Por Luiz Padilha
A Marinha do Brasil promoveu o 1º Curso de Cobertura Jornalística em Área de Combate no Complexo Naval da Ilha do Governador. O curso foi ministrado pelo Centro de Operação de Paz de Caráter Naval (COpPazNav), na área do CIASC (Centro de Instrução Almirante Sylvio de Camargo), entre os dias 11 e 15 de Março.
O coordenador do curso do COpPazNav, CF (FN) Tarick Turidu da Silva Nunes Taets, preparou o curso baseado em toda a experiência adquirida em Missões de Paz em que a Marinha participou, trazendo atividades teóricas e práticas as quais a maioria dos jornalistas, cinegrafistas e fotojornalistas ainda não tinham experimentado.
Dos 40 profissionais inscritos, 34 compareceram e concluiram o curso, que devido ao sucesso já há previsão para uma segunda edição. Um ponto que chamou a atenção foi a adesão de profissionais de diferentes cidades do país como, Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Cuiabá, Natal, Fortaleza, Maceió, Florianópolis, Manaus, Brasília e Porto Alegre.
A mídia especializada se fez presente com jornalistas que atuam em diferentes canais, como a Web, X (ex-Twitter), Instagram, Facebook, Youtube e TikTok, mostrando a grande propagação que o curso obteve nas mídias sociais e da própria Marinha do Brasil, através da Agência Marinha de Notícias.
O Comandante Geral do Corpo de Fuzileiros Navais, AE (FN) Carlos Chagas Vianna Braga proferiu a aula inaugural do curso, destacando a importância do relacionamento entre mídia e as Organizações Militares, com destaque para a confiabilidade das informações fornecidas e publicadas.
Ainda no 1º dia o Diretor do Centro de Comunicação Social da Marinha (CCSM), CA Alexandre Taumaturgo Pavoni, fez uma rápida explanação sobre as atividades do CCSM em âmbito nacional e as perspectivas de melhora no atendimento às mídias.
O Comandante do CIASC, CA (FN) Paulo Roberto Saraiva deu as boas vindas aos profissionais presentes, e cabe aqui mencionar a fidalguia com que nos recebeu e o total apoio dado do início ao fim do curso.
Diferentes profissionais ministraram aulas muito interessantes como a proferida pelo CT (T) Fabrício Costa intitulada “Descomplicando a Marinha”, onde procurou passar aos profissionais presentes um pouco da linguagem naval utilizada tanto em terra quanto a bordo dos navios.
O curso de Primeiros Socorros ministrado pelo 1º Sargento Amorim ocorreu em duas etapas: teórica e prática. Todos os profissionais participaram e aprenderam como utilizar os equipamentos caso venham a ter a necessidade de auxiliar um companheiro e a si mesmo em áreas de conflito.
Enquanto estavamos recebendo a aula sobre Técnicas de Negociação, proferida pelo CMG (RM1- FN) Antunes, por sinal um dos pontos altos do curso, estava ocorrendo um episódio com reféns na Rodoviária Novo Rio, onde o negociador do BOPE logrou êxito com o meliante se entregando, apesar dos 2 passageiros que foram feridos pelos disparos antes da chegada do BOPE.
Os profissionais receberam dois militares do Departamento de Cursos Operacionais (DCOp), que apresentaram alguns tipos de armamentos utilizados pelos Fuzileiros e através de vídeos foi possível ver os danos causados pelos diferentes calibres como: 22, 380, 9mm, 357 Magnum, 12mm, 7,62, 5,56 e .50.
A tarde os alunos do curso assistiram a uma demonstração de tiro real no estande de tiro da Divisão Anfíbia.
Ameaça Nuclear, Biológica, Química e Radiológica (NBQR) é atualmente uma preocupação constante dentro das Forças Armadas do mundo inteiro, e a Marinha apresentou através da Escola de Defesa NBQR, as possíveis causas de contaminação e os cuidados a serem tomados em um cenário de conflito.
O curso ficava mais intenso a cada dia e o CC (FN) Barra Nova abriu o terceiro dia ministrando aula sobre Medidas Básicas de Proteção Individual, apresentando os equipamentos de proteção usados pelos Fuzileiros. Na sequência cada jornalista recebeu um colete a prova de balas e um capacete para poderem seguir com as atividades do curso.
A Progressão em Áreas com Explosivos Improvisados foi esclarecedora, com o instrutor do Batalhão de Engenharia dos Fuzileiros Navais mostrando os diversos tipos de artefatos explosivos que podem ser encontrados na área de combate. Armadilhas feitas pelos instrutores foram preparadas para que no campo os alunos pudessem identificar dispositivos explosivos desde um pequeno fio inocente, um montinho de folhas, um tronco de árvore diferente da existente na região ou mesmo um cadáver com explosivos em seu interior. Algo que em uma área de combate pode fazer a diferença entre a vida e a morte.
A progressão em Áreas Urbanas pode exigir do jornalista durante uma evacuação de emergência para a descida de paredões e vãos livres bem como outras edificações, o uso cordas e equipamentos especiais, (RAPEL). A maioria dos alunos praticaram o RAPEL durante o curso, a grande maioria pela 1ª vez.
Ainda no terceiro dia, o CC (FN) Barra Nova deu uma aula sobre Orientação Terrestre, onde com uma bússola e uma imagem aérea do CIASC, o aluno tinha que seguir as informações até o final utilizando apenas a bússola.
O pessoal do Centro de Simulação do CFN apresentou seu software de Simulador Virtual para os alunos com um óculos especial poderem através de imagens 3D se locomoverem em um terreno.
A noite chega e somos levados para um descampado onde recebemos cada um, uma barraca e um saco de ração operacional. Nos é dado um tempo para armar a barraca e comer quente (se desse tempo) ou fria a ração que ia de picadinho de carne a strogonofe de frango. Mas a ração não é composta apenas com refeições, nela temos um fogareiro, alcool em gel, fósforo, café solúvel, suco em pó, pastilhas para clorar a água dentre outras miudezas importantes para o combatente.
Após desmontarmos as barracas, somos levados para a pista de acuidade visual, local onde não havia nem um traço de luz, e é nessa escuridão que vemos através de exemplos, como acender um fósforo e fumar um cigarro pode ser o fim de um soldado.
A palestra sobre a Comunicação em Operações de Paz foi feita pela CMG (T) Carla Daniel, que nos brindou com sua trajetória na área de comunicação e os desafios enfrentados em diferentes Operações de Paz.
Era a hora de realizarmos uma Missão Simulada onde os jornalistas precisavam ser evacuados onde os Carros Lagarta Anfíbios (CLAnf) nos aguadavam. Correr com o colete e o capacete não é tarefa fácil e na correria, uma parte do grupo acabou “prisioneira”, enquanto os que conseguiram embarcar nos CLAnfs puderam experimentar um “mergulho” e uma navegação embarcados para longe da área de combate.
No cativeiro, os jornalistas divididos em grupos de quatro, seguiram para a Pista Liderança onde cada grupo tinha uma tarefa definida a cumprir, desde retirar um ferido de dentro de uma aeronave abatida, coordenar refén cegos e surdos em um campo minado por exemplo, tarefas essas de alto grau de dificuldade.
Na tarde do quarto dia, surge um programa não previsto com a chegada do Navio Patrulha Macaé (P 70), possibilitando aos jornalistas o embarque para conhecer o primeira desta classe na Marinha do Brasil.
No encerramento curso, ocorreu uma cerimônia onde os jornalistas receberam o certificado de conclusão das mãos do Comandante do Pessoal de Fuzileiros Navais, Vice-Almirante (Fuzileiro Naval) Pedro Luiz Gueiros Taulois, que agradeceu a todos pelo comprometimento com as atividades.
“Parabéns a todos pela determinação, empenho e seriedade com que levaram essa capacitação. Sei que não foi fácil porque foge muito da realidade diária de vocês, e, mesmo assim, cumpriram todas as atividades com louvor. Tenham a certeza de que o aprendizado aqui será muito útil quando estiverem em situações complexas durante uma missão. Além do conhecimento adquirido, conversamos e entendemos um pouco mais sobre a imprensa, e vice-versa, o que é muito valioso para ambos”, declarou o Almirante Taulois.
Os EUA eram comopradores de Uranio be neficiado da Russia e agora estão buscando fornecedores, a Marinha podria ser fornecedor?
Aprendizado nunca é tardio. Se não colocado em prática, e desejo que não, ao menos ter-se-á noções das dificuldades existentes tanto a aqueles que a vivem como profissão, como aos que são delegados aos relatos.
A “máquina” a toda prova hein Padilha! BZ
Exatamente. Atrás do computador é muito fácil criticar os militares. Na hora H quando a Onça vem beber água é bom estar com o mínimo de noção do que se deve fazer.
Por conta da matéria me veio a mente a morte do cinegrafista da Band durante uma operação na favela Antares no Rio anos atrás, será que essa nova geração de jornalistas e afins tem o real entendimento do que é um conflito armado e do risco, ou pensam que estão vendo/jogando GTA.
Uma Marinha que não está preparada para combate querer preparar jornalistas para coberturas em áreas de combate soa como piada. Se nossa Marinha realmente soubesse o que é uma operação de combate real, não consideraria operação de paz como tal.