Por Anaïs Fernandes
O porta-voz reitera que a China “busca construir um novo modelo de relações internacionais centradas na cooperação de benefícios compartilhados e jamais interferiu nos assuntos internos e políticas externas de outros países” Autoridades americanas “espalharam com má fé mentiras políticas contra a China e fabricaram a chamada ‘ameaça chinesa’ e atacaram a tecnologia de 5G da China”, afirma em nota a embaixada do país no Brasil, em referência a declarações recentes do secretário de Estado americano, Mike Pompeo, e do conselheiro de Segurança Nacional dos Estados Unidos, Robert O’Brien.
A carta, que não é assinada, mas definida como um pronunciamento do porta-voz da embaixada, diz que “esses políticos americanos, no seu número pequeno, consideram abertamente ‘mentir, trapacear, roubar’ como a ‘glória’ dos Estados Unidos” e se tornaram “criadores de problemas que ferem a ordem internacional e ameaçam as regras internacionais”. Para a embaixada, eles ignoram “fatos básicos” e produzem “comentários baseados na mentalidade de Guerra Fria e jogo de soma zero” para “servir a certos interesses políticos, tirar proveito político dos ataques que difamam a China”, atrapalhando a cooperação internacional e instando a confrontação, diz. “A China se opõe fortemente a isso.”
O porta-voz reitera que a China “busca construir um novo modelo de relações internacionais centradas na cooperação de benefícios compartilhados e jamais interferiu nos assuntos internos e políticas externas de outros países”. Segundo a carta, “a China desenvolve sempre parcerias com os outros países, incluindo o Brasil, com base em respeito mútuo, igualdade, benefício recíproco, abertura e transparência” e “o objetivo dessas parcerias é promover o progresso comum, em vez de visar ou excluir terceiros”.
A carta lembra que os ataques ao 5G da chinesa Huawei não são novidade. “Recentemente, um pequeno número de políticos americanos, desprezando os fatos e forjando uma série de mentiras, vem lançando ataques difamatórios contra o 5G da Huawei. Tem utilizado o poder de Estado para impedir as operações legítimas das empresas chinesas de alta tecnologia, abusando no pretexto de segurança nacional. Além disso, tem obrigado os outros países a adotar políticas discriminatórias e excludentes que miram empresas chinesas como a Huawei.” Essa é, segundo o porta-voz da embaixada, “uma prática hegemônica flagrante que revela a sua hipocrisia em defender a chamada equidade e liberdade, e é um típico padrão duplo que viola tanto os princípios de economia de mercado quanto as regras de abertura, transparência e não discriminação que regem a OMC [Organização Mundial do Comércio].
A nota afirma que “a comunidade internacional não vai se esquecer do histórico sujo dos EUA na segurança cibernética, que tinham conduzido operações de espionagem massiva, organizada e indiscriminatória contra os governos, empresas e indivíduos, entre eles os líderes dos países como o Brasil e das organizações internacionais”. Para a embaixada, “tais ações dos EUA, que prejudicam a privacidade e segurança de outrem, são as verdadeiras ameaças à segurança cibernética do mundo”. “A comunidade internacional deve ficar alerta com a malevolência dos EUA de sacrificar o desenvolvimento dos outros países para buscar a superioridade dos seus próprios interesses, conter o crescimento dos países de mercados emergentes como a China e provocar intencionalmente fissuras entre a China e seus amigos”, acrescenta.
A nota cita ainda que, desde o surto de covid-19, a China e o Brasil têm mantido cooperações no combate à pandemia e o lado chinês tem prestado apoio ao Brasil através de doação de materiais, compartilhamento de experiências no diagnóstico e tratamento, além de parcerias estreitas no desenvolvimento de vacinas. “Enquanto isso, os EUA vêm agindo contra o espírito humanitário básico e até retiveram materiais médicos urgentes, inclusive respiradores, que foram enviados da China ao Brasil, numa tentativa maléfica de atrapalhar a cooperação normal entre a China e o Brasil”, afirma.
Sendo parceiros estratégicos globais e membros do G20 e do BRICS, a China e o Brasil “compartilham amplos interesses comuns nos temas internacionais e regionais”, diz a embaixada, lembrando que o país asiático “tem sido o maior parceiro comercial do Brasil por 11 anos seguidos”. “É a maior fonte de superávit comercial e um dos principais investidores do Brasil. Os fatos mostram que a cooperação China-Brasil possui alta complementaridade e reciprocidade, e portanto, salvaguardar e desenvolver firmemente as relações bilaterais condizem com os interesses fundamentais e de longo prazo dos dois países e povos”, afirma. A embaixada afirma ter certeza “de que as nossas relações não serão desviadas do trilho de desenvolvimento saudável e estável por qualquer interferência externa” e diz que “o lado chinês está disposto a trabalhar junto com os diversos setores do Brasil para aumentar a confiança mútua, superar as diversas ingerências, expandir a nossa parceria tanto nas áreas tradicionais como nas emergentes, incluindo o 5G, além de continuar promovendo o desenvolvimento contínuo e aprofundado das relações sino-brasileiras, beneficiando ainda mais os nossos povos.”
FONTE: Valor Econômico