O Irã acidentalmente derrubou o avião ucraniano que caiu na quarta-feira (8) perto de Teerã com 176 pessoas a bordo, de acordo com autoridades americanas e canadenses.
Em pronunciamento na tarde desta quinta (9), o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, afirmou que evidências sugerem que Boeing 737-800 da Ukrainian International Airlines teria sido alvejado por um míssil, possivelmente por engano. Trudeau pediu uma investigação rigorosa do acidente.
À imprensa americana, fontes oficiais (que falaram sob condição de anonimato) afirmaram que as agências de inteligência do governo dos Estados Unidos creem que ao menos um míssil iraniano atingiu o avião comercial. Uma delas afirmou ao jornal The New York Times que as autoridades têm um “alto nível de confiança” sobre o que aconteceu, ressaltando a crença de que a ação foi acidental. O governo da Ucrânia disse que estava investigando se a aeronave havia sido atingida por um míssil, mas o Irã descartou essa possibilidade.
O chefe da Organização de Aviação Civil do Irã, Ali Abedzadeh, é “cientificamente impossível que um míssil tenha atingido o avião ucraniano, e esses rumores não têm lógica”. A declaração foi citada pela agência oficial iraniana Irna. Na quarta-feira, o Irã disse que não entregaria as caixas-pretas do avião para investigadores externos. O acidente ocorreu horas após o Irã disparar mísseis contra duas bases militares que abrigam forças dos EUA no Iraque.
Nesta quinta-feira, o presidente dos EUA, Donald Trump, disse “tenho minhas suspeitas” a respeito da queda do avião. “Alguém pode ter cometido um erro”, disse ele.
O que a imprensa americana afirma?
A rede CBS News e a revista Newsweek disseram que autoridades americanas e do Iraque “estavam confiantes ao afirmar” que o avião ucraniano foi derrubado por um míssil disparado pelo Irã.
A CBS publicou um breve relato no Twitter, dizendo que suas informações vieram de fontes nos setores de inteligência americanos. Segundo os relatos, os satélites dos EUA também detectaram dois lançamentos de mísseis pouco antes de o avião ucraniano explodir.
Já a Newsweek citou autoridades americanas e iraquianas, que afirmam acreditar que a aeronave foi atingida por um sistema de mísseis terra-ar Tor M-1, construído na Rússia, conhecido como Gauntlet pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
Segundo a publicação, dois oficiais do Pentágono confirmaram que essa colisão foi acidental. A revista citou fontes que afirmam que os sistemas antiaéreos do Irã provavelmente estavam ativos após seus ataques às bases aéreas dos EUA, na mesma noite.
O que o Irã afirma?
Ali Abedzadeh deu uma versão diferente para explicar a queda da aeronave. “O avião, que inicialmente foi para o oeste para deixar a zona do aeroporto, virou à direita após um problema e estava voltando ao aeroporto no momento do acidente.”
Abedzadeh acrescentou que testemunhas viram a aeronave “pegando fogo” antes do acidente e que os pilotos não fizeram nenhum pedido de socorro antes de tentar retornar ao aeroporto Imam Khomeini.
“Vários voos domésticos e estrangeiros estavam voando no espaço iraniano à mesma altitude de 2.400 metros. A informação de um impacto do míssil na aeronave não pode ser verdadeira de forma alguma”, disse ele.
Abedzadeh afirmou, ainda, que as descobertas iniciais foram enviadas para a Ucrânia e para os Estados Unidos, onde a Boeing tem sua sede.
A Suécia e o Canadá também receberam as conclusões apontadas pelo Irã, pois havia pessoas desses países a bordo, acrescentou.
Quem está investigando o acidente?
Normalmente, o Conselho Nacional de Segurança nos Transportes dos EUA teria uma participação em qualquer investigação internacional envolvendo modelos fabricados no país. Mas o órgão deve agir com permissão e de acordo com a legislação do país estrangeiro em questão.
Em comentários publicados pela agência de notícias Mehr do Irã, Abedzadeh disse que o país não iria repassar as caixas pretas aos fabricantes ou investigadores americanos. “Esse acidente será investigado pela organização de aviação do Irã, mas os ucranianos também podem participar”, disse ele.
Abedzadeh disse que ainda não está claro qual país analisará as informações das caixas pretas, como a gravação da conversa dos pilotos na cabine e dados de voo.
Anteriormente, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou que “uma investigação completa e independente será conduzida de acordo com o direito internacional” e que ele conversaria com os líderes iranianos para intensificar a cooperação na apuração do acidente.
Nesta quinta-feira, a Ucrânia decretou um dia de luto nacional por conta do acidente.
A Boeing disse que está “pronta para ajudar de maneira que for necessária”, enquanto o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, afirmou que seu país espera participar da investigação e ofereceu assistência técnica.
FONTE e FOTOS: BBC