Por Luiz Padilha
O Defesa Aérea & Naval esteve na fábrica da Leonardo Helicopters na cidade de Yeolvil – UK, para conhecer o programa de modernização das aeronaves AH-11A (Mk-21A) Super Lynx, atualmente em andamento. As aeronaves após a modernização passarão a ter a denominação AH-11B (Mk-21B).
O DAN foi recebido por Geoff Russel, Relações Públicas da empresa, por Les Cameron, Chefe de Vendas da Área Militar, por Jeremy Fox, Gerente do Programa e pelo Capitão de Mar e Guerra Luciano Claro Garcia, Chefe do Grupo de Fiscalização e Recebimento de Aeronaves Lynx (GFRLYNX). Iniciando a visita, Les Cameron fez uma apresentação sobre a empresa, mostrando os modelos fabricados e os planos futuros. Em seguida Jeremy Fox, fez a apresentação do programa de modernização das aeronaves da Marinha do Brasil.
De AH-11A para AH-11B
O contrato de modernização das aeronaves Lynx, prevê a modernização de 8 aeronaves do esquadrão HA-1, composto pelas aeronaves AH-11A (Mk-21A), que após modernizadas serão identificadas como AH-11B. O contrato com a Leonardo abrange a instalação de novos motores CTS800-4N, com os devidos reforços estruturais, transmissão e sistemas elétricos associados. O novo motor é amplamente utilizado na versão Super Lynx 300 e no AW159 Wildcat.
A adição de um novo Glass Cockpit se fez necessária, trazendo a aeronave para o século 21. Além dos novos displays, a automação da aeronave é um importante marco, como por exemplo, o gerenciamento dos motores através do FADEC, que permite uma partida mais rápida.
A aeronave conta com um cockpit dotado de um processador tático, sistema de navegação baseado em satélite, auxílio de navegação civil, incluindo um sistema de prevenção de colisão de tráfego aéreo (TCAS), sistema de identificação automática (AIS), suíte defensiva incorporada ao RWR/ESM, sistema de contramedidas com dispensers de Chaff e Flare, compatibilidade para operar com Night Vision Goggle (NVG) completo e um novo Hoist elétrico.
O contrato prevê ainda suporte logístico, curso para TACCO, curso de suporte operacional de guerra eletrônica, publicações técnicas revisadas, sobressalentes, treinamento de tripulações e mecânicos.
Atualmente existem 5 helicópteros AH-11 Super Lynx na fábrica da Leonardo em Yeovil. As aeronaves N-4001 e N-4004 praticamente prontas serão entregues este ano e as N-4005, N-4003 e N-4010 em diferentes fases de modernização. As próximas aeronaves a serem modernizadas serão as N-4012 (envio para a fábrica em 2019), N-4009 e N-4006, finalizando o programa em 2021.
Para poder realizar a modernização, foi necessário a reconstrução da célula da aeronave. Com a célula no gabarito, se inicia a desmontagem estrutural da aeronave, verificando a existência de corrosão, rachaduras ou qualquer outro problema, antes de avançar para outra etapa.
Uma vez concluída a desmontagem e verificação das condições da célula, a mesma segue para outro dispositivo, onde então receberá não só os reparos necessários, como também os reforços estruturais para receber o novo motor e o novo Hoist (Guincho).
O trabalho na célula é profundo e a aeronave depois que recebe os reforços e os novos berços dos motores, é levada para outro hangar, onde receberá todos os equipamentos novos e os revisados.
Na Reta Final
Em outro hangar, lado a lado com os novíssimos AW159 Wildcat, o futuro AH-11B começa a tomar forma. Toda a cablagem e fiação elétrica foi trocada, para não correr risco de um fio partido atrasar o programa.
Todos os equipamentos serão instalados na aeronave neste hangar. Muitos equipamentos são oriundos da própria aeronave, devidamente revisados, como o Main Gear Box (MGB), outros são novos como os motores CTS800-4N, o novo Hoist, o Head Absorver, os novos dispensers de Chaff/Flare e novos aviônicos e antenas ILS / DME / ADF / ADU / ADS-B / AIS.
A aeronave também recebeu novos dispositivos DAS / ESM, um novo processador tático, um novo gerador de energia e a integração do FLIR com o radar.
Acima na imagem maior podemos ver o interior da aeronave recebendo os chicotes elétricos para a instalação dos equipamentos eletrônicos como o GPS Garmin, IFF do TCAS / Mode S, o novo Glass Cockpit na bancada ainda sem os 3 displays 10×8 ISIS / RIU.
Aeronaves em voo
As duas primeiras aeronaves modernizadas, já estão realizando voos de aceitação para depois serem enviadas para o Brasil. A primeira, a N-4001, está com seu ciclo de voos de teste finalizado, aguardando a preparação para ser embarcada para o esquadrão HA-1 na Base Aeronaval de São Pedro D’Aldeia – RJ.
A aeronave N-4004 estava dentro do Hangar, mas por conta de nossa visita, nossos anfitriões da Leonardo a rebocaram até um spot para que fosse possível a realização das imagens da mesma.
A N-4004 se encontra realizando testes em voos de verificação de compatibilidade eletromagnética (EMC), antes de ser dada como pronta para junto com a N4001, serem enviadas ao Brasil.
O novo painel confere ao novo AH-11B um salto para o século 21, conferindo a aeronave uma atualização que a coloca no mesmo nível de aeronaves mais atuais. Uma das diferenças observadas é que graças ao FADEC, agora a partida dos motores é feita através de um “switch” elétrico.
Infelizmente não foi possível entrar na aeronave, pois ela estava com sensíveis equipamentos eletrônicos de medição eletromagnética, e por esta razão as imagens do interior da mesma ficaram um pouco restritas. Mas externamente, os pilotos abriram, o cofre do novo motor para que pudéssemos fazer imagens dele já instalado.
Com o AH-11B do lado de fora foi possível ver o novo DAS /ESM, os novos dispensers de Chaff/Flare, o novo Hoist e ter a confirmação de que a aeronave está configurada para utilizar o míssil SeaSkua. Segundo o CMG Luciano Garcia, a DAerM junto com a DSAM estudam para no futuro vir a equipar os AH-11B com um novo míssil, completando com chave de ouro o programa.
O esquadrão HA-1 com os AH-11B, quando estiver embarcado nas corvetas e fragatas da Marinha do Brasil, aumentará ainda mais as capacidades dos navios quando em operações de combate, conferindo aos navios maior segurança e letalidade.
Ao final de nossa visita fomos apresentados aos pilotos de teste da Leonardo Helicopters, responsáveis pelos voos de aceitação dos AH-11B, agradecendo a simpatia com que fomos recebidos por todos e nos despedindo de Yeovil-UK, aguardando ansiosamente a chegada das duas aeronaves ainda este ano para afiar as garras de nossos Linces.
seria ótimo se a Marinha pudesse comprar 08 Wildcat preparados com misseis, casulos foguetes e metralhados para missões de apoio no desembarque anfíbio.
Como sempre o Dan trazendo uma ótima matéria!
??⚓??
Parabéns pela matéria.. mas tenho uma duvida.. aos restantes dos Lynx’s não modernizados, qual sera função deles??.. serao ainda utilizados?? Obrigado
Rafael, os Super Lynx que não serão modernizados continuarão operando até suas horas de voo restantes acabarem e então, serão desmontados e todas as peças possíveis de serem reutilizadas serão armazenadas para utilização nas células modernizadas, conforme necessário.
E qual seria a diferença do Mk21b para o Wildcat?
O Wildcat possui um display a mais, e seus sistemas são mais poderosos.
Show ótima matéria e belas fotos parabéns.
Lindo helicóptero!
Queria saber porque nao modernizar logo todos os super linx ? seria por questao de diminuir gastos ? porque se for é a tipica economia besta que nao leva a nada
Paulo,
Parte do seu questionamento acabei de responder.
Não foi “economia besta”, foram selecionadas as células menos voadas e que ainda dispõe de muitas horas de voo.
Abs,
Padilha esse ano serão entregues tres super lynx modernizado?
2
Fábio,
Segundo o que a MB me informou, estão programadas duas para esse ano, podendo ser três.
Em setembro serão recebidos o N-4001 e o N-4004.
Pode ser que o N-4005 seja entregue em novembro.
Abs,
Boa tarde Padilha voce sabe quando os tres helicopteros super lynx chegam ao Brasil?
Outra maravilha seria se a Marinha pudesse e ouve-se vontade dos governantes em comprar o Wildcat, ele é montado na mesma unidade em que se esta modernizando os Super Lynx ?
Sim. No mesmo local.
Excelente matéria. Muito boas fotos.
Impressionante a longevidade do ‘Super Lynx’. Os mais novos certamente tem “lenha pra queimar” pra além de 2030.
RR, esta é a diferença crucial entre um projeto que nasceu militar com DNA naval forte embutido no seu desenvolvimento que permite longevidade, robustez construtiva na célula e que traz como consequência a possibilidade estender a vida útil do vetor com modernizações, o que demonstra o acerto da Av. Naval em adquirir lá atrás o Super Lynx, ao contrário de outras gambiarras que nos foram impostas por forças ocultas.
Padilha, muito boa a matéria, objetiva, elucidativa e que teve o cuidado de mostrar além dos que a maioria quer ver, que são os sistemas de armas e de combate, mas mostrando como se chega lá. As fotos dos gabaritos e da células sendo estruturalmente reparadas demonstraram bastante profissionalismo de vocês nas fotos. meus sinceros parabéns pela matéria.
Obrigado
Juarez,
A aeronave é tão robusta que o N-4010 (N-3027) e N-4012 (N-3025), vão passar pela segunda modernização.
Ambos são originalmente Lynx Mk21 (SAH-11), passaram para Super Lynx Mk21A (AH-11A) e agora para Super Lynx Mk21B (AH-11B).
Abs,
Parabéns ao DAN , fantástica reportagem ! O NVG nos Super Lynx ,sem dúvidas dara a esquadra uma capacidade maior em suas operações principalmente á noite .
Parabéns ao DAN, matéria fantástica Padilha, você abordou todos os assuntos relevante e foi além nessa matéria. A modernização ficou sensacional, creio que ele ficou muito parecido com o irmão mais novo dele, o Wildcat.Torcendo muito para eles acharem mais compradores para o Wildcat e a linha de montagem continuar aberta. Quanto ao futuro míssil creio que o SeaSkua vai levar uma certa vantagem sobre os outros
No lugar do SeaSkua leia-se Sea Venon
Será que comporta integração com os exocets/MANSUP?
Sendo a resposta negativa, seria o caso de adiquirir um novo míssil para formar uma noba doutrina, tipo o Gungnir da SAAB?
Seria fenomenal a frota de Helis embarcados armados com exocet/mansup e o gungnir com alcance de 300 km.
Marcelo,
O Super Lynx não suporta o Exocet e nem o MANSUP.
A MB está avaliando o possível substituto do Sea Skua, lembrando que o Sea Venon e o Penguin já são integrados ao Super Lynx, mas existem outras opções no mercado, e que devem ser avaliados pela DSAM.
Abs,
Bom dia, Wiltgen! Que ótimo! Sempre achei o Sea Skua “perna curta” demais. Sabe me dizer queis são as outras opções no mercado compatíveis com o nosso Lynx?
Felipe,
Integrados ao Super Lynx, apenas o Sea Venon e o Penguin.
O Sea Venon é o sucessor natural do Sea Skua mas, em questões logísticas, o Penguin já é usado pela MB no SH-16 Seahawk.
Outra opção é o Spike NLOS, que está integrado ao Wildcat e vai ser empregado pela ROK Navy. A desvantagem é o seu custo, que gira em torno de mais de US$ 250 Mil/unid…
Abs,
Obrigado Guilherme, muito esclarecedora seu resposta. Torço pelo Penguin então, já que a MB mantém inclusive a doutrina de emprego desse míssil. Lembro-me daquele recente vídeo (+ ou – 2 anos) de lançamento de um Penguin pela MB.
Como sempre a equipe do DAN sempre paciente com novatos.
Saudações
??⚓??
Em tempo, não custa dizer, BRILHANTE MATÉRIA!!!
???⚓??
Fantástica Matéria ! Meus Parabéns a equipe do DAN. Excelentes fotos. Pode-se ter uma noção da complexidade do que é modernizar uma aeronave em detalhes.
É padrão uma aeronave sendo modernizado na Inglaterra receber um cocar e matricula inglesa ?
Afirmativo
Eduardo,
É sim!
Uma curiosidade é que os nossos Super Lynx estão recebendo as mesmas matrículas que usaram quando foram construídos.
Abs,