Vítimas enterradas nas ilhas Malvinas são tema pendente da guerra

Por Sylvia Colombo De Buenos Aires

Uma das pendências entre Argentina e Reino Unido na questão das Malvinas é o destino dos 123 soldados argentinos enterrados —a maioria sem identificação— no cemitério de Darwin.

A Folha visitou o local no 30º aniversário da guerra, em 2012. Trata-se de um terreno afastado de centros urbanos, onde apenas um cuidador das sepulturas aparece ocasionalmente para fazer sua manutenção. Por vezes, o local é alvo de depredação por parte de alguns habitantes antiargentinos.

Na época da guerra, o governo da Argentina, que ainda vivia a ditadura (1976-1983), impediu que esses corpos fossem repatriados, pois deveriam ficar ali como prova do sacrifício argentino.

Os parentes das vítimas, porém, desde então protestam por causa do abandono do local, pelo fato de ser difícil visitá-lo e porque ainda não se identificou a maioria dos corpos.

Em dezembro do ano passado, os governos da Argentina e do Reino Unido assinaram um acordo que permitiu que um comitê de peritos liderado pela Cruz Vermelha iniciasse, em fevereiro, o trabalho de analisar os restos mortais no cemitério de Darwin e realizar a identificação dos mortos.

Barry Elsby, membro do governo local, diz que essa “aproximação humanitária é muito bem vista por todos aqui”. “Esperamos que os soldados sejam identificados e que as famílias possam finalmente decidir sobre o futuro dessas sepulturas.”

VOOS POLÊMICOS

Enquanto isso, segue aberta a polêmica sobre os aviões militares britânicos com destino ao arquipélago que receberam autorização de pouso em solo brasileiro.  A chancelaria da Argentina pediu explicações formais ao Brasil, uma vez que este apoia a reivindicação argentina pela soberania das ilhas.

Na última quinta-feira (9), a chanceler argentina, Susana Malcorra, afirmou à Folha que “a queixa ainda existe e espera uma resposta”.  Nesse mesmo dia, o ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, declarou que os procedimentos com relação a esses voos estão “sendo revistos”. Segundo ele, porém, não há crise sobre esse assunto, e o critério usado para autorizar os voos foi “humanitário”.

FONTE: Folha de São Paulo

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