Após seis meses de combate nos céus da Itália, o 1° Grupo de Aviação Caça, que começara a guerra com 45 pilotos, encontrava-se em abril com apenas 22 tripulantes operacionais. Os demais haviam sido mortos, presos pelo inimigo, estavam escondidos com os partisans ou afastados do voo por estafa. A guerra no Mediterrâneo parecia prestes a acabar, mas Hitler e as suas disciplinadas tropas persistiam no combate.
Esses corajosos militares, sob a liderança do Major Nero Moura, foram voluntários para abandonar o conforto da própria terra natal para lutar pela democracia. Eram jovens, que colocaram a devoção à pátria e o amor à liberdade acima dos próprios interesses pessoais.
Sofrendo com a falta de recompletamento, com uniformes inadequados para o inverno europeu e com a perigosa e obstinada antiaérea alemã, estes combatentes não se deixaram abater.
Diariamente, encarando a morte vinda das impressionantes explosões negras dos canhões de 88 milímetros ou do pipocar branco incrivelmente numeroso do “20 milímetros”, esses heróis, na maioria jovens com um pouco mais de 20 anos, jamais pensaram em desistir.
No início de abril, o comando aliado havia decidido lançar a grande ofensiva da primavera, visando quebrar de vez a resistência alemã. Mas a ofensiva exigiria um esforço hercúleo daquele pequeno e extenuado grupo de brasileiros, pois a quantidade de saídas diárias chegaria a um número jamais executado.
Apesar de todas essas dificuldades e limitações, com diversos pilotos precisando decolar duas ou até três vezes em um mesmo dia, no dia 22 de abril de 1945 – um domingo – o 1° Grupo de Aviação de Caça alcançou o esforço máximo, atingindo o incrível número de 44 sortidas, iniciadas nas primeiras luzes do alvorecer e encerradas com a última aeronave pousando após o pôr do sol.
Por isso que a Força Aérea Brasileira elegeu essa data, 22 de abril, para celebrar o Dia da Aviação de Caça!
E dessa gênese, forjada com pólvora e sangue, nasceu a Aviação de Caça Brasileira. Jambocks, Pif-Pafs, Pampas, Pacaus, Pokers, Jokers, Jaguares, Centauros, Adelphis, Escorpiões, Grifos e Flechas, todos devemos honrar esse legado de profissionalismo e dedicação.
Esse passado de audácia e bravura foi reconhecido pelo governo americano, quando da concessão da “Presidential Unit Citation”, comenda criada exclusivamente para as unidades militares daquele país que demonstraram extraordinário heroísmo frente ao inimigo armado, e que foi concedida raríssimas vezes a organizações estrangeiras. Essa distinção, também conhecida como “Blue Ribbon”, é a prova inconteste da qualidade profissional e da fibra moral daqueles pilotos que combateram nos céus da Itália.
Também é justo lembrar que, além dos pilotos, um competente contingente de manutenção esforçava-se continuamente para colocar em condições de voo aqueles admiráveis P-47, que muitas vezes voltavam cravejados de tiros e precisavam de muitas horas de reparo para voltar ao voo. Além desses profissionais, médicos, enfermeiras, intendentes e infantes, homens e mulheres anônimos movidos pelos mesmos ideais, também deram sua cota de sacrifício, cruzando o Atlântico para ajudar, das mais diversas formas, o derradeiro esforço aliado contra o nazifascismo na Europa.
Assim, nesse dia, todos nós que vestimos azul devemos sentir orgulho dessa magnífica História, que serve de inspiração para mantermos a fibra, a coragem e, principalmente, a fé no futuro!
Independente das restrições e dificuldades atuais, devemos persistir, buscando tornar a Força Aérea Brasileira cada vez mais estruturada, mais eficiente e focada na sua missão, que é “Manter a soberania do espaço aéreo e integrar o território nacional com vistas à defesa da Pátria”.
Briosas dessa inspiradora História, as dez unidades de Caça da Força Aérea Brasileira, espalhadas por todo o território nacional, devem permanecer focadas no cumprimento de suas missões, preparando-se para os desafios do porvir, como, por exemplo, o aperfeiçoamento do processo de preparo operacional e a implantação da aeronave Gripen.
A segunda guerra mundial acabou há 74 anos, mas devemos manter viva essa chama inspiradora e sentir profunda gratidão aos heróis, que sacrificaram a própria vida pela democracia e liberdade!
Parabéns aos caçadores de ontem, de hoje e de sempre!
Parabéns a todos que vestem o azul com orgulho no coração!
Controlar, defender e integrar. Força Aérea Brasil!
Tenente-Brigadeiro do Ar Antonio Carlos Egito do Amaral
Comandante de Preparo