ORDEM DO DIA ALUSIVA AO DIA DA AVIAÇÃO DE PATRULHA
Senhoras e senhores, retrocedamos nossas mentes a maio de 1942.
A Segunda Guerra Mundial já dominava o cenário europeu e se expandia pelo Norte da África e pelo Pacífico.
O Brasil ainda não estava em guerra contra os países do Eixo. Não obstante, os navios mercantes brasileiros Buarque, Olinda, Cabedello, Arabutan, Cayrú, Parnahyba e Comandante Lyra haviam sido atacados na costa americana, no Caribe e em águas brasileiras.
O Ministério da Aeronáutica, constituído inicialmente com elementos da aviação dos Ministérios da Guerra, da Marinha e da Viação e Obras Públicas, tinha pouco mais de um ano de criação e, tal qual Billy Mitchell, ainda propugnava pelo Poder Aéreo frente aos incrédulos.
A Força Aérea Brasileira, ainda embrionária e inexperiente, não parecia estar preparada para a batalha na Atlântico. As aeronaves, os armamentos e os equipamentos não eram suficientes para empreender uma campanha militar abrangente, tampouco eram adequados para realizar ações bélicas eficazes. O treinamento era débil: as tripulações não voavam por instrumentos, não conheciam técnicas de navegação e ignoravam táticas de busca, de esclarecimento, de cobertura de comboio e de ataque a submarinos.
O combate se aproximava do Brasil e ceifava inúmeras vidas. A despeito das evidentes limitações, a Força Aérea Brasileira foi chamada a defender nossa soberania e a contribuir com o esforço de guerra aliado, realizando regularmente missões de patrulhas sobre o mar, utilizando todos os meios aéreos disponíveis.
Então, a determinação e a coragem dos nossos militares falaram mais alto do que as dificuldades e as restrições. Às 13 horas e 57 minutos do dia 22 de maio de 1942, os Capitães Aviadores Parreiras Horta e Oswaldo Pamplona, em meio à formação operacional nos bombardeiros B-25B Mitchell recém recebidos dos EUA, lançaram um ataque ao submarino Barbarigo, da Regia Marina da Itália. A mesma belonave que, quatro dias antes, havia torpedeado o navio Comandante Lyra, próximo ao Atol das Rocas.
O Barbarigo, surpreendido pela rápida ação de Horta e Pamplona, reagiu intensamente com fogo antiaéreo, submergiu ligeiro e bateu em retirada. A tripulação, então, retornou para a Base Aérea de Fortaleza.
Esse admirável acontecimento, que hoje celebramos, marcou o batismo de fogo da Força Aérea Brasileira e passou a ser oficialmente assinalado como o DIA DA AVIAÇÃO DE PATRULHA.
Os eventos que se seguiram consolidaram a relevância da FAB no contexto da guerra anti-submarino no Atlântico Sul, e ainda revelaram a bravura dos inúmeros Patrulheiros que protegeram as águas territoriais brasileiras no período de 1942 a 1945. Homens fulgurantes como o insigne Brigadeiro do Ar Dionísio Cerqueira de Taunay, Patrono da Aviação de Patrulha, assim reconhecido por ter realizado 74 missões de guerra e por sua valorosa contribuição para a formação e estabilização da Força Aérea Brasileira.
Nesses 75 anos, a Aviação de Patrulha operou vetores de ponta, em suas respectivas épocas, como as aeronaves Mitchell, Catalina, Hudson, Ventura, Netuno, Tracker e Bandeirulha. Ademais, a Patrulha marcou sua trajetória pelo desenvolvimento de táticas e técnicas de emprego do Poder Aéreo em ambiente naval, sobretudo aquelas relacionadas à Guerra Eletrônica, na qual se utiliza a energia eletromagnética para destruir, neutralizar ou reduzir a capacidade de combate do oponente.
Mais recentemente, para vencermos o repto de garantir a soberania de nossas águas jurisdicionais, modernizamos os P-95 e incorporamos os P-3AM Orion, com seus avançados sistemas embarcados.
Todavia, a evolução do Poder Aeroespacial não se limita a aeronaves, armamentos e sistemas. É imperativo repensar o emprego do Poder Aeroespacial nos cenários do porvir e ajustar os processos, as táticas, as técnicas e os procedimentos em vigor na Força Aérea.
Em outras palavras, precisamos conduzir ações efetivas que transformem a Força Aérea Brasileira em uma Instituição com grande capacidade dissuasória, operacionalmente moderna e capaz de atuar de forma integrada para a defesa dos interesses nacionais.
Nesse sentido, a “Concepção Estratégica Força Aérea 100 anos” traz em seu âmago três conceitos fundamentais que nos ajudarão a incrementar nossas capacidades e a alcançar a excelência nos processos operacionais: a concentração de atividades afins, a redução dos níveis organizacionais e a diminuição do custeio das atividades-meio.
É por essa razão que os processos de Preparo e Emprego da Força Aérea foram agrupadas, respectivamente, no Comando de Preparo e no Comando de Operações Aeroespaciais.
O Comando de Preparo – COMPREP está encarregado de planejar o treinamento, fixar os padrões de eficiência, avaliar o desempenho dos esquadrões subordinados, além de coordenar a formulação da Doutrina Aeroespacial a partir dos critérios definidos pelo Estado-Maior da Aeronáutica. Na prática, o COMPREP incorporou parte das atividades outrora realizadas pelo COMGAR e pelas quatro Forças Aéreas.
O Comando de Operações Aeroespaciais – COMAE, por sua vez, é responsável pelo planejamento, comando e controle das operações aeroespaciais recorrentes e eventuais determinadas pelo Comandante da Aeronáutica e pelo Ministro da Defesa, como, por exemplo, a defesa aérea, o transporte aerologístico, a busca e salvamento, o reconhecimento aéreo, a patrulha marítima, além das operações conjuntas e interagências.
Na base da cadeia de comando operativa, encontra-se a Ala: uma organização de nível tático, que tem a responsabilidade de adestrar, de forma segura e eficaz, os seus componentes orgânicos – esquadrões e grupos aéreo, logístico e de segurança e defesa – conforme os padrões estabelecidos pelo COMPREP, além de mantê-los aprestados para serem empregados pelo COMAE, quando e onde for determinado.
Em meio a este metódico e audacioso processo de transformação, os Esquadrões PHOENIX e ORUGAN serão realocados, respectivamente, para a Ala 3, em Canoas, e para a Ala 12, em Santa Cruz, com a finalidade de racionalizar atividades no nível tático e reduzir custos administrativos do Comando da Aeronáutica.
Cabe ressaltar que a essa transformação operacional caminha lado a lado com a concentração das atividades administrativas rotineiras em destacamentos e grupamentos especializados, subordinados aos órgãos setoriais de Logística, Pessoal e de Finanças e Administração, tornando esses processos mais expeditos, confiáveis e econômicos.
Caros integrantes dos Esquadrões Orungan, Phoenix e Netuno, a coragem e pioneirismo que estimularam Horta, Pamplona, Gastaldoni, Taunay e tantos outros Patrulheiros a defender, do ar, os mares do Atlântico Sul devem servir de alento para assumirmos o protagonismo das transformações, ora em andamento, que certamente tornarão a Força Aérea Brasileira uma Instituição arrojada, adequada ao seu tempo e absolutamente capacitada a cumprir a sua missão: “Manter a soberania do espaço aéreo e integrar o território nacional com vistas à defesa da Pátria”.
Por derradeiro, é oportuno rememorar os versos de João Nascimento que descrevem muito bem o espírito do patrulheiro: “Empunhando o tridente mortal, na defesa da Força Naval, em vigília constante, protege o mercante e nosso litoral – Salve a Patrulha, Salve a Patrulha!”
Brasília, 22 de maio de 2017.
Ten Brig Ar Antônio Carlos Egito do Amaral
Comandante do Comando de Preparo
Essa “reestruturação” da FAB…..
Qual eh o estado real das aeronaves P3 na FAB…….estao operacionais ou so eventualmente decolam…..ja estao armadas c o Harpoon ou desdentadas ainda……….enfim, muita homenagem mas ao q se saiba pouca operacacao de vigilancia sobre o oceano q no final eh o q nos interessa.