Por Luiz Padilha
A Marinha do Brasil através de uma cerimônia na Her Majesty’s Naval Base – HMNB Devonport – Plymouth – UK, incorporou o Porta-Helicópteros Multipropósito Atlântico (A 140), na manhã do dia 29/06/2018.
O comandante do navio, Capitão de Mar e Guerra, Giovani Corrêa e seu imediato, Capitão de Fragata Leonardo Vianna, trabalharam intensamente durante meses para que tudo estivesse pronto neste dia. Longe da família, os 330 tripulantes atuais do navio não mediram esforços para cumprir pela parte da Marinha, o compromisso de ter o navio pronto para sua Mostra de Armamento, quando o CMG Giovani assumiu oficialmente o comando do navio.
O Fleet Commander da Royal Navy, Vice Almirante Ben Key prestigiou a cerimônia com sua presença e com um discurso onde citou as qualidades do navio que agora irá servir à Marinha do Brasil.
Aqui cabe uma observação: muitos oficiais não concordaram com a venda, assim como as pessoas na cidade de Plymouth, que externavam uma tristeza por perder seu “Might O”, como o ex HMS Ocean era chamado.
Podemos até entender este sentimento, mas agora o navio será operado pela MB que tem muitas expectativas para sua utilização quando chegar ao Brasil. Falaremos mais sobre esse assunto em futuros artigos aqui no DAN.
Além do Chefe do Estado-Maior da Armada, Almirante de Esquadra Ilques Barbosa Júnior, também prestigiaram o evento, o Embaixador do Brasil no Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte, Sr. Eduardo dos Santos e o AE (RM1) Sergio Roberto Fernandes dos Santos, representante na IMO – International Maritime Organization.
Um dos momentos mais aguardados era a chegada da Madrinha do navio, Sra Patricia Monteiro da Costa, que terá seu nome ligado ao navio até o fim da vida útil do mesmo.
Após a leitura da portaria de incorporação do navio assinada pelo Comandante da Marinha do Brasil, AE Leal Ferreira, era a hora da tripulação inglesa deixar o navio.
Assista abaixo ao vídeo da cerimônia
Logo após os ingleses descerem a rampa lateral do navio, o imediato do navio comandou a entrada da tripulação brasileira no seu novo navio. O orgulho no rosto de todos era visível e não é pra menos, afinal, eles se prepararam por meses enfrentando todas as dificuldades inerentes a profissão e conseguiram vencer todos os obstáculos.
Após o hasteamento do pavilhão nacional, com a presença da Madrinha do navio, ocorreu a investidura do CMG Giovani Corrêa no cargo de comandante do PHM Atlântico, proferida pelo Chefe do Estado Maior da Armada (CEMA), AE Ilques Barbosa Júnior.
Abaixo a ORDEM DO DIA Nº 2/2018
Em cumprimento ao disposto na Portaria nº 190, de 27 de junho de 2018, do Comandante da Marinha, e de acordo com o preconizado na Ordenança Geral para o Serviço da Armada, realizase, na presente data, na Base Naval de Sua Majestade, em Devonport, na cidade de Plymouth – UK, a Mostra de Armamento do Porta-Helicópteros Multipropósito (PHM) “Atlântico”.
A Mostra de Armamento, cerimônia repleta de tradições navais, indica o início da singradura do PHM Atlântico, na Marinha do Brasil. Os dados relevantes e de interesse da vida de bordo passam a ser registrados no “Livro do Navio” e, a partir da cerimônia de hasteamento da bandeira do Brasil, o futuro capitânia da Esquadra estará pronto para representar, em plenitude, a Soberania Nacional.
A alma do navio, iniciada por excelsos marinheiros britânicos, passa ser constituída pela interação dos marinheiros brasileiros, com os imensos espaços oceânicos do Cruzeiro do Sul e onde estão os pilares da sobrevivência e prosperidade da nossa Pátria.
O PHM “Atlântico”, HMS “Ocean”, na Marinha Real Britânica, foi construído em meados dos anos 90 pela Kvaerner Govan e pela VSEL em Barrow-in-Furness. Comissionado em setembro de 1998, operou a partir da Base Naval de Devonport, em Plymouth.
No seu histórico de serviço, constam operações navais em apoio a ações humanitárias no Kosovo e na América Central. No ano 2000, participou da Operação Palliser, na Serra Leoa. Logo em seguida, operou no Oriente Médio, no grupo de combate do HMS Illustrious na Guerra do Iraque. Em 2009, foi deslocado para a Ásia, novamente em operações navais e apoio a ações humanitárias. Em 2011, participou da Operação Unified Protector, na Líbia. No ano seguinte, retornou à Inglaterra para reformas e, posteriormente, participou de operações navais, no âmbito da Organização do Tratado do Atlântico Norte. Em 2017, participou da operação Ruman, por meio de operações navais em apoio a ações humanitárias nas ilhas do Caribe, afetadas pelo furacão Irma.
O nome Atlântico remete a saga das Grandes Navegações, que proporcionaram, entre outros notáveis feitos da Escola de Sagres, o descobrimento do Brasil. Adicionalmente, atesta a relevância desse espaço oceânico na conformação da nação brasileira, em todos os períodos de sua história.
No colonial, como cenário de combates navais, onde o vitorioso estandarte português permitiu a manutenção da integridade de um território continental. Tem destaque, nessa época, o Combate de Guaxenduba, em 1614, o combate naval de Abrolhos, em 1631, e a Ação Naval da Baía de Todos os Santos, em 1635; além, de inúmeros combates à corsários.
Durante o Império, sendo o espaço onde as forças navais brasileiras, atuando ao norte e sul, desde o Oiapoque ao Chuí, constituíram fator decisivo na consolidação da independência e dos atuais limites do Brasil; como também, permitiu acesso às bacias hidrográficas, que contribuíram para o estabelecimento das fronteiras a oeste, sudoeste e noroeste. Na guerra da Independência, ocorre o nascimento e o batismo de fogo da Esquadra Brasileira.
Na República, como Teatro de Operações da 1ª Guerra Mundial, com as operações navais conduzidas entre Gibraltar, costa oeste da África e a do Brasil, por meio da Divisão Naval de Operações de Guerra – DNOG. Na 2ª Guerra Mundial, durante a Batalha do Atlântico, coube à MB, mesmo antes da declaração de guerra do Brasil, contribuir com o esforço de guerra aliado, por meio de patrulhas no Atlântico Sul protegendo os comboios de navios mercantes, entre o Mar do Caribe e o litoral Sul do Brasil; assim como, em busca e salvamento, em apoio a pilotos aliados, que operavam na África do Norte.
No presente, o Oceano Atlântico permanece como preponderante para a segurança e desenvolvimento nacional; por meio de suas linhas de comunicações marítimas, ampliando o atendimento dos justos anseios da sociedade brasileira; e aponta um futuro onde será, ainda mais, vital para o Brasil.
Assim, devemos ressaltar sua continuada importância política, estratégica e econômica, por onde trafegam 95% do comércio exterior brasileiro, são extraídos 91% do petróleo e 73% do gás natural produzidos pelo Brasil e estão localizados cabos submarinos, meio de transmissão da maior parte de dados, primordiais para as nossas comunicações.
O Oceano Atlântico, além de rico em biodiversidade, contribui de forma significativa na regulação do clima, processamento de nutrientes por meio de ciclos naturais, e contempla ampla gama de serviços, reservas minerais e de alimentos, que beneficiam grande parcela da nossa população. Também constatamos uma elevada dinâmica de aplicação da tecnologia, a consolidação e o aparecimento de conceitos oceano políticos e amplo elenco de oportunidades para o aproveitamento dos recursos naturais no ambiente marinho.
Dessa maneira, essa Mostra de Armamento alcança relevante marco na nossa história, por envolver o primeiro navio, a ostentar na popa uma denominação que nos remete, tanto a um passado de bravura e de superação, como a um presente e futuro repleto de desafios, onde estão os destinos do Brasil.
Ao Comandante, Oficiais e Praças do PHM “Atlântico”, expresso votos de felicidades e de pleno êxito em sua missão. Os senhores terão a honra de liderar a criação, consolidação e serão o plano mestre para preservação da alma marinheira deste navio. Tenham orgulho desse valioso patrimônio, que lhes é confiado pela nossa Pátria.
PHM “Atlântico”, bem-vindo à Marinha invicta de Tamandaré. A Marinha do Brasil!
Que Deus o acompanhe e proteja os valorosos marinheiros da sua tripulação!
Bons Ventos e Mares Tranquilos!
ILQUES BARBOSA JUNIOR
Almirante de Esquadra
Chefe do Estado-Maior da Armada
NOTA do Editor: O DAN viajou a convite da Babcock do Brasil para a realização desta cobertura.
Para saber mais sobre a empresa, clique no logo acima.
Navio muito bacana; a nível da grandeza do nosso país. Mas fica uma questão. Será que não somos capazes de construir esse tipo de embarcação, assim como o país vem fazendo um grande esforço para construir os submarinos !? Construímos Corvetas, Fragatas, Navios Patrulhas mas insistimos em fazer “compras de oportunidades”.
Digamos , pelo período de 2020 – 2030 , teremos 4 corvetas novas , mais submarinos novos ,um nuclear ,mais o Atlântico ( sua aviação embarcada, incluindo helicópteros Cobras de ataque ), mais o NDM Bahia , mais alguns caças de ponta na aviação naval . Teremos uma Marinha de respeito !
Quem é essa senhora, Patrícia Monteiro da Costa, escolhida como madrinha do navio? Como se dá essa escolha?
Esta senhora é a esposa do ex Ministro da Defesa Raul Jungmann.
Justa homenagem porque este Sr de boa índole soube honrar as FAs, nas 2 x que ocupou o cargo !
Nesta hora seu coração bate mais forte, sua garganta fica seca, vem aquele orgulho, você diz sinto orgulho em ser Brasileiro, temos muitos problemas, porém, somos um povo orgulho. Quando vemos nossa bandeira asteada este orgulho fica maior, bem vindo Atlântico.