker. Nunca mais se tratou do assunto e o mesmo se encontrava em processo avançado de modernização. Houve desistência da MB?
Ainda não foi definido.
Bravo Zulu à Aviação Naval
Esses são marinheiros até acima d’água (perdão o trocadilho kk)
Uma pergunta Wiltgen, a réplica ali acima é de um dos Curtiss da AvN?
Aliás, os primeiros Curtiss F da AvN eram modelo 1914, somente um pouco mais tarde que vieram os modelo 1916
Obrigado pela observação!
Abs,
Bom dia amigo Guilherme vc sabe algo sobre
os falcões N-1013 E n-1004? e se esse ano a Macega vai receber
algum a super lynx modernizado?
obrigado.
abarço.
Fábio,
1013 continua a mesma situação que comentamos anteriormente.
1004? Estava voando na AFA no domingo.
Super Lynx não tem previsão de vir nenhum esse ano.
Abs,
É possível transformar o atual caça F-5 em uma versão naval para a nossa MB? No caso ele atuaria junto com os AF-1 Skyhawk. Provavelmente teria que mudar o trem de pouso do F-5 para que ele possa pousar e decolar de um Porta-Aviões.
Impossível. A célula teria que receber tantos reforços, que o peso de decolagem inviabilizaria tal coisa. Isso olhando apenas nos reforços. Inclua a troca dos trens de pouso e troca de motor pois os atuais não dariam conta. Ou seja, melhor comprar uma aeronave naval.
Realmente compensaria comprar um lote de aeronave naval, faz sentido. O Brasil bem que poderia futuramente fabricar um Gripen N na versão naval, isso sim é possível.
Grifon,
O custo para “navalisar” o F-5 seria tão alto, que comprar um caça naval seria menos custoso, além de mais rápido. Lembrando quanto ainda resta de vida útil do F-5…
Abs,
É, a meu ver o F-5 ainda que modernizado, já deu o que tinha que dar, sendo que o ideal seria o Brasil desenvolver um Gripen na versão Naval para a nossa Marinha, mas isso na próxima década. Salvo engano a MB só vai ficar com os 07 AF-1 Skyhawk modernizados até 2037.
São 6 AF-1M. Foram modernizados 7 porque 1 deles (N-1011) foi perdido ainda na fase de entrega e homologação, sendo substituído por outro exemplar (N-1004), que inicialmente não seria um dos 6 modernizados, mas foi, para substituir o exemplar perdido.
Totalmente inviável e sem lógica. Inviável, pois demandaria tantas mudanças que acabaria gerando uma aeronave completamente diferente do atual F-5. Sem lógica, pois mesmo que fosse viável, seria para operar em qual porta-aviões??
O F-5 eu concordo que n seria mais viável, mas um ‘Gripen na versão naval com certeza serviria para modernizar a nossa aviação naval de caça, e também para manter os nossos pilotos navais bem treinados com equipamentos de ponta, sem contar que os Gripen na versão naval seriam os substitutos dos AF-1 Skyhawk.
Se na próxima década o Brasil desenvolver um Gripen na versão naval, com certeza será excelente para a nossa Marinha, ainda que não tenhamos um porta-aviões, mas pelo menos serviria para manter os nossos pilotos muito bem treinados com equipamentos de ponta, para quando tivermos um porta-aviões, a nossa Marinha já estar preparada para operar na embarcação.
Para manter treinados os aviadores navais, não precisa ser uma aeronave naval. Não temos porta-aviões e não teremos por algumas décadas. Assim, não precisa ser uma aeronave naval, via de regra bem mais caras que suas congêneres não navais. Ah, mas assim não podem treinar em porta-aviões de nações amigas. Se é por isso, faz um acordo com a US Navy e manda os pilotos da MB para treinar com os T-45 embarcados nos porta-aviões deles. Mesmo mandando todos os pilotos para um treinamento assim, sai muito mais barato do que manter um esquadrão de caças navais modernos. Ao mesmo tempo, adquire caças de 4 ou 4,5G não navais para substituir os Skyhawk. Um Gripen naval, que ninguém se interessou, seria caro de desenvolver e mais caro ainda de manter e operar, visto a pequeníssima quantidade envolvida.
Até onde eu sei, pelo decreto que autorizou a MB a operar aeronaves de asas fixas, apenas aeronaves com capacidade de operação embarcados em navios que são permitidos para a MB operar, ou seja se for para a MB operar Gripen terá que ser a versão navalizada.
Teria que mudar o decreto para permitir que a MB opere aeronaves de asa fixa não navalizadas.
É muito mais simples, inteligente e barato, alterar o decreto. Gripen naval é uma aventura muito arriscada.