Por Luiz Padilha
O DAN visitou nesta segunda-feira (4 de junho), o EBN – Estaleiro e Base Naval em Itaguaí-RJ, e pode conferir os avanços da construção dos futuros submarinos da Marinha do Brasil. Nesta oportunidade o DAN foi recebido pelo Contra Almirante (EN) Celso Mizutani Koga, Gerente do Empreendimento Modular de Obtenção de Submarinos.
O CA Koga fez uma ampla apresentação sobre o PROSUB – Programa de Desenvolvimento de Submarino com Propulsão Nuclear, nos atualizando sobre a evolução da construção dos submarinos Scorpene BR e do desenvolvimento do Submarino Nuclear Brasileiro (SNB), sempre ressaltando os desafios enfrentados sejam de ordem tecnológica, sejam de ordem orçamentária.
A Marinha do Brasil, desde 1979 quando criou o PNM – Programa Nuclear da Marinha, busca incessantemente sua independência para poder chegar ao seu objetivo que é a construção do SNB. Através do Centro Tecnológico da Marinha em São Paulo (CTMSP) (sede) e Iperó (Centro Experimental Aramar-CEA), a Marinha alcançou a capacidade de enriquecer Urânio, que foi um grande passo na busca por sua independência. Mas os desafios não param no enriquecimento de Urânio, era preciso ter o conhecimento para avançar e chegar até a construção de um reator nuclear compacto o suficiente para ser instalado dentro de um submarino.
A construção do Laboratório de geração de Energia Nucleoelétrica – LABGENE, tem por finalidade a reprodução da planta de propulsão nuclear do SNB, criando em terra sob condições controladas tudo o que for necessário para o Reator Naval. No próximo dia 8 de junho será acionada a 1ª turbina a vapor, mais um passo importante para o comissionamento do LABGENE em 2020.
A relação Brasil – França
O Brasil e a França assinaram um contrato para a construção dos quatro submarinos Scorpene do estaleiro francês Naval Group (ex-DCNS), e dentro deste contrato veio a transferência de tecnologia para a construção no Brasil dos submarinos convencionais e a tecnologia para a construção do casco do futuro SNB. Importante salientar que a França não passará nada relativo a parte nuclear, a qual a Marinha do Brasil está desenvolvendo como citado acima.
Infelizmente o PROSUB sofreu atrasos, mas a determinação da Marinha do Brasil em concluir seu programa, supera toda e qualquer adversidade, mantendo dentro de um cronograma ajustado, suas previsões de entrega dos submarinos. O primeiro, o S-BR1, que será batizado Riachuelo (S 40), deverá ser lançado ao mar no dia 12 de dezembro deste ano (um dia antes do Dia do Marinheiro).
Na sequência, nos dirigimos ao Main Hall da Unidade de Fabricação de Estruturas Metálicas (UFEM), local onde os técnicos e engenheiros da Itaguaí Construções Navais (ICN), trabalham na montagem das seções dos submarinos. O avanço da montagem dos submarinos S-BR2 e S-BR3 estão bem adiantados, como veremos a seguir, e segundo o CA Koga, as peças do S-BR4 já estão prontas na NUCLEP, aguardando que o S-BR2 siga para o Main Hall do Estaleiro e Base Naval.
O CA Koga um pouco antes de entramos na UFEM, disse que a cada dia a evolução da construção dos submarinos é visível, e não foi diferente desta vez. Junto ao CA Koga estavam os comandantes Borges e Paiva, que iam nos inteirando dos passos de cada um dos dois submarinos em construção.
S-BR2 Humaitá (S 41)
Duas peças da proa do S-BR2 estavam do lado de fora da UFEM aguardando o momento de serem unidas ao futuro submarino Humaitá.
Chamou a nossa atenção os tubos de torpedo já soldados na calota de vante e cobertos pelo tanque de lastro, aparecendo apenas seus prolongamentos que serão cobertos pelas partes que estavam do lado de fora do prédio.
Andando pelo interior do prédio é fácil fazer confusão sobre qual pertence determinada parte, pois como todas as seções estão bem adiantadas, o único jeito de não confundir S-BR2 com S-BR3 é olhando as placas que ficam ao lado de cada uma.
Na foto abaixo vemos o cradle do Comando do S-BR2. Os cradles são instalados como se fossem gavetas dentro do casco de pressão do submarino, e este em especial, é onde será instalado o sistema de combate SUBTICS.
S-BR3 Tonelero (S 42)
Com sua calota de vante já perfurada e com os flanges de inserção dos tubos de torpedo soldados, o S-BR3 Tonelero foi uma grata surpresa nesta visita. O terceiro submarino está com sua montagem bem adiantada. A velocidade maior se deve ao expertise dos operários que construíram o S-BR1 e o S-BR2, pois com a experiência adquirida, o ritmo de construção fica mais rápido.
Após a visita a UFEM, nos dirigimos ao Estaleiro e Base Naval, para conhecermos o prédio onde estão sendo instalados os simuladores que serão usados na preparação das tripulações dos submarinos Scorpene BR.
Centro de Simuladores
O prédio do centro de Simuladores está praticamente pronto, faltando alguns detalhes de acabamento, porém, isso não está atrapalhando em nada a montagem dos 6 simuladores, que em breve estarão funcionando 100% e preparando as futuras tripulações dos S-Brs.
Neste centro, além dos simuladores da classe Riachuelo, serão instalados os simuladores dos submarinos IKL (classe Tupi), que atualmente se encontram no CIAMA. Nas imagens acima, pode-se ver o simulador de navegação, onde todos os movimentos que o submarinos faz, são reproduzidos fielmente através de acionadores elétricos e hidráulicos. Em outra sala, repleta de técnicos e engenheiros da Naval Group, foi possível observar uma tela onde os segredos não estavam expostos. Ali, em vários consoles a tripulação poderá treinar situações de comando e ataque, navegação, conferir em tempo real o funcionamento de todos os sistemas do submarino. Todas as válvulas e bombas são acionadas automaticamente através dos consoles da área de máquinas.
Em outra sala, temos outro simulador que se assemelha bastante com o Comando do submarino, porém, apesar de ter a capacidade de operar completa com todos os consoles, nesta fase será usada para treinar a tripulação que irá operar os sonares.
Segundo informações prestadas pelo comandante Do Mar, a primeira tripulação deverá iniciar o curso em outubro próximo. Os outros simuladores ainda estão sendo retirados das caixas e sendo montados em outro andar, e assim encerramos nossa visita ao Centro de Simuladores e seguimos para o Main Hall do EBN.
S-BR1 Riachuelo (S 40)
Na última vez em que o DAN esteve no EBN, no evento da integração da classe Riachuelo, a visão era totalmente diferente (clique aqui para ver como foi). Desta vez o submarino estava cercado de andaimes e com muitos operários e técnicos trabalhando freneticamente. Todas as partes do casco de pressão estão unidas e o hélice está montado.
Agora o S-BR1 entra na fase final de instalação dos equipamentos internos, como camarotes, banheiros, cozinha, finalizar todas as ligações elétricas, concluir a montagem do sistema de combate, verificar a montagem de todas as bombas e sensores de segurança, para no final instalar os mastros do radar, do snorkel e dos periscópios. Pelas imagens, pode-se notar o quão complexo é a construção de um submarino.
O sistema de controle de quem entra e de quem sai do submarino é feita de forma digital e controlada pelo quadro abaixo. O funcionário passa seu cartão de identificação, digita em qual seção irá trabalhar e automaticamente sua foto seu nome e sua função aparecem no monitor de controle. No caso de qualquer problema, os controladores sabem exatamente onde cada funcionário se encontra a bordo do submarino. (Os nomes foram apagados a pedido do ICN)
Antes de encerrar a visita, fomos agraciados com um presente do CA Koga, e convidados a entrar no submarino, algo que sinceramente não era esperado. Após dar o nome acompanhamos o CA Koga pelas escadas até a entrada da escotilha, quando descemos e nos deparamos com umas 30 pessoas a bordo trabalhando, passando para lá e para cá com uma fluidez impressionante. Técnicos conferindo ligações elétricas, operários soldando partes internas e um barulho ensurdecedor gerado em parte pelos ventiladores, usados para amenizar o calor interno.
Quando estiver pronto para ir ao mar, em 12 de dezembro deste ano, o S-BR1 Riachuelo seguirá pelos trilhos abaixo em direção ao Sincro-Lift (elevador com capacidade para até 8 mil toneladas), e ser lentamente colocado no mar, que será a partir de então, o seu habitat natural.
NOTA DO EDITOR: O DAN gostaria de agradecer ao CA Koga e a toda sua equipe pela amável recepção e paciência, para que nossa visita alcançasse o sucesso. Ao CCSM Rio na pessoa da 1º Ten Vanessa Rosana que nos acompanhou em todos os momentos.
Parabéns a nossa MB. Não parem continuem nesse ritmo, pois precisamos de força naval respeitável como no passado. Que venham mais 4 submarinos nucleares e mais 6 convencionais, seria ótimo para nosso pais. Nos podemos, vamos lá.
Aproveito aqui para perguntar e o projeto das fragatas de 6.000 toneladas como esta?
Brasil acima de tudo e Deus acima de todos.
Muito bom,e o que impressiona é a velocidade de construção do submarino Tonelero.Espero q as últimas declarações estejam certas e q a base possa construir mais submarinos no futuro.E talvez até navios de grande porte um dia
Em outra postagem sobre o mesmo assunto eu já tinha parabenizado o DAN. Mas vale a pena repetir : parabéns ao DAN! Gostaria de saber por onde andam os “cábios” que diziam, pelos idos de 2014, 2015 que a Base de Itaguaí tinha se transformado em um areal? Cadê esses faladores de …?
Tinha que ser assim, ano após ano, nesse ritmo, para nunca perdermos conhecimento e talento. Até atingir uma frota de 30 submarinos ativos, que é o que o país precisa para impor respeito como elemento de dissuasão. Como não temos pretensão de projetar poder, nossos recursos tinham que ser quase todos empregados em submarinos. Silenciosos e letais.
A impressão que fica é a de que as instalações são de nível mundial, com controles rígidos, modernas e muito bem organizadas. Noutro giro, a rapidez com que o SBR3 está sendo feito foi justificada no texto pelo know how adquirido dos operários durante a construção dos dois primeiros submarinos e por isso é fundamental que o Estado Brasileiro e a Marinha possam dar seguimento ao programa, com novas encomendas.
Na fábrica de estruturas metálicas Itaguaí Construções Navais, bem que poderiam fabricar os cascos das CTs (Corveta Tamandaré)
O dia que os Srs , forem fazer uma visita a ICN perguntem por gentileza se a ICN teria condições de produzir os cascos da CTs se precisa de grandes mudanças para produzir e se mesmo tem como produzir os cascos das CTs sem atrapalhar o cronograma de produção dos SN-BR
Agradecemos pela felicidade que nos trouxe essa reportagem
Gilbert entenda que sim, é plenamente possível. Acontece que a concorrência prevê que estaleiros estrangeiros participem para as CCTs e a MB não pode aceitar que ela construindo seu submarino nuclear, tenha um estaleiro estrangeiro trabalhando colado a UFEM.
Não seria interessante também iniciar a construção de mais dois desses submarinos convencionais, haja visto como esta a velocidade de produção dos mesmos.
Gallito, após o quarto, o espaço será do SNB e é evidente que sua construção por ser maior e ter um reator nuclear a bordo, eles terão foco apenas nele.
Massa crítica nós sempre tivemos nas FFAAs e nas Universidades e Institutos Tecnológicos, o que sempre nosfaltou foi vontade ppolítica e grana para desenvolvermos e fabricarmos nossos próprios meios militares e produtos tecnológicos nacionais.
Apenas vontade política Claudio, porque para o país que mais paga impostos no mundo não ter “‘grana” é uma desculpa esfarrapada demais, sem falar das reservas e por estar entre as maiores economias do mundo. Sempre se fala em altas cargas tributárias e as pessoas ainda não se dão conta que o problema do Brasil está longe de ser dinheiro.
Para você ter uma ideia, é como você usar uma rodovia e passar por todas as praças de pedágio dela (ainda que fosse apenas em uma) mas usando uma pista em péssimo estado de conservação, sem sinalização, precisando duplicar, precisando de uma ponte ou viaduto etc. De que adianta ter pago pedágio para estar nessa situação? Mas dinheiro para verba de gabinete, reajuste da classe política, propina etc não falta. E para que tantos Ministérios? Tem Ministério até para esporte! É só uma reflexão para você rever seus conceitos.
Bom trabalho senhores! É de uma dedicação como essa que precisamos para sermos bem informados sobre temas militares e soberania nacional, porque se dependêssemos da grande mídia zzzzz. Uma cobertura do desenvolvimento nacional é sempre ignorado pela mídia e grande público, mas na hora de mostrar os problemas não falta interesse, se valendo inclusive de sensacionalismo. Parabéns!
Parabéns pela reportagem! Excelente!
Padilha, a MB vai conseguir concluir os 2 diques secos que estavam programados para o estaleiro?
Positivo. As obras estão dentro do previsto. Esses diques não são como outros. Eles serão construídos de forma a suportar terremotos, Tsunamis, Alagamentos ou seja, todo tipo de intempéries. Por está razão ele será uma das últimas coisas a serem feitas. Mas não tem como não ser construído.
Shooooow de reportagem!!!!!!
Agora entendi o protótipo em tamanho real do sub nuclear! Faz mais sentido agora.
Acho que ninguém esperava que o Tonelero estivesse na linha de produção. Isso é fantástico. Colocando sob perspectiva os atrasos são absolutamente irrelevantes agora.
Que venha o Riachuelo em Dezembro. Esse ano vaj ser histórico para a MB. Definição das Tamandarés e lançamento do SBR Riachuelo. Caminhamos para uma Marinha imponente e ameaçadora.
Saudações.
Salvar politicamente toda essa expertise, e dar a possibilidade que estes operários e engenheiros possam logo após e RAPIDAMENTE como dito na matéria construir mais 4 submarinos convencionais e mais um (ou dois) submarinos nucleares, depende basicamente de DUAS COISAS…
Se teremos eleições em outubro de 2018 e se os brasileiros irão eleger um governo brasileiro ou um governo capacho do mercado EXTERNO como o atual que baterá com fervor continência para a bandeira americana.
A escolha está na ponta dos dedos de vossas mãos quando digitarem em breve seu voto na urna eletrônica eleitoral.
DAN, com a entrada do novos submarinos convencionais a marinha vai aposentar os 5 atuais? Ou vamos manter eles na ativa?
Digo, em Dez de 2022 teremos 9 na Ativa?
Tiago ainda é cedo para aposentar nossos IKLs. A MB irá operar com os 2 modelos.
Vai ser interessante a Marinha colocar os dois em simulação de combate para ver e analisar as capacidades de ambos, o que um tem de melhor que o outro e poder, a partir das experiências adquiridas, aperfeiçoar o produto.
Belas fotos e ótima matéria, sempre bom saber dos avanços em Itaguaí.
Parabéns pela belíssima reportagem e por atualizar a todos com relação ao trabalho da MB !!! BZ !!!
Excelente matéria. Orgulho do trabalho da nossa valorosa Marinha. RESILIÊNCIA, é uma característica dos brasileiros.
Lendo esta matéria, senti um profundo orgulho do trabalho da nossa valorosa Marinha. Tenho convicção da capacidade do nosso trabalho e as nossas forças armadas demonstram que o brasileiro pode alcançar a excelência, apesar de tantas dificuldades e obstáculos. Uma das nossas maiores qualidades é, sem dúvida, a resiliência.
Oportuna e brilhante ideia das partes esta visita…
Continuem assim!!!
Grato
Parabéns mais uma vez pelo excelente trabalho, estão se superando vez após outra.
Obs.
No primeiro parágrafo e em negrito está escrito “conta” almirante no lugar de contra.
O Brasil necessita de uma frota de 15 Submarinos operacionais e mais duas bases uma em Salvador e outra em Natal,ou Belém.
Obrigado pela observação. Retificado!
Abs,
A marinha já possui algum plano pra futuros submarinos alem dos 5 programados?
Felipe a MB após o quarto submarino convencional partirá para o SNB. Mais pra frente teremos um novo modelo de submarino a diesel desenhado pela MB. Projeto Nacional.
Obrigado pela resposta.
Bela reportagem! Parabéns ao DAN. Sem dúvidas o ProSub é um programa sem igual na América Latina.
Parabéns ao DAN, mais uma vez, pela excelente reportagem!!! Vocês se esmeram e sempre fazem reportagens relevantes, como essa!
Cara, que massa; parabéns pela reportagem e fotos! É um consolo saber que o golpe poupou esses vasos e a estrutura de Itaguaí –certamente, seria custoso demais abandoná-los. Mas tenho sérias dúvidas no tocante ao submarino nuclear. Pobre Brasil, que ignora que o político que não defende a soberania nacional como valor fundamental é um traidor da pátria.