Por Luiz Padilha
Nesta segunda parte, já em Toulon, embarcamos em um ferry-boat com destino a ilha de Saint Mandrier, para conhecer as instalações do DCI Group (Defense Conseil International).
O DCI Group tem como missão fornecer suporte nos contratos entre a Marinha francesa e Marinhas estrangeiras, oferecendo soluções tecnológicas da indústria francesa. O suporte é realizado através de treinamento acadêmico em escolas na França ou através de cursos personalizados no exterior.
Os cursos de excelência em treinamento acadêmico são realizados em parceria com a Escola Naval de Treinamento para Oficiais, Escola de Guerra para Oficiais Superiores, e outras escolas sob a supervisão do Ministério do Exército.
Os treinamentos fornecidos ocorrem nas áreas Terrestre, Aérea, Naval e de Armamento, onde o DCI auxilia na criação da doutrina para a Marinha francesa e Marinhas estrangeiras sob contrato. Outro ponto importante é o apoio dado aos fabricantes de equipamentos militares nessas especialidades na França e em outros países.
O DCI realiza aproximadamente 2.100 treinamentos por ano (25% fora do país). Para isso, conta com mais de 900 empregados de 24 diferentes nacionalidades, em 23 centros de treinamento na França, utilizando mais de 30 UAVs, mais de 40 helicópteros e um navio de treinamento.
Atualmente, o DCI possui mais de 50 países como clientes.
Modernos equipamentos para terem desempenho superior precisam ter treinamento, doutrina, organização e suporte e é ai que entra o DCI, fornecendo o que é preciso para que seus clientes tirem o máximo de seus equipamentos.
O portfólio oferecido aos clientes é muito abrangente e vai desde manutenção e logística, radares, guerra eletrônica, comunicações, guerra anti-submarina e aviação. Os treinamentos podem ser individuais, em equipe e a bordo dos meios do DCI ou do próprio cliente.
DRONES
O DCI apóia os países e fabricantes parceiros da França no desenvolvimento de suas capacidades em drones ministrando treinamento para os pilotos através de ground school, onde é passada a doutrina de utilização dos UAVs, drones táticos e MALE (medium-altitude long-endurance).
O curso engloba a identificação e analise de imagens, SAR, poluição marítima em um centro equipado com equipamentos da INNOVATM e Techsys.
Os treinamentos podem ser fornecidos no Centro de Treinamento de Drones do DCI Group, no Centro Internacional de Treinamento Acadêmico e Aeronáutico (CIF-AA) na Base Aérea de Salon-de-Provence, ou em dois centros de testes da Atechsys, no sul da França.
O DCI também fornece treinamento no próprio país parceiro, levando os seus simuladores, drones e equipes prestando consultoria e assistência técnica, além de treinamento para o combate a drones inimigos.
Com o seu navio multipropósito Almak, o DCI fechou contratos para fornecer treinamento às escolas navais francesas e belgas, no seu navio.
“Estes dois novos contratos reforçam a estratégia de desenvolvimento do grupo DCI nas áreas de treinamento e capacitação militar em benefício das marinhas francesa e europeia,” disse o Vice-Almirante (2S) René-Jean Crignola, Diretor na NAVFCO.
O DCI oferece, em suas instalações de Saint Mandrier, cursos para oficiais, suboficiais e engenheiros militares, cursos de mestrado especializado e treinamento de alto nível. Os cursos são ministrados em inglês ou francês.
Em uma das salas de treinamento, foi possível ver militares da Marinha das Filipinas recebendo treinamento e, em outra sala, militares da Marinha do Chile.
O Etienne Lacroix Group, é uma empresa líder de pirotecnia nas áreas de defesa e, segurança. Suas atividades, focadas do design do produto à sua fabricação, incluem compras, suporte e serviços. Atuando desde sua fundação em 1848, o grupo fornece diferentes soluções para seus clientes, tais como: proteção, efeitos pirotécnicos, treinamento e simulação.
Na área naval, oferece o Sylena, um sistema de lançamento de despistador (DECOY), com novo módulo de máscara eletro óptica, uma nova geração marítima de munição (RF, IR, CNR, ASM), dispositivos lançados de submarino (sinais de fumaça e flares) e, contra-medidas para aeronaves.
A equipe de engenheiros da Lacroix desenvolveu, para atender aos requisitos das Marinhas mundiais, os sistemas Sylena LW, Sylena MK1 e Sylena MK2, que podem ser instalados desde navios patrulha à fragatas, oferecendo uma solução otimizada para proteção dos navios com efeitos de isca SEACLAD RF e IIR. Sistemas antigos estão desatualizados em relação à guerra moderna devido a sistemas de discriminação de Chaff, enquanto a SYLENA utiliza a tecnologia Canto. Já para o uso anti-torpedo, o Sylena MK2 oferece uma solução inteligente com a capacidade de implantar a isca anti-torpedo SEALAT-CANTO.
O sistema Sylena está integrado por 5 principais estaleiros mundiais:
– Naval Group (FR)
– Fincantieri (IT)
– Navantia (SP)
– Daersan (TR)
– St Marine (SG)
E intregado com interface em 4 sistemas de gerenciamento de combate
– Naval Group: CMS Setis®
– Leonardo: CMS Athena-C®
– Thales: CMS Taticos® & Resm Vigile ®
– Navantia: CMS CADIZ®
– Indra: Resm Rigel ®
Dispositivos lançados por submarinos (sinalização ou isca) fazem parte do portfólio do grupo Lacroix há mais de 20 anos. Esses dispositivos são usados pelos submarinos como um meio de sinalização ou identificação em relação a aeronaves ou navios na superfície.
Eles também são usados para transmitir, de acordo com os códigos da OTAN, por exemplo, informações sobre ataques simulados pelo submarino. Finalmente, eles podem ser usados para transmitir uma mensagem de socorro por meio do foguete Red Star.
Os foguetes de engodo são usados para gerar um eco falso de sonar, a fim de atrapalhar a detecção de um navio, um submarino, o sonar de um helicóptero ou um torpedo.
Esses foguetes equipam os submarinos da Marinha francesa, como os da classe Barracuda e também estão presentes nos submarinos classe Scorpene, incluso os da Marinha do Brasil.
iXblue-ECA UAVs
Ixblue é uma empresa global de alta tecnologia desenvolvedora de soluções de navegação marítima autônoma. As tecnologias críticas da iXblue atendem aos clientes que exigem requisitos para missões desafiadores no fundo do mar. Reconhecida por seu trabalho pioneiro em giroscópios de fibra óptica (FOG) que revolucionaram a navegação naval, a iXblue fornece esta navegação resiliente e segura para mais de 40 marinhas.
Os sensores e soluções de navegação da empresa incluem sistemas de navegação inercial (INS), sistemas de posicionamento acústico subaquático, sonares de prevenção de mina e obstáculos, e sistemas de distribuição e computação de dados de navegação (NDDCs), bem como software de navegação (WECDIS). Aproveitando a experiência de ponta nas áreas de construção naval e robótica, o iXblue projetou um veículo de superfície autônomo (USV).
O DriX é capaz de realizar operações autônomas controladas e supervisionadas, sendo particularmente adequado para o rastreamento de ativos submarinos, bem como para pesquisas batimétricas altamente precisas.
Por mais de 40 anos, o ECA Group e o iXblue, em seus respectivos domínios, trabalharam para melhorar o conhecimento do fundo do mar, graças a sensores dedicados e plataformas, tanto para aplicações civis, quanto militares.
Capacitar empresas e nações com tais recursos é fundamental. Especialmente como uma nova ameaça ligada a este ambiente: a Guerra.
Na guerra no fundo do mar, a área de operação varia muito. No passado, a guerra naval era realizada da superfície para a profundidade máxima de imersão de um submarino nuclear. Ou seja, apenas algumas centenas de metros. Mas, agora, é crucial proteger infraestruturas vitais no fundo do mar, várias centenas, às vezes até a milhares de metros de profundidade. Essas infraestruturas, principalmente cabos e pipelines, são críticas para a conectividade das nações em todo o mundo. Portanto, há a necessidade de monitorar e protegê-las de qualquer ameaça, e, para fazer isso, as nações precisam ser capazes de detectar uma ameaça potencial, caracterizá-la e, depois, neutralizá-la.
Há anos trabalhando em conjunto, o ECA Group e o iXblue desenvolveram cargas úteis, equipamentos e sistemas capazes de operar até 6.000m para clientes em todo o mundo. Ambas as empresas têm registros sólidos que os posicionam idealmente no domínio da guerra no fundo do mar. O sistema autônomo de tamanho médio A18D pode operar até 3.000m de profundidade.
Confiando no USV iXblue DriX e AUV ECA A18d AUV no lugar de métodos mais tradicionais, as marinhas podem realmente melhorar o desdobramento de suas missões com mais rapidez e com eficiência de custos. Em formato colaborativo, monitorado remotamente USVs e AUVs atuam como um multiplicador de força e estendem o alcance da operação. Os principais benefícios incluem aumento da precisão de posicionamento para coordenação AUV aprimorada, operação furtiva, largura de banda de comunicação mais alta, coleta de dados mais rápida e uma melhor compreensão do situação tática enquanto permanece discreto.
O A18D AUV oferece dados subaquáticos de alta qualidade, garantindo segurança para as equipes e reduzindo os custos de logística e manutenção. Dependendo da missão que conduzir, o AUV pode ser equipado com os sonares de SAS interferométricos de última geração e fornece alta detecção de precisão, explorando rapidamente grandes áreas. O A18D AUV também está equipado com módulos de autonomia de tomada de decisão, dependendo do uso.
MBDA – Conceito do Multi Missile Firing Unit
O MBDA é o único grupo europeu capaz de projetar e produzir mísseis e sistemas de mísseis para atender a toda gama de necessidades atuais e futuras das três forças armadas. Em Saint Mandrier, o Sr. Bruno Moretti, engenheiro chefe do programa Multi Missile Firing Unit (MMFU), explicou o desenvolvimento do conceito de “anéis independentes”.
Neste conceito, cada anel sendo uma VLAN, o objeto pode ser inserido fornecendo arquitetura flexível, evolutiva, reconfigurável e robusta, o que a torna capaz de acomodar vários sistemas de mísseis da MBDA instalados a bordo, baseado em 3 elementos elementares : C2Box , SEQBox e SIMBox.
A fragata FDI receberá o conceito MMFU atravéz de uma ferramenta de cibersegurança centralizada com criptografia ponta a ponta, proporcionando maior flexibilidade para a integração de futuros sistemas de armas.